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ATLETISMO PARALÍMPICO

Brasil faz dobradinha nos 400m em Dubai; Petrúcio dedica ouro a 'povo nordestino'

Petrúcio Ferreira garantiu a medalha de ouro e Thomaz Ruan terminou com a prata nos 400 metros da classe T-47

postado em 09/11/2019 15:23 / atualizado em 09/11/2019 17:58

(Foto: Alê Cabral/CPB)
O Brasil conseguiu uma dobradinha neste sábado no Mundial de Atletismo Paralímpico de Dubai. Petrúcio Ferreira garantiu a medalha de ouro e Thomaz Ruan terminou com a prata nos 400 metros da classe T-47 (amputados membros superiores). O outro brasileiro da prova, Yohansson Nascimento, ficou a 35 centésimos do bronze e terminou na quarta colocação. O Marroquino Ayoub Sadni completou o pódio e estragou a festa tripla.

Apesar da prova não ser sua especialidade, Petrúcio ficou a 18 centésimos do recorde mundial. Ele fez os 400m em 47s87 e a melhor marca da história, que pertence ao australiano Heath Francis, é de 47s69. Na comemoração da vitória, o brasileiro nascido no sertão da Paraíba vestiu um chapéu de couro típico da sua região e dedicou a medalha aos nordestinos.

"Esse chapéu é um símbolo do nordeste, coloquei na minha mala porque gostaria de dedicar a minha vitória ao povo nordestino. Chapéu de couro, muito usado no sertão, lá em São José do Brejo Cruz, na Paraíba, onde nasci e me criei. Quero representar a garra do povo nordestino, a força do povo nordestino. Em alguns momentos sofri preconceito por ser nordestino e resisti. Hoje eu bato com orgulho no peito e digo que sou nordestino de coração e com orgulho."

Petrúcio, de 22 anos, é o recordista mundial paralímpico dos 100m com o tempo de 10s50. Os 400 metros ele começou a correr nesta temporada, ano em que ele enfrentou muitas dificuldades. Em 2 de janeiro, ele foi pular de um rio em sua cidade enfiou o queixo em uma pedra e estraçalhou o maxilar. Para a reconstrução do rosto, passou por duas cirurgias que lhe renderam oito placas e 35 parafusos. Três meses depois ele voltou a treinar e conseguiu o índice para o Parapan de Lima, onde ficou com o ouro nos 400m e nos 100m.

Entre o retorno aos treinos e a medalha nos jogos peruanos, ele levou outro baque com a morte do primo que vivia em sua cidade, no interior da Paraíba, vítima de leucemia. "Era como um irmão para mim. Sofri muito com isso", disse em lágrimas quando falava ao vivo para o Sportv. A superação veio com muito treino e o resultado agora foi a vaga garantida para os Jogos de Tóquio-2020.

Em segundo lugar, Thomaz é um dos mais jovens da delegação brasileira, com 19 anos. Em sua estreia em mundiais garantiu logo a prata. "Esse ano fiquei longe da minha família. Vim para o CT em São Paulo treinar e graças a Deus deu certo", comemorou.

O Brasil fechou o sábado com essas duas medalhas e se manteve em segundo lugar no quadro geral, com oito pódios no total (quatro ouros, duas pratas e dois bronzes). A China disparou na liderança com 16 medalhas (seis de ouro, seis de prata e quatro de bronze).

Tags: atletismo Mundial Paralímpico