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SELEÇÃO FEMININA DE VÔLEI

Bicampeã olímpica, Thaísa anuncia aposentadoria da Seleção Brasileira

Após título da Superliga com Minas, central abriu mão da Olimpíada

postado em 06/04/2021 23:54 / atualizado em 07/04/2021 00:06

(Foto: Wander Roberto/Inovafoto/CBV)
A meio de rede Thaísa, campeã com o Minas e eleita a melhor jogadora da Superliga Feminina 2020/21, divulgou uma carta nesta terça-feira na qual abriu mão de disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio. Ela anunciou a aposentadoria da Seleção Brasileira

"Hoje tomei uma das decisões mais difíceis da minha carreira como atleta profissional. Inevitavelmente, todos querem saber se estarei com a Seleção Brasileira nas próximas competições - inclusive a Olimpíada de Tóquio. Mas, infelizmente, a resposta é não. Hoje, despeço-me da seleção com muita, muita mesmo, dor no peito. São mais de 14 anos dedicados a defender nosso país na Seleção adulta", escreveu a atleta, medalha de ouro nos Jogos de 2008, em Pequim, e 2012, em Londres.

Bicampeã olímpica, ela atribuiu a decisão aos cuidados com o corpo, após sofrer com lesões. "Os últimos anos foram duros para o meu corpo, convivendo com dores diariamente. Não consigo ajudar ao grupo todo da forma como gosto e entendo que seja necessária. Preciso descansar e respeitar, mais do que tudo, o meu corpo, que é minha ferramenta de trabalho. Pensando na longevidade da minha carreira em clubes, é hora de me recuperar. Conversei com meus médicos e familiares e chegamos a esta conclusão."

A jogadora encarou uma grave lesão no joelho esquerdo em 2017, quando ainda atuava na Turquia. Na época, havia expectativa de que ela não teria mais condições de jogar em alto nível. Mas as últimas temporadas mostraram que Thaísa não perdeu suas qualidades dentro de quadra.

A decisão de deixar a seleção ocorreu um dia depois de a jogadora do Minas conquistar o título da Superliga ao vencer o Praia Clube. Nas estatísticas da Confederação Brasileira de Vôlei, ela aparece na liderança nos rankings de ataque e bloqueio, além de ser a terceira jogadora que mais marcou pontos de saque na competição. Para ela, o momento especial é resultado de muita dedicação e trabalho árduo de toda a equipe.

"Fiquei muito triste que a temporada passada não acabou por causa da pandemia. Nessa temporada, o meu foco foi continuar a minha evolução e fiquei feliz de ter ajudado o grupo. Procurei liderar o time nos momentos de dificuldade e compartilhar um pouco da minha experiência. Esses prêmios são do grupo porque eu não jogo sozinha. Essa vitória foi do time", disse Thaísa, que ainda relembrou momentos de dificuldade na carreira.

Aos 33 anos, Thaísa tem duas medalhas de ouro olímpicas com a Seleção Brasileira (Pequim-2008 e Londres-2012) e cinco títulos do Grand Prix (atual Liga das Nações). Ela ainda atuou nos principais clubes do País e tem seis títulos da Superliga por Rio de Janeiro, Osasco e Minas.

(Foto: Orlando Bento/Minas)


Veja a carta divulgada por Thaísa


A noite de 05 de abril de 2021 ficará marcada na minha vida. Depois de um período difícil na minha carreira, marcado por lesões, dúvidas, incertezas, e em meio a uma pandemia que entristece o mundo, eu consegui sorrir novamente com o vôlei. Sorri e chorei. Cada lágrima derramada ontem era uma dificuldade que eu superei. Voltar a ser campeã da Superliga, jogando em alto nível, era algo que ninguém, há três anos, acreditava que eu seria capaz. E eu consegui. Com o apoio da minha família, do meu noivo, das minhas companheiras e comissão técnica do Itambé Minas, amigas , voltei a sentir o gosto de levantar um troféu depois de quase cinco anos.

Mas, sempre temos o amanhã. É a lei da vida. Passado, presente e futuro. E depois de um dia histórico para mim ontem, hoje, o 6 de abril de 2021, também será um dia que lembrarei para sempre. É um dia que interfere, definitivamente, no meu futuro. Hoje tomei uma das decisões mais difíceis da minha carreira como atleta profissional. Inevitavelmente, todos querem saber se estarei com a Seleção Brasileira nas próximas competições – inclusive a Olimpíada de Tóquio. Mas, infelizmente, a resposta é não. Hoje, despeço-me da Seleção com muita, muita mesmo, dor no peito. São mais de 14 anos dedicados a defender nosso país na seleção adulta – (18 considerando a base )- e , sempre com garra e respeito que a bandeira merece. Nunca faltou amor e entrega nesta história linda para os dois lados.

E é exatamente por não conseguir mais dar esta entrega, física e mental, que eu encerro minha história com a Seleção. Os últimos anos foram duros para o meu corpo, convivendo com dores diariamente. Não consigo ajudar ao grupo todo da forma como gosto e entendo que seja necessária. Preciso descansar e respeitar, mais do que tudo, o meu corpo, que é minha ferramenta de trabalho. Pensando na longevidade da minha carreira em clubes, é hora de me recuperar. Conversei com meus médicos e familiares e chegamos a esta conclusão.

Quero agradecer especialmente ao Zé Roberto e toda sua família que foram fundamentais neste retorno , além da comissão técnica e todos os que me acompanharam nesta caminhada. Sem o esforço, apoio e incentivo de cada um, não sei se chegaria tão longe. O meu muito obrigada a todas as minhas companheiras que estiveram ao meu lado, dividindo viagens, concentrações, alegrias e tristezas. Carregarei sempre comigo cada lembrança.

Estarei daqui , vibrando e torcendo pelo Brasil, junto com toda a população e, especialmente, com os amantes do voleibol. Estarei sempre à disposição para ajudar e, mais do que tudo, gritar e comemorar nossas conquistas.

Gratidão!

Thaísa Daher

Tags: superliga central aposentadoria seleção brasileira Minas Thaísa bicampeã olímpica