A bola começou a rolar para a Série B do Campeonato Brasileiro na noite de sexta-feira e terminará somente em 31 de janeiro de 2021. Na Arena Pantanal, em Cuiabá, no Mato Grosso, o Cuiabá empatou por 0 a 0 com o Brasil de Pelotas. No Batistão, em Aracaju, no Sergipe, Confiança e Paraná também empataram, por 2 a 2. Neste sábado, é a vez de os mineiros entrarem em campo. No Mineirão, às 19h, o Cruzeiro pegará o Botafogo-SP. Um pouco mais tarde, às 21h, o América visitará a Ponte Preta, no Canindé, em São Paulo. Veja a seguir algumas curiosidades sobre a segunda divisão nacional colhidas pelo Superesportes.
Cruzeiro estreante
Há pouco mais de um ano, o cruzeirense batia no peito com orgulho ao dizer que o clube do coração era um dos poucos no Brasil a jamais ter disputado a Série B - ao lado de São Paulo, Santos e Flamengo. Mas a irresponsável administração do ex-presidente Wagner Pires de Sá, que elevou a dívida da instituição para mais de R$ 800 milhões, tornando-a impagável em curto prazo, refletiu no futebol, e a equipe, que vinha de dois títulos consecutivos na Copa do Brasil (2017 e 2018), terminou o Campeonato Brasileiro de 2019 em 17º lugar, com 36 pontos (sete vitórias, 15 empates e 16 derrotas).
A receita de R$ 290 milhões no ano passado está reduzida a um valor inicialmente calculado em R$ 80 milhões, que deve encolher ainda mais devido aos efeitos econômicos da pandemia de COVID-19. Para piorar, a Raposa vive com diversas cobranças da Fifa por contratações não pagas de gestões passadas, tendo que recorrer a empréstimos e auxílio de patrocinadores para liquidá-las. Uma das pendências resultou em perda de seis pontos na Série B - 850 mil euros (R$ 5,4 milhões) devidos ao Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos, pelo empréstimo do volante Denílson, em julho de 2016.
Assim, o Cruzeiro terá de alcançar aproveitamento de campeão para compensar o prejuízo esportivo e superar com folga os 64 pontos que garantem a promoção à primeira divisão, segundo projeções do engenheiro Tristão Garcia. Uma das chaves do sucesso é o trabalho do técnico Enderson Moreira, campeão em 2012, no Goiás, e 2017, pelo América.
América maior campeão
Se o Cruzeiro terá sua primeira participação na Série B, o América detém o status de maior campeão com os títulos de 1997 e 2017, junto de Coritiba (2007 e 2010), Goiás (1999 e 2012), Paysandu (1991 e 2001), Palmeiras (2003 e 2013) e Bragantino (1989 e 2019). Devido à grande rotatividade de clubes e também ao número não tão grande de edições - 38 -, ninguém deslanchou como grande vencedor.
Como comparação, a segunda divisão da Espanha, disputada 86 vezes, tem o Real Murcia na liderança de títulos (9), seguido por Betis (7), Real Oviedo, Deportivo La Coruña e Sporting de Gijón (5 cada). Na Inglaterra, Manchester City e Leicester dividem o topo, com sete taças, enquanto Atalanta e Genoa, com seis conquistas, são os maiores ganhadores da Série B da Itália.
A edição de 2020 é a 26ª participação do América na Série B do Brasileiro. Além dos troféus de 1997 e 2017, o time subiu em 1992 (6º), 2010 (4º) e 2015 (4º). Ao todo, foram 506 jogos - 211 vitórias, 135 empates e 160 derrotas, com 669 gols marcados e 567 sofridos.
32 vencedores
Enquanto a Série A tem 16 vencedores, a Série B conta com 32 campeões. Além dos já mencionados Coritiba, Goiás, América, Paysandu, Palmeiras e Bragantino, ganharam a segunda divisão nacional Sport, Guarani, Fortaleza, Athletico-PR, Criciúma, Botafogo, Vasco, Portuguesa, Joinville, Londrina, Atlético-GO, Paraná, Villa Nova-MG, Sampaio Corrêa, Campo Grande-RJ, Juventus-SP, Uberlândia, Tuna Luso-PA, Inter de Limeira, Juventude, União São João, Gama, Brasiliense, Grêmio, Atlético e Corinthians.
O CSA é recordista em vice-campeonatos (4), enquanto Náutico e Avaí terminaram seis vezes entre os quatro primeiros colocados.
Campeões da Série B (mineiros em negrito)
1971 - Villa Nova
1972 - Sampaio Corrêa-MA
1980 - Londrina
1981 - Guarani
1982 - Campo Grande-RJ
1983 - Juventus-SP
1984 - Uberlândia
1985 - Tuna Luso-PA
1988 - Inter de Limeira-SP
1989 - Bragantino
1990 - Sport
1991 - Paysandu
1992 - Paraná
1994 - Juventude
1995 - Athletico-PR
1996 - União São João-SP
1997 - América
1998 - Gama
1999 - Goiás
2001 - Paysandu
2002 - Criciúma
2003 - Palmeiras
2004 - Brasiliense
2005 - Grêmio
2006 - Atlético
2007 - Coritiba
2008 - Corinthians
2009 - Vasco
2010 - Coritiba
2011 - Portuguesa
2012 - Goiás
2013 - Palmeiras
2014 - Joinville
2015 - Botafogo
2016 - Atlético-GO
2017 - América
2018 - Fortaleza
2019 - Bragantino
Nota: De 1973 a 1979, não houve disputa da Série B, assim como em 1993. Em 1986, Central-PE, Criciúma, Inter de Limeira e Treze-PB conquistaram o acesso, mas não se enfrentaram em uma fase final para definir o campeão. O Módulo Branco de 1987 e o Módulo Amarelo de 2000 não são reconhecidos pela CBF como segunda divisão.
Artilheiros
O maior artilheiro em uma edição da Série B é Bruno Rangel, que fez 31 gols em 36 partidas pela Chapecoense em 2013. Ele foi uma das 71 vítimas do acidente aéreo que matou jogadores, dirigentes, jornalistas e tripulantes que estavam a caminho de Medellín, na Colômbia, onde o time catarinense jogaria contra o Atlético Nacional pela final da Copa Sul-Americana de 2016.
Outros jogadores conseguiram bons números individuais, como o já veterano Túlio Maravilha, que tinha 39 anos quando anotou 24 gols pelo Vila Nova-GO, em 2008; Alessandro, do Ipatinga - 25 gols em 2007; Zé Carlos, do Criciúma - 27 gols em 2012; Vinícius, do Fortaleza - 22 gols em 2002; e Uéslei, do Bahia - 25 gols em 1999.
Por falta de dados, não há uma lista com os maiores goleadores de todos os tempos da segunda divisão nacional. Entretanto, o Futebol Interior destacou, em matéria publicada no dia 11 de setembro de 2018, que o centroavante Zé Carlos alcançou esse feito a serviço do Criciúma.
Zé Carlos, que jogou pelo Cruzeiro em 2009, soma 92 gols em 179 partidas na Série B - Portuguesa (13), Criciúma (47) e CRB (32). Hoje, aos 37 anos, ele veste a camisa do Remo, clube da Série C do Campeonato Brasileiro.
Alessandro, ex- América, é outro notório goleador da Segundona. Além dos 24 gols pelo Coelho (4 em 2002, 5 em 2003, 12 em 2012 e 3 em 2013), o ex-camisa 9 marcou 45 pelo Ipatinga (25 em 2007 e 21 em 2010), totalizando, portanto, 69 bolas na rede.
A Série B ainda tem como artilheiros de expressão Kuki, com 74 gols (Náutico e Santa Cruz), e Sérgio Alves, com 65 (Ceará, Sport, Central-PE, Fluminense, Joinville, Brasiliense e CRB).
Artilheiros da Série B por edição
1971 - Rubilota (Remo) -4 gols
1972 - Pelezinho (Sampaio Corrêa) - 8 gols
1980 - Osmarzinho (Botafogo-SP) - 12 gols
1981 - Jorge Mendonça (Guarani) - 11 gols
1982 - Luisinho (Campo Grande-RJ) - 12 gols
1983 - Lima (Operário-MS) - 9 gols
1984 - Dadinho (Remo) - 6 gols
1985 - Paulo César (Tuna Luso) e Guilherme (Figueirense) - 6 gols
1986 a 1990 - sem registro
1991 - Cacaio (Paysandu) - 14 gols
1992 - Saulo (Paraná) - 12 gols
1994 - Baltazar (Goiás) e Mário (Juventude) - 11 gols
1995 - Oséas (Athletico-PR) - 14 gols
1996 - Maurício (Santa Cruz) - 13 gols
1997 - Tupãzinho (América) - 13 gols
1998 - Gauchinho (XV de Piracicaba) - 13 gols
1999 - Uéslei (Bahia) - 25 gols
2001 - Sérgio Alves (Ceará) - 21 gols
2002 - Vinícius (Fortaleza) - 22 gols
2003 - Vagner Love (Palmeiras) - 19 gols
2004 - Rinaldo (Fortaleza) - 14 gols
2005 - Reinaldo (Santa Cruz) - 16 gols
2006 - Vanderlei (Gama) - 21 gols
2007 - Alessandro (Ipatinga) - 25 gols
2008 - Túlio Maravilha (Vila Nova-GO) - 24 gols
2009 - Elton (Vasco), Marcelo Nicácio (Fortaleza) e Rafael Coelho (Figueirense) - 17 gols
2010 - Alessandro (Ipatinga) - 21 gols
2011 - Kieza (Náutico) - 21 gols
2012 - Zé Carlos (Criciúma) - 27 gols
2013 - Bruno Rangel (Chapecoense) - 31 gols
2014 - Magno Alves (Ceará) - 18 gols
2015 - Zé Carlos (CRB) - 19 gols
2016 - Bill (Ceará) - 15 gols
2017 - Bergson (Paysandu) e Mazinho (Oeste) - 16 gols
2018 - Dagoberto (Londrina) - 17 gols
2019 - Guilherme (Sport) - 17 gols
Formatos
A Série B só passou a ter um formato padrão a partir de 2006, quando foi disputada por 20 clubes em pontos corridos e teve o Atlético como campeão.
O sistema anterior da competição, vigente de 1999 a 2005, consistia em turno único na primeira fase, com os oito mais bem colocados avançando às quartas de final, e os quatro vencedores desses mata-matas jogando entre si um quadrangular em dois turnos, do qual o campeão e o vice subiriam à primeira divisão.
De 1990 a 1998, a Série B foi realizada em fase de grupos do início ao fim (em algumas edições ocorreram mata-matas somente na segunda fase). Geralmente, a primeira etapa contava com cinco, seis ou oito equipes, e as subsequentes com quatro.
Já nas décadas de 1970 e 1980 era comum a divisão dos clubes por proximidade geográfica - como ocorre na Série D atualmente. Os classificados de cada chave iriam para os duelos eliminatórios até definir o campeão. Em várias ocasiões, o vencedor era promovido à Série A do mesmo ano.
Campanhas nos pontos corridos
Com 85 pontos, o Corinthians atingiu 74,56% de aproveitamento na Série B de 2008 e foi campeão com 17 de vantagem sobre o segundo colocado, Santo André. Em 2011, a Portuguesa também obteve excelente índice, de 71%, alcançando 81 pontos - 17 a mais que o vice-campeão, Náutico.
Em 2006, o Atlético levou a taça ao contabilizar 71 pontos. Em um feito raro, o São Caetano também somou 71 pontos em 2012, mas ficou em quinto lugar por levar desvantagem no critério de desempate para o quarto colocado, Vitória, e o terceiro, Athletico-PR.
G4 da Série B
2006
Atlético - 71
Sport - 64
Náutico - 64
América-RN - 61
2007
Coritiba - 69
Ipatinga - 67
Portuguesa - 63
Vitória - 59
2008
Corinthians - 85
Santo André - 68
Avaí - 67
Grêmio Barueri - 63
2009
Vasco - 76
Guarani - 69
Ceará - 68
Atlético-GO - 65
2010
Coritiba - 71
Figueirense - 67
Bahia - 65
América - 63
2011
Portuguesa - 81
Náutico - 64
Ponte Preta - 63
Sport - 61
2012
Goiás - 78
Criciúma - 73
Athletico-PR - 71
Vitória - 71
2013
Palmeiras - 79
Chapecoense - 72
Sport - 63
Figueirense - 60
2014
Joinville - 70
Ponte Preta - 69
Vasco - 63
Avaí - 62
2015
Botafogo - 72
Santa Cruz - 67
Vitória - 66
América - 65
2016
Atlético-GO - 76
Avaí - 66
Vasco - 65
Bahia - 63
2017
América - 73
Internacional - 71
Ceará - 67
Paraná - 64
2018
Fortaleza - 71
CSA - 62
Avaí - 61
Goiás - 60
2019
Bragantino - 75
Sport - 68
Coritiba - 66
Atlético-GO - 62
Fontes: arquivos do Superesportes e do jornal Estado de Minas, Futebol 80, Futebol Interior, OGol, Bola na Área e Wikipedia.
Fontes: arquivos do Superesportes e do jornal Estado de Minas, Futebol 80, Futebol Interior, OGol, Bola na Área e Wikipedia.