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INDEPENDÊNCIA

Concessionária que administra o Independência quer a rescisão de contrato com o governo de Minas

Luarenas calcula um prejuízo de R$ 10 milhões; empresa disse que houve um erro de cálculo quando do fechamento do contrato

postado em 16/04/2019 14:10 / atualizado em 16/04/2019 14:43

<i>(Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)</i>
A empresa Luarenas entrou com um processo de rescisão contratual da gestão do Independência no governo de Minas Gerais, ainda no fim do ano passado. De acordo com a gestora da arena, a decisão foi motivada pelos prejuízos de mais de R$ 10 milhões com a gestão do estádio.

Em setembro de 2017, o presidente da BWA/Luarenas, Bruno Balsimelli, já havia manifestado desejo de romper o contrato com o estado (clique e relembre). O tema voltou ao noticiário nesta terça, por meio do jornal O Tempo.

Em entrevista à Rádio Itatiaia, Balsimelli disse que tem um gasto de R$ 4 milhões por ano com o estádio. Ele afirmou que, recentemente, fez melhorias no Independência, como a ampliação dos bancos de reservas e a capacidade de iluminação.

"Nós queremos um reequilíbrio. Não há reequilíbrio? Então, pedimos a devolução. Isso no ano passado e não tiveram objeção, enrolaram mais uma vez. Barganharam e jogaram para este ano. Nós estamos assim. Aí vêm depois outras conotações, como a CBF, e manda ampliar o banco de reservas. Aí capacidade de iluminação deve ser aumentada, tudo isso em dezembro, janeiro, foram-se 281 mil reais a mais. É isso. O América é um grande parceiro, através do presidente Salum está ciente de tudo", disse.

Para continuar administrando o estádio, a Luarenas fez o pedido de recálculo contratual. Segundo Balsimelli, a empresa gasta cerca de R$ 4 milhões por ano para manter o estádio em funcionamento. Vencedora da licitação para operar no estádio do Horto, a partir de 2012, a concessionária tem contrato de 10 anos, com cláusula de opção de renovação por outros sete (até 2029).

"Eu, como cidadão brasileiro, penso que o governo não tem que investir R$ 4 milhões no equipamento por ano. O governo tem que se preocupar com educação, saúde e com segurança. A parte de esporte e estádio tem que ser uma coisa privada, não tem nada a ver com eles. Agora, tem que ser uma parceria que seja boa para todos os lados. Acredito também que R$ 4 milhões não estão no orçamento do América, porque ele tem que pensar em jogar bola e ganhar títulos. É isso que pensamos. Agora é fazer uma aproximação melhor para resolver de vez, ou fazer readequação conforme pedimos. Ficamos no equipamento até 2022, cumprimos o contrato, mas com algo que seja justo. Porque fizemos investimento de R$ 15 milhões, mas temos prejuízo de mais de R$ 10 milhões acumulado. Ah, mas o governo disse que tenho que pagar R$ 6 milhões, mais 6. É uma balança. Temos que sentar e conversar isso de uma vez por todas”, afirmou.

Balsimelli disse que houve um erro de cálculo quando do fechamento do contrato com o governo de Minas Gerais. Ele joga a responsabilidade em uma empresa contratada para fazer o estudo de viabilidade

"Nós pedimos um reequilíbrio do equipamento, em meados de 2013, 2014. Fundamentamos, contratamos, uma perícia para ver quanto que dava o faturamento do equipamento. Aliás, o poder concedente tinha um órgão triple-a (nota de avaliação de crédito atribuída a empresas), que fazia as medições de todos os jogos (...) E eles tinham uma noção exata do faturamento real do equipamento. O que aconteceu? Quando o entrave foi feito, acredito que foi feito por pessoas que não tinham esclarecimento total de arena, o quanto se podia arrecadar", frisou.

"O valor que foi colocado é um absurdo. Erraram totalmente a viabilidade de ter esse equipamento nessas condições de repassar alguma coisa para o concedente e para o América. E provamos para eles que tínhamos dados concretos e fundamentamos ao Ministério Público. Mostramos para eles que havia condições de fazer o reequilíbrio. Fizemos algumas reuniões, fomos à CGE (Controladoria Geral do Estado) e sempre tentando um acordo, fazer a coisa a duas mãos. Não sendo arbitrário para um lado só", acrescentou.

Balsimelli espera uma resposta do governo em 90 dias. "Essa novela acho que se encerra, acredito, em 90 dias. Com isso, deve ter uma definição de qual caminho a seguir das duas partes. Estamos tendo uma boa conversa com o secretário de esportes, vamos ver se chegamos a um bom senso", frisou.

DÍVIDA

O empresário admitiu que não faz repasses ao governo de Minas e ao América desde 2016, conforme exige o contrato. Segundo o Coelho, a dívida da empresa com o clube gira em torno de R$ 6 milhões. O valor correto depende de correções financeiras.

"O América tem relação direta com o Governo de Minas, num contrato de cessão do Independência, e está buscando soluções para ele dentro de uma coerência de trabalho do Clube", frisou o clube, em nota.

Em contato com a reportagem, a secretaria de transporte e obras públicas, que administra as concessões do estado, "informa que até a presente data não recebeu comunicação oficial da concessionária Luarenas. Tão logo seja recebida, a Secretaria adotará as medidas cabíveis".

O Atlético, que é parceiro comercial da Luarenas, disse que quem responde pela administração é a empresa. No acordo financeiro selado  em 2012, o Galo tem direito a 45% do lucro da nova arena, assim como a BWA. O América, dono do estádio, ficaria com 5%, mesma porcentagem que teria direito o governo de Minas, que investiu na reconstrução do Independência e tem o controle sobre o local por 20 anos. O governo de Minas gastou cerca de R$ 130 milhões na reforma do estádio.

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