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ESPECIAL

Yustrich, uma lenda gigante! Morte do Homão completa 30 anos

Filho de alemães, ex-goleiro e treinador deixou seu nome marcado em clubes de Minas, do Brasil e do exterior. Estilo truculento contrastava com o homem de grande coração na vida pessoal

postado em 15/02/2020 08:00 / atualizado em 14/02/2020 22:37

(Foto: Arquivo Estado de Minas - 04/09/1977)
Ele era filho de alemães. Nasceu em Corumbá, no Mato Grosso. Teria hoje 102 anos. Dorival Knipel ficou conhecido pelo apelido Yustrich pela semelhança com um goleiro famoso do Boca Juniors dos anos 1930 e 1940, Juan Elias Yustrich. Corpulento, começou a carreira esportiva como boxeador, mas permaneceu no ringue por pouco tempo. Acabou indo para o Flamengo, atuando sob as traves. No Rio defendeu também o Vasco e América. Mas foi como treinador que ganhou fama, principalmente no futebol mineiro. Pela maneira turrona de trabalhar, muito exigente, temperamento explosivo e pela altura, 1,90m, era chamado Homão. Hoje se completam 30 anos da morte dele. Consequência de um câncer que o deixou internado por quatro meses no Cardiocentro, em Belo Horizonte.

(Foto: Arquivo Estado de Minas - 11/08/1951)


Treinador polêmico, dirigiu grandes times, como América, pelo qual estrearia como treinador, em 1948, Atlético, Cruzeiro, Flamengo, Vasco, Corinthians, Villa Nova, Siderúrgica, que levou ao título mineiro em 1964, Coritiba, Porto (Portugal), com o qual seria bicampeão (temporadas 1955/56 e 1956/57), América-RJ e Bangu. Como jogador foi tricampeão no Fla (1939/1942/1944).

Como treinador, tinha fama de disciplinador e durão. Não aceitava, por exemplo, que jogador fumasse ou que tivesse cabelo comprido. Nem mesmo barba. O cabelo tinha de ser cortado baixinho. Não tolerava atrasos ou faltas aos treinos, em que exigia muito dos atletas. O temperamento instável já havia lhe custado a condição de goleiro titular do rubro-negro carioca.

(Foto: 15/04/1966 Arquivo EM)


Em 1955, após treinar o Atlético, foi para o Porto de Portugal. Lá, levou o clube ao bicampeonato nacional, quebrando jejum que vinha de 1940. Deixaria o time em 1958, campeão, mas com o ambiente envenenado exatamente por seu perfil difícil.

De volta ao Brasil, dirigia Bangu, América-RJ, retornaria o Atlético, comandaria outra vez o Bangu e chegaria ao Siderúrgica, de Sabará, para comandar a equipe no título mineiro de 1964, o último antes da Era Mineirão. Em 1968, novamente no Atlético. Comandou o alvinegro em dezembro daquele ano, quando este representou a Seleção Brasileira, enfrentando a Iugoslávia, no Mineirão. O Galo, trajando amarelo, venceu por 3 a 2, de virada.

Em setembro de 1969, era ele à frente do Atlético no embate emblemático com a Seleção Brasileira comandada por João Saldanha. O Galo vestiu a camisa da Seleção Mineira e venceu por 2 a 1. Os gols foram de Amauri (42 do 1º), Pelé (5 do 2º) e Dario (20 do 2º).

Começava aí uma rusga com Saldanha. Yustrich tinha certeza de que seria o técnico da Seleção Brasileira. Se gabava: “Quem foi o único treinador a vencê-lo no comando da Seleção?” E fazia críticas veladas a Saldanha, que andava irritado com ele desde o jogo no Mineirão. Também com temperamento explosivo, Saldanha resolveu tirar satisfação. Em 12 de março de 1970, invadiu o CT do Flamengo no Rio, em São Conrado. De arma em punho, procurava Yustrich, então comandante do rubro-negro, que já havia deixado o local. Para muitos, foi uma das razões para a demissão de Saldanha, substituído por Zagallo.

Depois disso, viveu outras polêmicas, principalmente com jogadores. Três deles, ídolos da torcida mineira, como Dario, que aponta o treinador como o principal responsável por seu sucesso; Nelinho, em quem deu um beijo, no jogo entre Cruzeiro x Boca Juniors, no Mineirão, na Libertadores'1977; e o atleticano Amauri Horta, a quem manteve num treino e impediu até mesmo de ver o nascimento dos filhos.

(Foto: Arquivo Estado de Minas - 12/02/1977)

Jogos emblemáticos

América 1 x 3 Siderúrgica - 13 de dezembro de 1964

(Foto: Estado de Minas/DAPress )


América
Davi; Luisinho (Robson 15 do 1º), Klebis, Zé Horta e Catocha; Zé Emílio e Nei; Geraldo, Jair Bala, Dario e Sérgio. Técnico: Moacir Rodrigues
Siderúrgica
Dejair; Geraldinho, Chiquito, Zé Luis e Dawson; Edson e Paulista; Ernani, Silvestre, Noventa (Aldeir 45 do 1º) e Tião. Técnico: Yustrich
Campeonato Mineiro de 1964
Estádio: Otacílio Negrão de Lima (Alameda)
Gols: Ernani 21, Noventa 24 e Aldeir 44 do 1º; Jair Bala 33 do 2º
Árbitro: Doraci Jerônimo
Público: 8.970
Renda: Cr$ 4.245.250

Brasil 3 x 2 Iugoslávia - 19 de dezembro de 1968

(Foto: Arquivo Estado de Minas - 19/12/1968)


Brasil (Atlético)
Mussula; Normandes (Djalma Dias), Grapete, Vander e Décio Teixeira; Vanderlei Paiva e Amauri Horta; Vaguinho, Ronaldo, Lola e Tião (Caldeira). Técnico: Yustrich
Iugoslávia
Ivan Curkovic; Pavlovic (Holzer), Paunovic, Dojcinovski e Aliksik; Nujkic (Aciomovic) e Musemic (Belin); Tesan, Bjekovic (Katic), Bukal e Spasovski
Técnico: Rajko Mitic
Estádio: Mineirão
Gols: Musemic 5, Nenad Bjekovic 8 e Vaguinho 32, Amauri 45 do 1º; Ronaldo 8 do 2º
Árbitro: Ramón Barreto (URU)
Assistentes: Armando Marques (BRA) e Miguel Angel Comesaña (ARG)
Pagantes: 37.592
Renda: NCr$ 116.870

Seleção Mineira (Atlético) 2 x 1 Brasil - 3 de setembro de 1969

(Foto: Jose Nicolau/O Cruzeiro/EM - 1969)


Seleção Mineira (Atlético)
Mussula; Humberto Monteiro, Grapete, Normandes (Zé Horta) e Cincunegui (Vantuir); Oldair e Amauri (Beto); Vaguinho, Laci, Dario e Tião (Caldeira). Técnico: Yustrich
Brasil
Félix; Carlos Alberto, Djalma Dias, Joel e Rildo (Everaldo); Piazza e Gérson (Rivellino); Jairzinho, Pelé, Tostão (Zé Maria) e Edu (Paulo César). Estádio: Mineirão
Técnico: João Saldanha
Gols: Amauri 42 do 1º; Pelé 5 e Dario 20 do 2º
Público: 71.533 pagantes
Renda: NCR$ 575.810
Árbitro: Amilcar Ferreira

(Foto: Arquivo Pessoal/Daniela Souza - 03 DE SETEMBRO DE 1969)

Casos marcantes

Cobertor

O centroavante Marcão chegou ao América em 1975, depois de ter sido artilheiro do Guaxupé no Mineiro de 1975. Em 1976, o clube contratou Yustrich como técnico. Era sua quarta passagem (seriam cinco), se preocupava com Marcão, de quem era admirador. “Ele é artilheiro por sua habilidade e pelo tamanho, mais de 2 metros. Mas tem um problema: ganha peso com facilidade. Tenho de resolver isso e já sei o que vou fazer.” 

Yustrich encomendou quatro cobertores. Era verão. E todos os dias, terminados os treinos, ele esticava um cobertor atrás de um dos gols do CT Vale Verde e mandava Marcão se deitar, colocava outros três cobertores por cima e o deixava no sol por pelo menos uma hora. “Quero ver se não vai perder peso”, dizia, vigiando. Passou a controlar a alimentação do jogador, que emagreceu e voltou a marcar gols.

Colocando fogo

Yustrich foi contratado pelo Siderúrgica, de Sabará, em 1964. Quando chegou, quis logo conhecer a concentração dos jogadores. Não gostou do que viu. As camas eram velhas, assim como os colchões. Não teve dúvidas. Levou tudo pessoalmente para fora da casa e, no quintal, ateou fogo, para espanto geral. Enquanto as chamas consumiam o material, foi até uma loja na praça principal, comprou beliches e colchões novos. Mandou cobrar da direção. Ninguém reclamou. O Siderúrgica acabou campeão mineiro, seu segundo título estadual.

De braço quebrado

Era a final do Mineiro de 1964. América x Siderúrgica, na Alameda, o campo do Coelho. O time de Sabará começou quente. Fez 1 a 0 com Ernani. Noventa e Aldeir ampliaram ainda no primeiro tempo. O título estava encaminhado. No início da segunda etapa, falta em Noventa, que cai sobre o braço direito. Yustrich se aproxima do jogador, que fora levado para ser atendido fora do campo. O médico do time sabarense constatou fratura. O Homão então dá a ordem: “Coloca no lugar e manda de volta pro campo.” Noventa tenta questionar, mas Yustrich responde: “Já mandei. Volta lá e joga”. Ao fim, 3 a 1 para o time de Sabará, campeão.

Cigarro

Zé Ernesto era goleiro juvenil do América e tinha sido promovido por Yustrich para o time profissional. Morava na mesma rua do treinador, a Dante, no Bairro São Lucas. Um dia, no ponto de ônibus da Rua Camões, acendeu um cigarro. Só que Yustrich, da janela do apartamento, viu. Não teve dúvida. Desceu, foi até lá, tomou o cigarro da mão do goleiro, o agarrou pela orelha e o arrastou até sua casa. Lá, o jogou no chão e gritou à mãe: “Dona Deusdedith, esse sem-vergonha estava fumando. A senhora sabia que ele fumava? Pois é. Olha, hoje ele não sai de casa. Não treina. Mas amanhã vai treinar e quero que chegue às 7h. Vou cheirar sua boca e se estiver fedendo a cigarro, vai se ver comigo. A senhora, Dona Deusdedith, vai providenciar para que ele não falte ao treino”.

Jaburu

Quando foi treinar o Porto de Portugal, Yustrich decidiu levar Jaburu, atacante do América. Casado, o atleta tinha problemas com a bebida. A mulher do jogador, ao chegar ao apartamento em que iriam morar, procurou Yustrich e disse que tinha medo de ficar sozinha com ele, temendo ser agredida. Yustrich saiu do apartamento e voltou com um rodo. Entregou para a mulher e disse, diante de Jaburu: “Você vai deixar esse rodo sempre aqui, ao lado de sua cama. Se ele te bater, você pega o rodo e bate no teto. Moro aqui em cima. Meu quarto fica em cima do seu. Se ele fizer isso, desço aqui e acabo com a raça dele”.


O folclore contado pelos jogadores

Nelinho

Nelinho conta que Yustrich era polêmico e que o ensinou muito, embora não concordasse com seus métodos, que ele classifica como truculentos e desnecessários. Mas elogia suas qualidades técnicas. “O Yustrich tinha a mania de colocar a gente para dividir bolas. Aquilo era perigoso. E tinha outras truculências nos treinos, como colocar um para carregar o outro nas costas o campo inteiro. Eram treinos arcaicos. Mandava a gente chegar junto e pegar o adversário. Eu não concordava de jeito nenhum. Mas na parte tática, era impressionante. Insistia com a jogada de o ponta ir à linha de fundo e cruzar alto para o centroavante”, conta o ex-lateral-direito, dono de um dos chutes mais potentes do futebol mundial.

Chega então o jogo polêmico, o do tal “beijo”. Era o segundo duelo da final da Libertadores'77. O time argentino vencera em Buenos Aires por 1 a 0. Na volta, no Mineirão, o Cruzeiro precisava ganhar para forçar a partida extra.

Eram 28min do segundo tempo: 0 a 0. Yustrich invade o gramado e dispara em direção a Nelinho. Os dois haviam batido boca na semana que antecedeu o confronto. “Eu o vi correndo na minha direção e pensei: não vou correr. Fiquei parado. Acho que queria discutir, pois antes disso gritava pra mim e outros jogadores que queria raça. Mas quando chegou, repensou. Me deu um beijo no rosto e pediu para que fizesse um gol”.

(Foto: Arquivo EM/D.A Press)


E, aos 30min, uma falta de longa distância. Nelinho toma distância e marca o gol. “Fui o último a entrar no vestiário depois da vitória. Ele me deu um abraço e saiu. Coisas de Yustrich”.

Amauri Horta

(Foto: Ivan Drummond/EM/D. A Press)


Amauri Horta era, para Yustrich, exemplo de jogador disciplinado. A admiração era recíproca. O meio-campista conta que o Homão se preocupava com os seus comandados nas concentrações. “Joguei com ele no América e no Atlético. Sempre que o Yustrich chegava, percorria tudo. Via como estava a situação de cada quarto, a cozinha, a comida. Se o café da manhã estava como ele queria. Quando via algo que não gostava, saía chorando. Ele era um homem de muito sentimento”.

Amauri relembra momentos em que foi surpreendido – para bem e para mal. A primeira vez, no Coelho, num amistoso com o Cruzeiro. Fez dois gols. “Só faltei ser carregado”, conta. O segundo, no Atlético, na vitória por 2 a 1 sobre a Seleção Brasileira, quando marcou o primeiro um gol. “Ele invadiu o campo e me deu um abraço. Não era normal ele fazer aquilo”.
 
Yustrich, segundo Amauri, tinha fixação por treinos. “A gente tinha ido jogar em Porto Alegre, contra o Internacional. Na volta para Belo Horizonte, paramos em São Paulo para troca de avião. Chovia muito. Tivemos de pernoitar lá. No dia seguinte, pegamos o avião cedo. Ao chegar à Pampulha, o Yustrich anunciou que iríamos direto para treinar. Tentei falar que minha mulher estava em trabalho de parto, mas não adiantou. Tive de treinar”, conta.

Só quando o treino terminou, Yustrich dispensou Amauri. “Quando cheguei ao hospital, minha mulher, Márcia, tinha tido um casal de gêmeos: Marcos Vinícios e Maria Carolina. De repente, batem na porta. Era o Yustrich, com a mulher dele e um buquê de flores, pedindo desculpas pra minha mulher”.

Dario

Quando Dario chegou ao Atlético, em 1968, vindo do Campo Grande-RJ, estava longe de ser um artilheiro. Era desengonçado, não tinha habilidade e nem sabia cabecear. Mas tudo isso mudaria, conforme ele mesmo conta, graças a um treinador: Yustrich.

“Ele me levava pra casa dele, me colocava assentado na sala e ficava me dando conselhos. Eu era tido como ruim de bola. E não convivia com os demais jogadores. Aquilo incomodava o Yustrich, que resolveu me ajudar”, conta Dadá.

Dario passou a receber atenção especial. “Ele me deu força. Nas conversas, havia me dito: 'Não espero nada de você no que diz respeito a controle de bola. Vou usar a sua velocidade e sua impulsão, que é maravilhosa. E vou treinar sua perna direita. Você vai se tornar artilheiro'”.

O 2 de março de 1969 marcou a mudança da vida de Dario. Nesse dia, um amistoso no Mineirão entre Atlético x Rússia, o time mineiro venceu por 2 a 1, com dois gols de Dario. E de jogador vaiado por parte da torcida, saiu de campo aplaudido e tendo o seu nome gritado.

Para Dario, a reviravolta só ocorreu por causa de Yustrich, que teve, acima de tudo, paciência para orientá-lo. “Ele punha o Tião para cruzar da linha de fundo, fazer a cavadinha na minha cabeça. Ali tudo começou. Virei o Dadá, que para no ar igual beija-flor. Aliás, só três coisas param no ar, Dadá, helicóptero e beija-flor. Virou a minha marca.”

Amauri Horta reforça. “Não sabia nem cabecear. Aí, o Yustrich, irritado, punha o Tião pra ficar cruzando para que eu cabeceasse e deixava o Dario atrás do gol, para que aprendesse. Deu certo”.

Eu conheci um outro Yustrich

Por Ivan Drummond

(Foto: Arquivo EM)


Seu Yustrich. Era como a gente o chamava lá na Rua Dante, 249, no Bairro São Lucas, o prédio onde morávamos. Era meu vizinho. Ele no 205, eu no 402. Meu pai sempre se referia a ele como Homão, o técnico bravo. As bolas com as quais a gente jogava pelada, tanto no pátio do prédio como na rua, eram doadas por ele, que trazia as velhas dos times que treinava.

Um dia, ele chegou mais cedo do treino. Eu tinha uns 12 anos. Reuniu os meninos e disse: “Vou levar vocês pra jogar com time que tenho lá em Vespasiano. Vão disputar o campeonato da região. Precisam treinar.” Ficamos todos empolgados: eu, Caqui, Chiquinho, Pelau, Darlan, Miguel (goleiro), Zezé, Luizinho, os irmãos Sérgio e Jorginho (Mal-acabado) Abjaldi, Popola, Nilo, Vanderlei. Íamos jogar num campão, não no pequeno espaço, como era o nosso.

E lá fomos nós em dois carros para o sítio do Yustrich, em Vespasiano. Eu fui no carro dele, um Impala, azul, bonito, com metade do grupo. A outra metade foi num Chevrolet 47, Fleetmaster, dirigido pelo motorista do Yustrich, o Gasolina.

Chegamos lá, e o outro time já estava em campo. O Yustrich nos deu o uniforme. Fui logo pegando a 5. Gostava de jogar no meio-campo. Mas ele me chama e pergunta: “O que você está fazendo com a 5. Não viu que é o maior. Você é o beque.” “Tá bom”, respondo, mas aviso que não visto a 2, pois dá azar.

“Vem cá que vou te explicar algumas coisas”, diz ele. “Tá vendo o 9 deles?” “Tô”, respondo. “Pois é”, ele continua: “Assim que pegar na bola, dá nele. Todo centroavante é medroso. Então, você dá nele, até ele ficar com medo.” E prossegue: “Tá vendo o 10? Dá nele também, porque se for bom, vai armar lá atrás e não cria problema pra nossa defesa.” E tinha mais: “Vou te dizer uma coisa e não vou repetir. Quem bate primeiro é quem manda.” E fomos pro jogo. O placar, não lembro, mas foi apertado. Caqui era o nosso craque. Fez um gol.

Na volta pra casa, quando chegamos de volta ao prédio, ele chamou o Chico, zelador, e mandou buscar umas caixas que tinha em casa. Abriu. Eram salgados de todos os tipos. E veio também um monte de refrigerantes. Foi uma farra.

O nosso Yustrich, lá da Rua Dante, era diferente do técnico que tinha fama de mau. Pra se ter uma ideia, meu prédio era famoso no bairro por causa da festa junina. E quem bancava tudo era o Yustrich. Pagava tudo: barraquinhas, comida, bebida. E pasmem. Numa delas, mandou fazer umas bombas. A gente conhecia traque e garrafinha, mas pelo tamanho era “garrafão”. Riscou e colocou um latão de lixo em cima de cada uma. Aquilo explodiu. Os latões voaram como foguetes. Quando caíram, estavam arrebentados. Na hora, assobiou e fez sinal para um caminhão que estava na esquina. Quatro homens desembarcaram quatro latões novos. O prédio tinha lixo novo. Ele fazia questão disso. (ID)

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