Gustavo Nolasco
None

DA ARQUIBANCADA

Não é só o Atlético de Lourdes

Não se iluda. Hoje é guerra contra todos os recalcados do Brasil e 11 jogadores adversários comendo a bola por 90 minutos

postado em 17/07/2019 08:00

<i>(Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro)</i>
Na semana passada, não ganhamos do Atlético de Lourdes. O Cruzeiro venceu foi a soberba. Por mais que isso restabeleça os papéis de cada um deles na história do futebol mineiro, nem de longe será o suficiente para classificarmos na Copa do Brasil ou sairmos da crise gerada por décadas de absurdos internos. A batalha de hoje à noite será muito pior. Enfrentaremos um adversário que não mede esforços - escusos ou não - para tentar nos destruir.
 
“Destruir”... Um verbo tão mesquinho.
 
Mesmo com a derrota acachapante da última quinta-feira, o que se ouviu da Turma do Sapatênis foi: “perdemos pela segunda vez a chance de destruí-los”. Ou seja, eles não esquecem da primeira, em 2011, quando a sede por “destruir o Cruzeiro” de Alexandre Kalil e sua declaração de que “era o jogo mais importante da história do Atlético” nos levaram ao 6 a 1.
 
Essa frase diz muito sobre arrogância e soberba. Resumir a história de um clube ao desejo de destruir um adversário é assumir sua pequenez. Seria como colocar a camisa de um acusado de estupro na sala de troféus só porque ele marcou um gol contra o Cruzeiro. Ops! Seria, não.... Eles fizeram.
 
Por tudo isso, não se iluda. Hoje será muito mais difícil.
 
O Cruzeiro incomoda demais os detentores de poder e dinheiro no futebol brasileiro. Todos eles, recalcados, torceram pelo clube da elite de Belo Horizonte na última semana. Assim farão novamente hoje porque, para eles, é inadmissível um clube dilapidado covardemente por seus próprios cartolas atrapalhando os planos de dar títulos ao Flamengo, por exemplo.
 
Depois de eliminar a Crefisa da Copa do Brasil, ganhar o penta sobre a Rede Globo (e desclassificá-la da Libertadores), calar a cidade cenográfica do Maracanã por dois anos seguidos e de quebra, ser hexacampeão dentro da Arena Odebrecht, você acha que nos deixarão passar ilesos?
 
Some-se a isso o fato do Cruzeiro ser o único fora do Eixo RJ-SP a vencer o Brasileirão de pontos corridos. Dá para imaginar quanto dinheiro os detentores dos direitos de transmissão e seus patrocinadores perderem com essas seguidas “insolências” do Cabuloso?
 
Mas não se iluda! Não é só isso.
 
Dentro das quatro linhas, a guerra será intensa. Os jogadores que estarão do outro lado merecem total respeito e atenção. Eles jogarão a vida profissional contra a Academia Celeste nesta noite. Duvidar disso e não se preparar para tal, é suicídio.
 
Hoje precisa ser Manobol na veia!!! Marcar cada centímetro de grama; compactar; ganhar todas pelo alto; segurar o lateral no abafa dos 15 minutos iniciais; não desistir de nenhuma dividida; ser agudo na retomada de bola; certeiro nos contra-ataques e ter sangue gélido para não cair nas provocações.
 
Tratando-se do caráter do Atlético de Lourdes é sempre aquele ditado: um olho no jogo e outro no “vale tudo”. Ou seja, precisamos manter os jogadores deles longe de nossa área, pois buscarão por todo instante uma trombadinha, uma pressão canalha sobre o juiz e o VAR para salvá-los de mais uma VARgonha.
 
Por tudo isso, não se iluda. Hoje será uma guerra!
 
Iremos com as armas típicas do Time do Povo. Nossas gargantas contra as caixas de som do Ginásio do Horto e uma camisa pesada a nos representar por 90 minutos, em busca de uma vaga que não está definida.
 
Se nossos cartolas e suas canalhices deram a chance fora do campo para os recalcados (com toda a razão) nos apontarem o dedo, cabe a nós pilharmos nosso escrete para novamente não permitir que nos destruam dentro das quatro linhas.
 
Somos nós filhos do imigrante italiano, do simples trabalhador vindo do interior para tentar a sorte na cidade grande, dos pais e mães da periferia ou mesmo os que tiveram a sorte de nascer ricos, mas escolheram o lado azul, nós todos transformamos esse clube no único gigante fora do Eixo RJ-SP. Por isso, humildade para o jogo complicado de logo mais, pois não será um simples 6 contra 1.
 
Na noite de hoje evoquemos a nossa história de respeito ao próximo para superar o recalque alheio, e assim, nos classificarmos sobre o efêmero.

Siga-me no Twitter: @gustavonolascoB

Tags: coluna copadobrasil clássico cruzeiroec cruzeiro nolasco gustavo