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COPA LIBERTADORES

'Amigo' de gringos do Atlético, motorista uruguaio reverá 'amor da vida' no Mineirão

Torcedor fanático do Nacional-URU, funcionário do jornal Estado de Minas vai ao Gigante da Pampulha torcer pela equipe do coração contra o Galo

postado em 23/04/2019 09:00 / atualizado em 23/04/2019 09:51

<i>(Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)</i>

O jogo entre Atlético e Nacional, na noite desta terça-feira, às 21h30, no Mineirão, terá um torcedor especial nas arquibancadas. Mas se engana quem pensa que ele estará na expectativa pela vitória do Galo. O uruguaio Javier Bautista, de 54 anos, vai reencontrar o clube do coração no Gigante da Pampulha. 

Para fugir da crise financeira no Uruguai, Javier chegou ao Brasil em 2016. Há cerca de um ano e meio, é motorista do jornal Estado de Minas. Ele vive, quase que diariamente, a rotina de levar repórteres e fotógrafos à Cidade do Galo, Toca da Raposa II e Lanna Drumond. Na função, conheceu muita gente ligada ao futebol e mostrou muito conhecimento sobre o esporte bretão - em sua casa, em Montevidéu, tem vários livros sobre táticas e histórias do mundo da bola. Agora, finalmente vai voltar a viver a emoção de assistir de perto ao time do coração.

Sócio do clube uruguaio, Javier paga mensalmente cerca de R$ 40 para ajudar a equipe. Para ele, o clube é como religião. O reencontro acontecerá depois de pouco mais de três anos. 

<i>(Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)</i>
“Sou torcedor do Nacional desde que nasci, isso vem de família. No Uruguai, quando a família torce para Nacional ou Peñarol, o filho já nasce sócio do clube. Sou sócio por toda a minha vida. Para mim, as cores do Nacional são como religião. Assim como se vai à missa todo domingo, no Uruguai todo mundo vai ao jogo”, disse em entrevista ao Superesportes.

A última vez que Javier foi ao estádio acompanhar o clube do coração foi em 9 de novembro de 2014. E o jogo foi marcante: o grande dérbi de Montevidéu. Em casa, o Nacional saiu atrás no placar para o Peñarol, mas buscou a virada nos acréscimos do segundo tempo: Ivan Alonso empatou aos 46 e o veterano Álvaro Recoba, ídolo do motorista, em golaço de falta, virou no último lance (veja o vídeo da partida no fim).

Amizade com atleticanos

Desde que iniciou os trabalhos no Estado de Minas, Javier teve muito contato com o meia-atacante De Arrascaeta, que defendia o Cruzeiro. O motorista sempre buscou conversar com o uruguaio quando estava na Toca da Raposa II. No ano passado, ele ganhou mais dois compatriotas em Belo Horizonte: David Terans e Martín Rea, contratados pelo Atlético. A ‘amizade’ com os dois segue firme e, sempre que está na Cidade do Galo, parte para a resenha com os jogadores.

“No Atlético tem os uruguaios que eu converso, como o Terans e o Rea, e no Cruzeiro tinha o Arrascaeta. Mas eu não tenho sentimento nem por Atlético e nem por Cruzeiro. Eu separo isso. Não posso comparar. Eu trabalho com isso e sou torcedor do Nacional, sou sócio”, completou.

O motorista está na expectativa pelo jogo desta noite. A partida é decisiva para o Atlético, que precisa da vitória para seguir sonhando com a classificação para as oitavas de final da Copa Libertadores. Javier acredita que o time uruguaio vai jogar pelo empate no Mineirão.

“Acredito que o Nacional vai jogar pelo empate. O Nacional não pensa em ganhar, porque é difícil jogar contra os times do Brasil fora de casa. Os times do Brasil têm muito mais dinheiro, não dá para comparar. O Atlético vai ter que tentar fazer os gols e o Nacional vai esperar pelo contra-ataque”.

Veja a entrevista completa com Javier Bautista

Chegada ao Brasil e motivo de deixar o Uruguai

Eu cheguei há dois anos e meio ao Brasil. O Uruguai é um país pequeno, que depende muito da economia de Brasil e Argentina. Se as economias do Brasil e da Argentina estão ruins, no Uruguai está muito mais. Eu trabalhei por muitos anos em uma empresa muito grande no Uruguai e ela quebrou. Aqui em Belo Horizonte tem muitos uruguaios, conheço muitos que trabalham aqui. Sempre me falaram que a cidade é boa para viver e que eu gostaria. Vim para cá e consegui o emprego no jornal Estado de Minas. Passei a conhecer muita gente, principalmente que vive no meio jornalístico.

Paixão pelo futebol

Aqui no jornal Estado de Minas, comecei a ir nos centros de treinamentos de Atlético e Cruzeiro e encontrei semelhanças. São dois times grandes, de muita torcida. Eu gosto muito de futebol, tenho muitos livros de futebol. Estudava muito no Uruguai. Futebol uruguaio é um mistério. Como um país tão pequeno, com 3 milhões de habitantes, tem tantos títulos no futebol? Nada explica. Na Europa, vários se perguntam como produzimos tantos bons jogadores. O Nacional tem três Mundiais, três Libertadores, várias Recopas, vários Campeonatos Uruguaios. Todos os jogadores que são promovidos da base chamam a atenção. Um torcedor do Nacional, quando vê uma camisa do Nacional em qualquer lugar do mundo, se emociona. As cores do Nacional são as cores da bandeira de José Gervasio Artigas. Ele era o maior de todo o país. Então, o Nacional sempre será importante. 

Sentimento pelos clubes mineiros?

No Atlético tem os uruguaios que eu converso, como o Terans e o Rea, e no Cruzeiro tinha o Arrascaeta. Mas eu não tenho sentimento nem por Atlético e nem por Cruzeiro. Eu separo isso. Não posso comparar. Eu trabalho com isso e sou torcedor do Nacional, sou sócio. Fui à Cidade do Galo nessa segunda e todos ficaram brincando comigo sobre o jogo. 

Expectativa para o jogo

Acredito que o Nacional vai jogar pelo empate. O Nacional não pensa em ganhar, porque é difícil jogar contra os times do Brasil fora de casa. Os times do Brasil têm muito mais dinheiro, não dá para comparar. O Atlético vai ter que tentar fazer os gols e o Nacional vai esperar pelo contra-ataque. 

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