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Ídolo, Kuki completa cinco anos como assistente técnico no Náutico e passa carreira a limpo

Ex-atacante estreou na nova função em 2 de outubro de 2010, contra o Ipatinga

postado em 27/09/2015 14:07 / atualizado em 28/09/2015 08:36

Caio Wallerstein /Diario de Pernambuco

Rodrigo Silva/Esp DP/DA Press
Nos Aflitos, Kuki se sente mais à vontade. Ainda que considere a Arena Pernambuco o local ideal para o Náutico, pela condição de trabalho, o ex-atacante não esconde que o estádio da Rosa e Silva é a sua casa. Lá, percorrendo o gramado onde fez a maioria dos seus 184 gols com a camisa do Náutico - “Nem está tão ruim assim. Pensei que estivesse pior”, comentou, sobre a condição do estádio -, o hoje auxiliar técnico do Timbu conversou com o Superesportes para fazer um balanço da nova profissão. Afinal, em 2015, completam-se cinco anos desde que o baixinho, após pendurar as chuteiras, iniciou a caminhada do lado de fora do gramado. O jogador que mais vestiu a camisa alvirrubra na história falou sobre as polêmicas, as alegrias e decepções vividas, os momentos de turbulência política e as perspectivas para o futuro da carreira, do clube alvirrubro e do trabalho de base.

Que paralelo você faz entre a situação do clube em 2001 (quando você chegou ao Náutico) e em 2010 (quando virou auxiliar)?
Em 2001 não havia nada. Foi o renascimento do clube, até pela questão do penta do Sport, o Náutico afundado na crise da década de 1990… Ali foi o recomeço. Em 2010 foi uma nova fase, mas com adaptação fácil, porque desde 2002 já deixava claro que queria trabalhar no Náutico quando parasse de jogar. Fiquei triste quando parei, mas em seguida já comecei a trabalhar no clube. Era outro momento e foi uma adaptação tranquila.

Quando você pensa no seguimento da sua carreira, se vê em algum cargo diretivo no Náutico? Ou como auxiliar/técnico em outros clubes?
Sempre disse que nunca quis ser treinador. Direção também, jamais. Para mim, ajudar da forma que estou fazendo é ótimo. Estar junto com os jogadores, vivenciar o dia a dia, ajudar na questão de fundamento. É isso que quero seguir fazendo no clube, até onde for possível.
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Como foi a questão de mudança de postura de jogador para a de auxiliar, um cargo com mais autoridade com o elenco? E quais os aprendizados da nova profissão?
Desde que jogava, sempre expus meus pensamentos. Você tem que ter voz, liderança. Eu sempre tive, o pessoal sempre me respeitava no elenco e eu sempre os respeitava. Então foi uma transição sem dificuldade. Muita gente muda quando passa do outro lado, mas eu continuei sendo a mesma pessoa. Reclamo, tenho meu jeito, mas mantive a mesma forma de agir e tratar as pessoas.

Como era o seu trabalho no dia a dia do clube e a sua relação com Lisca?
Uma relação normal. Lisca é um cara que trabalha muito, exige na questão tática. É tranquilo. Fico sempre observando o seu trabalho e dando os toques para os atletas. Eu tenho mais aquela relação direta com os jogadores, trabalhos de complemento após os treinamentos. Também tem o trabalho com o pessoal do ataque, que fico sempre dando dicas, sabendo que dentro do campo é questão de milésimos de segundo para decidir os lances.

 

E como está este início de trabalho com Gilmar Dal Pozzo? Como você avalia o técnico e sua filosofia de trabalho?

O trabalho está ótimo até agora. Ele teve dificuldades no começo porque teve muito pouco tempo para trabalhar, treinar. Antes era só jogo e descanso, jogo e descanso. Agora que ele teve a semana cheia, deu para passar mais sua filosofia para os atletas. Eu já o conhecia e sabia que era um cara que pede muito do time a pegada, a pressão no adversário. Essa é a filosofia dele. Além disso, é um cara muito aberto à conversa, dialoga muito, sempre com uma relação fácil com os atletas.

 

Como você, que já foi coordenador da base alvirrubra, trabalha os jogadores recém-promovidos ao profissional? E o que falta para Pernambuco se tornar um estado formador de jogadores?
Procuro acolher muito os jogadores da base, porque sei que é muito difícil subir. Mas sempre cobrando bastante, porque tem que ser erro zero. O torcedor não tem paciência com o jogador da casa, e isso não é só aqui. Talvez o Atlético-PR seja o clube que trata de forma diferente, mas no resto do Brasil também é assim. Falta investir na base, o investimento hoje é zero. Falta a federação se mobilizar e fazer mais campeonatos. Hoje estamos no fim de agosto e só agora começou o campeonato sub-20. Os clubes também precisam procurar dar mais experiências fora do estado aos jogadores, procurar torneios fora. Muita gente trata a base como prejuízo, mas ela é um investimento a longo prazo.

Uma coisa que se percebe desde sua chegada à comissão técnica é a mudança de temperamento (com exceção de episódios como a “jura” ao torcedor que urinou no escudo do Náutico). Como foi para você essa mudança de postura?
Essa foi a parte mais difícil para mim. Mas lá fora é mais fácil de ver o jogo, então é mais tranquilo, mas de vez em quando o cara ainda sai de si, ainda tem uma explosão. Mas é uma coisa mais moderada com relação ao tempo de jogador. Quanto àquele episódio, foi algo que passou, morreu.

Você sempre foi um atleta que se destacou por um atributo físico, a velocidade. Como você enxerga o futebol atual, cada vez mais dependente do físico dos atletas?
Sempre digo que acho que o futebol hoje não mudou. O que mudou foi a forma de valorizar os atletas, que hoje é muito maior do que cinco, seis anos atrás. Para mim, o futebol continua a mesma coisa. É o profissional, o cara que cuida do extracampo, que faz a diferença dentro das equipes.

 

Rodrigo Silva/Esp DP/DA Press
 

 Como você analisa o momento político do Náutico, que enfrentou diversas turbulências desde o início da nova gestão?
A questão política não gosto de falar, só observo, sou funcionário. Ano passado houve um desgaste muito grande, por conta de pessoas que queriam denegrir a imagem do clube. Havia um constante vazamento de informações, que prejudicava o ambiente do clube. Um dia chegou a um nível de esgotamento tão grande que eu chamei o presidente. Ele falou que era inadmissível que o treino estivesse rolando e as informações vazando para os repórteres. Foi quando respondi que nenhum funcionário levava telefone para o campo. Ali matou a charada; não éramos nós. E ele entendeu. A gente que é funcionário é muito frágil. Às vezes, chega alguém de fora para falar com a direção e acaba tendo mais crédito do que os próprios funcionários que têm 10 anos de clube. E a gente já sofreu isso. Passou um treinador (Lisca) em 2014 que enfrentou ese vazamento de informações por parte de diretores que, para pegar moral com a imprensa, passavam as coisas para a imprensa e jogavam a culpa nos funcionários, quando não era culpa deles. Se fosse algum funcionário, pode ter certeza que eu iria pra dentro dele. Não concordei com certas coisas e falo mesmo, porque estou há 14 anos aqui dentro e aquela foi a pior fase. Eu pegava funcionário chorando no clube porque estava sendo acusado.

Houve muita expectativa em torno de um jogo de despedida seu, que nunca houve. Qual foi o motivo da partida não ocorrer?
Os caras que eu queria trazer nunca coincidiam a data. Era difícil fazer o Nilson vir de Portugal. O Jorge (Henrique), na época, passou um mês concentrado pelo Inter antes da Libertadores. Marco Antônio ainda estava jogando também. Os que pararam era mais fácil de trazer, mas quem estava jogando era difícil, e não dava pra fazer sem esses caras. Teve também um que perdemos o contato, que foi o Wallace. Largou o futebol e sei que está em Goiânia, mas você não acha ele. Ninguém sabe por onde anda.

 

Como está sendo a sua mudança de hábitos após enfrentar problemas de saúde (em maio, ele sofreu um Ataque Isquêmico Transitório) e como está sua saúde?
A diretoria me disponibilizou um batalhão de médicos para me acompanhar, então está tudo sob controle. A grande mudança foi alimentar. Minha namorada é nutricionista, então está sempre pegando no pé. Gosto de um churrasco, não mantinha aquela disciplina de comer de uma forma regrada, então independente de fazer exercícios, isso pode ocorrer.