Calistenia cresce em Brasília e dá origem a uma nova modalidade: o Street Workout

Novata no ramo dos esportes de rua, a calistenia cresce em Brasília e leva consigo o street workout — ou treino de rua. O esporte consiste em utilizar o peso do próprio corpo, sem depender de materiais e aparelhos com peso, para fazer os movimentos. Para ter um bom desempenho no street workout, o atleta precisa adquirir a força, e muitos deles usam a calistenia com esse fim. Brasília se destaca no esporte por ter locais para a prática do exercício e por formar atletas de ponta.

Ronaldo Batista, 22, é cabo do Exército brasileiro e atual campeão nacional de street workout. Em Belo Horizonte, ele venceu o torneio mais importante da modalidade no país, a Copa Brasil. Ronaldo deu inícios ao treinos há três anos no grupo Calistenia Brasília, em Águas Claras, e foi paixão à primeira vista. “Tentei futebol, jiu-jitsu e capoeira, mas a calistenia foi com o que me identifiquei. Conheci pelo Instagram e fiz uma aula experimental para não sair mais. A facilidade de praticar, sem problema de sol, chuva, calor ou frio, foi o que me deixou mais animado. É um esporte muito simples”, comentou o brasiliense. A vontade e a dedicação são tão grandes, que Ronaldo bancou — e ainda banca — as próprias passagens para os campeonatos.

Pelo uso das barras paralelas e movimentos acrobáticos, o jovem notou a semelhança com a ginástica olímpica. Assim, começou a acompanhar os atletas de ponta como exemplos a serem seguidos. Ronaldo se aventurou nas competições e os resultados vieram depressa.  Depois de dois sextos lugares, resolveu se inscrever para a Copa Brasil. “Foi bastante cansativo, mas ser campeão foi uma emoção enorme. Cheguei a treinar duas vezes no mesmo dia, nas semanas antes do torneio. Fui à exaustão, pedi férias do Exército para poder me concentrar só na Copa Brasil”, conta Ronaldo. Como competição, o estilo street workout se apresenta aos jurados, que analisam as seguintes apresentações: acrobacias, movimentos dinâmicos, movimentos estáticos e o combo (junção de todos os três quesitos).

Em espaços urbanos do Distrito Federal, a calistenia e o street workout cresceram muito e seguem com muitos adeptos. Dois grupos em Brasília se destacam pela facilidade, gratuidade dos projetos e a aceitação de qualquer idade: o Calistenia Brasília de Águas Claras, onde treina Ronaldo, e o Snakers Street Workout da Candangolândia. As duas iniciativas vieram de maneira parecida. Amigos que se juntaram para treinar e a “brincadeira” acabou crescendo. Começaram com cinco pessoas e hoje estão com mais de 30 por treino. O grupo Calistenia Brasília já conta com mais de 15 mil seguidores nas redes sociais.

“Um amigo comentou sobre a calistenia. Comecei a ver vídeos, pesquisar e me apaixonei pelo esporte. Conhecemos três pessoas que praticavam e criamos um grupo. Interessados foram surgindo e hoje somos o maior grupo de street workout e calistenia do Centro-Oeste. O projeto é 100% gratuito e aberto a qualquer pessoa”, explica Matheaus Marques, um dos fundadores do Calistenia Brasília.

Outro grupo conhecido em Brasília é o Snakes SW, comandado por Rafael Saldanha, 19 anos. Em menor tamanho, os integrantes conseguiram fazer um acordo para levar o esporte para dentro de uma escola. “Evoluímos de um ambiente precário de treinamento para um centro de treinamento voltado para a calistenia. Por isso, entramos com um projeto na nossa escola para construir um ambiente exclusivo. Eles gostaram da ideia e conseguimos deixar nossa marca no esporte”, conta o estudante de química da Universidade de Brasília.

 

 

A não utilização de pesos nos exercícios diferencia a calistenia e o street workout da academia convencional e do crossfit, por exemplo. Está há pouco tempo no mercado brasileiro, mas já conquistou atletas das outras modalidades. Flávio Borges, personal trainer, é atleta da calistenia há mais de quatro anos e indica a modalidade para todas as idades. Ele aponta como benefícios a manutenção da massa muscular, a perda de peso, o ganho de força, o domínio corporal, a consciência corporal e a mobilidade, entre outros.

“Na academia, você utiliza pesos, como halteres, anilhas e aparelhos. No crossFit você usa exercícios da calistenia e da academia, porém a intenção é realizar muitas repetições e intensidade. Na nossa modalidade, usamos o polichinelo, a flexão de braço e as barras de uma forma mais descontraída. Utilizamos apenas o corpo como ferramenta”, explica Flávio. 

Águas Claras

Domingo (17h), quarta-feira (19h50) e sábado (10h). Treinos no Parque de Águas Claras*.

Candangolândia

De segunda a sexta-feira, às 17h30. Treinos no Centro de Ensino Médio Júlia Kubitschek*.

*Todos os treinos são gratuitos e aberto ao público