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Gávea

Imprensa holandesa ainda cética sobre a seleção

Na cobertura, jornalistas apontam o time, já classificado, como inexperiente

postado em 19/06/2014 13:29 / atualizado em 19/06/2014 18:08

Cassio Zirpoli /Diario de Pernambuco

Cassio Zirpoli/DP/D.A Press
Cassio Zirpoli
Enviado especial

Rio de Janeiro - A goleada por 5 a 1 imposta à Espanha, na Fonte Nova, e a eletrizante virada sobre a Austrália por 3 a 2, no Beira-Rio, deixaram a Holanda bem quista nas análises sobre as seleções favoritas ao título da Copa do Mundo de 2014. Entre torcedores e jornalistas aqui no país. Manchetes, reportagens, teorias, quase todas favoráveis. Não é exatamente o cenário nos Países Baixos. De forma surpreendente, imprensa local - ao amenos a que está cobrindo a equipe no Brasil - parece descrente quanto à capacidade do time laranja de seguir avançando na competição. A juventude da equipe e a inconstância no próprio Mundial estão entre as explicações.

Durante o treinamento da Holanda na Gávea, na chuvosa manhã desta quinta-feira, o Superesportes conversou com alguns jornalistas holandeses credenciados para a cobertura da Copa. Repórter da emissora de televisão EBU/NOS, Marcel Maijer, reconhece a felicidade pela campanha, mas diz que as "apresentações não foram tão convincentes quanto os brasileiros pensam". "Estamos felizes com os resultados, mas não com as atuações. Se você analisar bem, fizemos apenas um bom tempo dos quatro que jogamos até aqui. Foi o segundo contra a Espanha (o time marcou quatro gols). Contra a Austrália, passamos muito perigo quando estava 2 a 2", diz o jornalista.

Questionado sobre o potencial da equipe, uma resposta dura. "Esse time não será campeão do mundo", emendando em seguida a necessidade de não perder do Chile na próxima segunda-feira, o que garantiria a liderança do grupo B e evitaria um possível cruzamento com o Brasil nas oitavas de final. Paradoxalmente, ele que vê o Chile mais encorpado para o confronto.

Cassio Zirpoli/DP/D.A Press
Um pouco menos pessimista, mas não menos cético, Koen Greven, do jornal de circulação nacional NRC Handelsblad, diz que a expectativa inicial já era baixa na própria torcida, por ser uma equipe renovada - apenas quatro titulares estiveram na final do Mundial de 2010, quando a seleção foi vice-campeã. "Temos poucos jogadores experientes para as fases decisivas e parte do time é oriundo do campeonato inglês, de técnica bem menor que os campeonatos da Inglaterra e da Itália", comenta, recebendo um sinal positivo de outros jornalistas próximos, concordando com a opinião.

Apesar do destaque ofensivo do time - com oito gols em dois jogos - , Koen enxerga no técnico Louis van Gaal como o verdadeiro ponto forte na delegação. "O lado positivo é que van Gaal sabe trabalhar bastante com jovens jogadores em suas equipes. Nesta, todos cumprem rigorosamente o que ele pede, fazendo um conjunto de futuro. Tudo pode acontecer na Copa, mas a partida contra a Austrália, mesmo emocionante, deixou essa visão de título um pouco longe", completa o jornalista holandês, cobrindo a sua terceira Copa do Mundo.