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SELEÇÃO BRASILEIRA

Com 40 gols pela Seleção, Neymar fica mais à vontade em jogos inexpressivos

Camisa 10 faz quatro no Japão e torna-se o segundo jogador a chegar a quatro dezenas de gols pela Seleção antes dos 23 anos, depois de Pelé

postado em 15/10/2014 12:24

Rodrigo Antonelli /Correio Braziliense

Neymar, mais uma vez, ganhou uma concentração de holofotes com a camisa da Seleção Brasileira. Ontem, ele aproveitou a frágil defesa do Japão, marcou quatro vezes e chegou aos 40 gols com a amarelinha, igualando Rivellino no sétimo posto entre os maiores artilheiros do país. Antes dele, só Pelé podia se gabar de ter ido às redes 40 vezes antes dos 23 anos de idade. Ronaldo só chegou ao 40º com 25, enquanto Zico demorou 29 anos para alcançar o feito. Mas qual o real peso desses gols de Neymar?

Levantamento do Correio mostra que o craque do Barcelona balançou as redes bem mais vezes em amistosos do que em torneios oficiais. Dos 40 gols marcados até agora, 30 — ou 75% deles — foram em jogos dessa natureza (veja arte). Desses, 16 saíram em apenas seis partidas, contra os fracos Japão (duas vezes), África do Sul, Bolívia, China e Escócia. Diante de seleções campeãs mundiais, são cinco gols, três deles em amistosos.

Os jogos da Seleção contra equipes mais fracas, em busca de dinheiro por cotas de venda de partidas, foram instituídos apenas na gestão Ricardo Teixeira, a partir de 1989. E a gestão Marín (e provavelmente a de Marco Polo Del Nero, que assume a CBF em 2015) segue a cartilha. Ou seja, é provável que Neymar ainda pegue muitas equipes de baixo nível, potencializando a chance de o atual capitão subir posições na lista de artilheiros.

Média alta
Porém, é verdade também que o atacante ainda não teve tantas chances com a Seleção profissional em competições: são apenas 14 jogos (cinco no Mundial-2014; cinco na Copa das Confederações-2013; e quatro na Copa América-2011). E, nessas partidas, ele é tão eficiente quanto nos amistosos. São 10 gols, com uma média de 0,71 por duelo, exatamente a mesma do número global (40 gols em 56 jogos). Assim, ele já é o terceiro mais produtivo com a camisa da Seleção, superando até Ronaldo e ficando atrás apenas de Leonidas (1), Pelé (0,82) e Romário (0,79) em gols por partida.

Agora, o craque da atual geração vê Jairzinho (44 gols) e Zico (48) como os próximos alvos, mas não deve ter muitos problemas para superá-los. Se mantiver a média de gols avassaladora, chegaria ao feito ainda no ano que vem. Isso porque a Seleção pode jogar até 16 vezes até o fim de 2015, caso chegue à decisão da Copa América — seriam mais 11 gols. São 10 datas Fifa (entre amistosos e Eliminatórias para a Copa da Rússia) e mais seis jogos na competição continental.

Em 2016, com a disputa de edição especial da Copa América, a Centenária, seria a vez de os eternos Romário e Ronaldo serem alcançados. Neymar teria mais 16 jogos (10 datas Fifa e mais seis da Copa América) e, com a média de 0,71 gol por partida, chegaria a 62. Nesse ritmo, o atual camisa 10 igualaria a marca de Pelé em 2019, aos 28 anos. Para isso, teria que chegar à final da Copa do Mundo de 2018, na Rússia, e à final da Copa América de 2019. A tarefa não é fácil, mas sempre haverá uma Bolívia ou um Panamá no caminho para tornar essa jornada mais simples.