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Agonia e glória

postado em 10/11/2012 19:15

Bernardo Scartezini
bernastones@hotmail.com

Quis o destino, esse brincalhão, que Fluminense e Palmeiras se encontrassem a esta altura do campeonato.

Pode até ser que o encontro de amanhã não defina de vez a sorte dos dois times na temporada. Mas ela já parece ter sido cantada. Sobre o rebaixamento do Palmeiras, ainda não convém falar. Seria de toda maneira deselegante. Mas podemos dizer que a conquista desse Fluminense, certinho & arrumadinho, nos confirma uma tendência mui explícita dos últimos campeões nacionais.

Parece batata que essa fórmula de pontos corridos, tão justa e europeia, acaba por privilegiar o tipo de trabalho que Abel Braga aqui nos apresenta: um time imune a sobressaltos, um time que tem no coletivo sua principal virtude, um time que não vai se afobar agora pois pensa ali adiante.

Lembra muito o Corinthians do ano passado. Lembra muito o São Paulo übercampeão de Muricy Ramalho. Lembra também o Flu de Muricy.

Repassando a lista de campeões do Brasileiro no atual formato, batem-me apenas duas exceções num rol de equipes corretinhas & pragmáticas. Uma é o Cruzeiro de 2003: um dos mais eficientes exemplares de futebol ofensivo de todos os tempos. Outra é o Flamengo de 2009: cuja arrancada perverteu em definitivo a fria lógica dos números e das probabilidades.

E me parece relevante que o mais divertido & vibrante time dos últimos tempos — o Santos de Ganso & Neymar — não tenha conseguido o título de campeão brasileiro de futebol. É para se pensar, não é mesmo?

Enquanto isso...

Sempre fui a favor de o Flamengo reabrir suas portas para o Adriano. Por gratidão e civilidade. Do jeito que aconteceu, no entanto, era um tanto óbvio que daria errado.

Permita-me, por obséquio, ser o mais claro possível: Adriano está doente — e doentes não podem treinar com jogadores de futebol, não podem ser tratados como reforços por dirigentes de futebol e não podem ser levados a dar coletivas de imprensa quando somem por um dia ou dois.

Adriano só poderá se recuperar com carinho, camaradagem e profissionalismo. Essa diretoria do Flamengo jamais teve nenhuma dessas virtudes. Adriano só foi recebido por lá numa manobra eleitoreira de Patrícia Amorim.

Com um bocadinho de sorte, logo o Fla estará livre dela e de sua turma. É apenas nesse ponto que a recorrente e melancólica ladainha de Adriano pode se mostrar correta: talvez 2013 seja mesmo uma outra história, talvez.

E quando vai ser mesmo a eleição no Vasco? Roberto Dinamite, baita jogador, como dirigente se revela uma Patrícia Amorim.

Dois meses após a saída de Cristovão Borges, Marcelo Oliveira também pede o boné. Dois demissionários no mesmo certame. Nada mal para um clube que nem passou perto da zona de rebaixamento. Detalhe: Marcelo Oliveira chegou e foi embora sem ter ganhado um centavo.

Agora, os cartolas do Vasco querem que Ricardo Gomes antecipe seu retorno ao futebol. Pobre Ricardo Gomes.

(Em tempo... Por conta dos royalties do pré-sal, o governador Sergio Cabral Filho disse que o Rio-2016 está ameaçado. Opa. Por mim, pode cancelar. Onde eu assino?)