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A nova ordem mundial

postado em 22/12/2012 10:27

Bernardo Scartezini
bernastones@hotmail.com

Licença. Estou chegando atrasado na festa dos outros. Peço, portanto, a paciência do amigo leitor para deixar por aqui duas ou três impressões sobre o Corinthians e sua grande conquista.

Muito foi dito, antes do último domingo, sobre o equilíbrio entre Corinthians e Chelsea. Sob esse ângulo, tenho para mim que Rafa Benítez foi de uma decisiva infelicidade. Ele bem poderia ter saído jogando com Ramires e Lampard no meio, com os garotos Oscar e Hazard mais à frente.

Rafa Benítez, chegando agora ao Chelsea, tinha pouco — nada? — a perder. Mas não peitou a parada e, quando meteu Oscar em campo, a vaca já tinha ido para o brejo.

Talvez Oscar tivesse tido pouca serventia, tu bem podes dizer, diante do quanto o Corinthians corria e marcava e lutava, etc. Verdade. Nunca saberemos. O fato é que Tite, como Benítez, também foi mui pragmático aquele dia. Mas Tite levou a melhor.

Tite barrou Douglas, como os informes que chegavam do Japão davam a entender desde a véspera, mas no lugar dele não meteu o espoleta Romarinho, não. Meteu o Jorge Henrique. Tite tirou um armador para meter um atacante cuja maior virtude é correr atrás dos defensores adversários.

Por isso me encanta o tanto que a crônica desportiva elogia Tite. Imagine agora se o Corinthians tivesse sido batido por um Chelsea em ofensiva voracidade. Será que a aprovação em torno do técnico teria sido unânime como tem sido nos últimos dias?

O louvor a Tite, me parece, tem dois motivos fundamentais. O primeiro, claro, é a ficha corrida da equipe desde a conquista do título nacional da temporada passada. Em instante algum o time se acomodou ou deixou cair o ritmo. Esse clima de permanente dedicação se deve ao seu chefe.

O segundo motivo para o auê em torno de Tite remete ao vexame do Corinthians diante do Deportivo Tolima num já longínquo fevereiro de 2011. Ali parecia batata que o treinador teria seu escalpo entregue à torcida.

Todo mundo adora uma boa história de superação. E a imprensa desportiva não é diferente. A saga de Tite, entre o Tolima e o Chelsea, é uma dessas histórias.

E aqui podemos tirar a primeira lição que este admirável Corinthians pode ensinar. A lição de que mais vale apostar em quem se confia, do que apelar para a saída mais fácil — e fritar um caboclo desses a cada seis meses.

O fato de essa lição nos ter sido ministrada pelo senhor Andrés Sanchez, o tão polêmico ex-presidente corintiano, é uma dessas adoráveis cerejinhas que faz o nosso futebol brasileiro ser esse circo de contradições que tão bem conhecemos.

A outra lição imediata que podemos tirar do sucesso corintiano é tão intrigante, fascinante, que eu vou apenas deixá-la no ar...

O Corinthians não tinha conquistado nada além de títulos estaduais até 1990. Hoje, o time é duas vezes campeão mundial, campeão sul-americano e cinco vezes campeão brasileiro de futebol.

O Corinthians conquistou isso tudo em pouco mais de 20 anos. Te pergunto: o que será que isso nos diz sobre este clube e sobre os demais clubes brasileiros? Hein?