Fred Melo Paiva
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DA ARQUIBANCADA

A guerra dos sexos

"Acordamos tarde para a suruba do Campeonato Brasileiro, quando não havia mais espaço na king size. Ficamos de voyeur ao pé da cama. Pior, ficamos na torcida"

postado em 02/12/2017 12:00

Bruno Cantini/Atlético
E chega ao fim o certame que muito provavelmente estará entre os mais brochantes da nossa história. O atleticano sonhou dormir com Angelina Jolie mas acordou com a iraniana que fez 50 cirurgias para parecer com Angelina Jolie, infelizmente, sem sucesso – transformou-se, no máximo, na Noiva Cadáver do Tim Burton. É nóis.

Com a conquista do Campeonato Mineiro, ejaculamos precocemente, naquele sexo repetido, mecânico e banal, que é vencer o Crüzëirö (eua sei que você treme, mas isso já não basta). O que veio em seguida foi o cigarrinho maroto à beira da cama. Enquanto outros se empenhavam nas preliminares e, depois, nas vias de fato, viramos para o lado e dormimos a pestana dos justos de conchinha com a gente mesmo. Lamentável performance, companheiros, e não se pode reclamar se alguém gozar da nossa cara.

Acordamos tarde para a suruba do Campeonato Brasileiro, quando não havia mais espaço na king size. Ficamos de voyeur ao pé da cama. Pior, ficamos na torcida. O torcedor de suruba é um dos mais tristes personagens da história da putaria desde Maria Madalena: vai, Corinthians, já ganhou mesmo, agora mete o ferro em todo mundo! O mesmo se deu no swing da Sul-Americana: enfia mais, Flamengo, quem sabe assim não abre vaga no mexe-remexe do ano que vem! Que indignidade, pessoal, ser obrigado a torcer pelo Flamengo... Pra isso me tranquei no quarto – ninguém sabe o que se passa entre quatro paredes.

Abraçar o Grêmio é tarefa menos árdua, já que se trata de uma torcida coirmã, e entre as duas não há registro de nenhuma sacanagem. Duro é torcer pra Renato Gaúcho – duro não, mole: brochante como passeio de sunga na Serra Gaúcha durante nevascas de inverno.

A última vez que torcemos por Renato Gaúcho foi na Selegalo de 1994, quando ele perdeu dois pênaltis no mesmo jogo. Desgraçado, com aquela fitinha nojenta na cabeça... Antes, tinha feito o terceiro do Flamengo em cima da gente, na Copa União. Bastou para nos desunirmos irremediavelmente. Mas como desgraça de atleticano é sempre muita, lá estávamos nós no pé da cama a aplaudir sua acachapante performance. Reconheçamos: Renato é agora o Rocco Siffredi das Américas – ou pelo menos de suas partes baixas. No Mundial, o segundo a ser comido será mexicano ou marroquino (o primeiro é o Aécio), o Real será o terceiro.

Com tudo dando certo apesar de errado (o importante é dar), a king size aumentou de tamanho e estamos agora na bica de infiltrá-la como elemento surpresa. Hummmmm. Alguns integrantes da grande suruba do Brasileirão dão sinais de que jogaram a toalha (se bem que, em se tratando de suruba, melhor dizer que estão reavendo as mesmas, com o propósito de retirar-se da refrega). O Flamengo não levanta mais. O Botafogo idem, mesmo com a mãozinha do Crüzëirö – handjob, em inglês. A Chapecoense será expulsa da brincadeira por um desesperado Coritiba que, safadinho, safa-se sempre no final. O Vasco já tá lá dentro, como diriam os Willys, original e cover, em suas pornográficas narrações.

É aí que entramos nós. Livres, leves e soltos. Aos 48 do segundo tempo. Pela porta dos fundos, dirão os críticos e os fetichistas. Foda-se, diremos nós: o importante é chegar lá.

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