Em 1987, o Flamengo só chegou às semifinais da Copa União porque o Atlético de Telê Santana ganhara, invicto, os dois turnos do campeonato que prometia mudar a história do futebol brasileiro. Enfrentou justamente o Galo, vencendo as duas partidas e perpetrando uma daquelas injustiças que marcaria pra sempre toda uma geração de atleticanos que acreditaram na desforra de 1980 e 1981 – quando o Flamengo de José de Assis Aragão e José Roberto Wright ganhou da gente na mão grande.
Era pra Deus ter começado ontem a escrever o roteiro dos nossos sonhos: entraríamos na Libertadores pela porta dos fundos, na aba do chapéu de flamenguistas e crüzëirënsës. Desacreditados para 2018, renasceríamos como uma fênix em forma de galinha voadora, ostentando a crista do Galo assim como Frida Kahlo possuía um bigode. Tiraríamos o Flamengo, ganharíamos como sempre do Crüzëirö.
O problema, nosso e do Flamengo, é que as coisas só dão certo para o Galo quando o atleticano acredita. E o atleticano pode até ter acreditado que tava torcendo pelo Flamengo. Mas, lá no fundo, e independentemente de sua escolha, torceu contra. Eu mesmo confesso: a cada imagem de um flamenguista chorando no Maracanã nos minutos finais da decisão, mais sorria minha alma carcomida de atleticano sofredor.
Se o Galo merecia a sexta Libertadores consecutiva, é porque o Galo merece tudo sempre, tão sacaneado que foi em seu passado. Mas, vai ver, aquilo que merecemos e tanto sonhamos não é exatamente a Libertadores 2018. Lembremos da errática caligrafia do sósia de Karl Marx: Ele escreve certo por linhas tortas. E o Flamengo que se dane.