Fred Melo Paiva
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DA ARQUIBANCADA

Uma análise tática do revolucionário Corinthians de Carille

Agora, estamos diante da terceira revolução: o Corinthians de Carille e sua incrível 'linha de três flutuante'

postado em 28/04/2018 09:30 / atualizado em 28/04/2018 09:52

Daniel Augusto Jr./Corinthians
O Corinthians que enfrenta o Atlético no Independência amanhã será ofensivo e buscará a vitória a qualquer custo – ainda que para isso precise recorrer a empréstimos bancários. Além da liderança na tabela, os comandados de Carille defendem uma revolução na maneira como se pratica o futebol. Tite estará presente, quem sabe para aprender um pouco.

A primeira grande revolução do futebol se deu com o Carrossel Holandês – ou Laranja Mecânica – de 1974, bolado por Rinus Michels e posto em prática por Johan Cruyff. A segunda veio com a Seleção Brasileira de 1982, mas consagrou-se mesmo no “tiki-taka” do Barcelona de Guardiola (e, antes, do mesmo Cruyff). Agora, estamos diante da terceira revolução: o Corinthians de Carille e sua incrível “linha de três flutuante”.

Trata-se de acrescentar ao tradicional 4-2-3-1 a nova linha de três que ora poderá compor um defensivo 3-4-2-3-1, ora um equilibrado 4-2-3-3-1, ora, ainda, um ofensivo 4-2-3-1-3. Para que seus jogadores não se percam no emaranhado tático, Carille buscou inspiração no líbero do vôlei, aquele que usa camisa diferente do restante da equipe. No caso de sua linha flutuante, escolheu o amarelo, de modo a destacar-se das demais.

O chamado “cabeça de linha” porta ainda um apito, com o qual sinaliza aos outros dois a hora certa de entrar em ação. Estes por sua vez carregam pequenas bandeiras, com as quais apontam a jogada ensaiada. Certamente uma homenagem ao Pique-Bandeira, que em São Paulo tem nome mais sugestivo: Rouba-Bandeira.

Apesar do destaque de sua linha flutuante, o Corinthians tem optado pelo rodízio neste setor do campo. Para o jogo de amanhã, o técnico preferiu não fazer segredo. Vai de Dewson Fernando Freitas da Silva, Helcio Araujo Neves e Heronildo Freitas da Silva, talentos trazidos do Pará por olheiros do clube. A CBF confirmou a escalação. Tite estará de olho.

Embora conte apenas com três jogadores em sua linha revolucionária, não se pode desprezar o elemento surpresa a auxiliá-la. No Corinthians de 2018, o elemento surpresa não chega por trás, como de costume – ele vem pelo ponto, instalado no “cabeça de linha”.

Na final do Campeonato Paulista, contra o Palmeiras, este elemento surpresa é quem deveria ter erguido a taça, tamanha sua importância na conquista do título. Mas, em jogada de mestre, preferiu-se manter sua identidade em sigilo, de modo a continuar sendo uma surpresa quando tiver de atuar novamente.

A repercussão (inclusive internacional) do revolucionário esquema corintiano tem causado desconforto entre os que se julgam os verdadeiros donos da ideia. O Flamengo, que brigou na Justiça pela taça das Bolinhas, teria ingressado com ação na Fifa contestando a patente do Corinthians como inventor da “linha de três flutuante”. Baseando-se no sucesso dos irmãos Wright ao reivindicar a invenção do avião em detrimento de Santos Dumont, o clube carioca deve apresentar José Roberto Wright como testemunha fundamental de que tava nessa muito antes de Carille.

É possível vencer o carrossel corintiano em seu 4-2-3-1-3? É possível anular seu elemento surpresa? Difícil, mas não impossível. Diante da modernidade de Carille, que se ergam os punhos, os sinalizadores e os copos de chope: CONTRA O FUTEBOL MODERNO! Concentremo-nos em nossas velhas armas. O chute do Otero, a raça do Luan, a técnica do Blanco, o gogó da Massa. Sobretudo, concentremo-nos na mãe de Dewson, o cabeça de linha. Como na crônica deste escriba em 26 de maio de 2012: “Ganhar do Corinthians é um dever cívico”. Que assim seja.

Ps. Bem-vindo, Emerson! Obrigado, Felipe Santana; obrigado, Hyuri – por nada.

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