Fred Melo Paiva
None

DA ARQUIBANCADA

O Galo de Róger Guedes será a Itália de Paolo Rossi. Falou o Pai Dinah

"Fica vedada a partir desta publicação a retirada dos jogadores Luan, Blanco e Adílson de qualquer partida, em qualquer hipótese. Cumpra-se"

postado em 05/05/2018 12:00 / atualizado em 05/05/2018 13:04

Bruno Cantini/Atlético
O leitor que acompanha esta ladainha semanal sabe da minha indisfarçável ignorância com relação aos esquemas táticos. Não por outro motivo me refugio na arquibancada, onde me formei em matéria de Atleticanidade, sobrevivendo a copos de xixi que voavam sobre nossas cabeças, hordas de atleticanos bêbados (eu incluso) se digladiando por mais um chope, bombas, sinalizadores, papel picado pegando fogo no final da peleja, a cadeira do trocador sendo arremessada pela janela do balaio na volta pra casa. Sem contar a sessão de descarrego que é o normal dos adeptos da Igreja Universal do Reino do Galo em seus cultos realizados toda quarta e todo domingo.

Sábado passado, porém, me arvorei a PVC e Mário Marra, destrinchando o esquema tático do Corinthians 2018, cuja “linha de três flutuante” seria uma evolução do mesmo estratagema usado no passado recente – quando dois pontas corriam abertos pelas laterais, enquanto um outro se infiltrava pelo meio. Todos vestindo amarelo e portando instrumentos para sinalizar aos demais o momento de entrar em ação. A saber, um apito e duas pequenas bandeiras.

A revelação do revolucionário esquema de Carille configurou-se um furo jornalístico de dimensão nacional. Agradeço às centenas de mensagens que recebi, vindas inclusive de leitores de São Paulo, sobretudo palmeirenses e são-paulinos. Corintianos parecem não ter apreciado tanto quanto estes o meu esforço analítico. A razão disso eu não sei.

Tão logo a “linha de três flutuante” se apresentou na defesa evitando o primeiro gol do Atlético, domingo passado, fui elevado à condição de um Pai Dinah capaz de cantar a bola antes. Não me vanglorio, até por preferir o reconhecimento como um novo PVC. Mas, sem falsa modéstia, pode creditar a este escriba os três pontos conquistados, inclusive pelo Independiente no meio da semana: meu incrível furo deixou desnudo o esquema. Isso sim é jornalismo, o resto é armazém de secos e molhados.

Na quinta-feira, sem poder brigar com os fatos, o próprio Corinthians emitiu nota no Twitter confirmando o conteúdo das minhas revelações jornalísticas: “Sempre fomos e sempre seremos mais que 11 dentro de campo”, dizia o post. O perfil do Íbis Sport Club, o pior time do mundo, congratulou os colegas de São Paulo: “Mais que 11 dentro de campo... Sinceridade é tudo hoje em dia”, e seguiam os muitos emojis de aplausos. Que fase...

A Alemanha derrubou a Laranja Mecânica em 1974. A Itália bateu o Brasil de 82. Alemanha e Itália acabaram campeãs, embora duas das principais revoluções na maneira de se jogar futebol tenham sido operadas pela Holanda de Cruijff e pelo Brasil de Luizinho, Cerezo e Éder (e Paulo Isidoro e Reinaldo e João Leite). O Atlético venceu a terceira revolução representada pela “linha de três flutuante” de Fábio Carille. Seremos campeões. No lugar da improvável Itália de Paolo Rossi, o improvável Galo de Róger Guedes. Falou o Pai Dinah.

Para que a bola de cristal funcione a contento, é imperativo que o time deslanche na maratona dos próximos 15 dias. Entre o jogo de hoje contra o São Paulo no Morumbi e aquele contra o Cruzeiro, em 19 de maio, teremos as partidas de volta contra San Lorenzo e Chapecoense, além do ótimo Atlético do Paraguai pelo Brasileirão. Assinemos embaixo o decreto do amigo Zeca Espora: “Fica vedada a partir desta publicação a retirada dos jogadores Luan, Blanco e Adílson de qualquer partida, em qualquer hipótese. Cumpra-se”.

Tags: atleticomg