Fred Melo Paiva
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DA ARQUIBANCADA

Eu te amo, Levir, que seja eterno enquanto dure!

"Espero que não tenha abandonado seu apreço pelo ataque. Espero que instaure de novo o esquema 0-0-10, mundialmente conhecido como Galo Doido"

postado em 20/10/2018 12:00

Bruno Cantini / Atlético


Parabéns ao Cruzeiro, que teve a coragem de adotar a fórmula de Alexandre Kalil: em momentos de iminente desastre, invista, monte um time espetacular, dispute tudo para vencer. Se der errado, você estará na merda, mas ok – afinal, era lá mesmo que você se encontrava, e o simples fato de fazer algo para livrar-se dela já contém um inegável mérito. Agora, se der certo, você levanta a taça, faz história, valoriza seus atletas, firma os melhores patrocínios, multiplica torcedores, bota a mão na gorda bufunfa das premiações e inaugura o círculo virtuoso das temporadas seguintes. Em suma, você vira o jogo.

Diante do iminente desastre, o Atlético escolheu ser medíocre. A começar por sua presidência e diretoria, cansadas de passar recibo da absoluta incompetência. Imagine uma reunião de planejamento envolvendo essas pessoas. Duvido que sejam capazes de planejar a própria reunião. Imagine esse pessoal fazendo prognósticos e estabelecendo metas, quando não parecem saber sequer a hora em que estão com fome. Ao final, alguém deve redigir a ata no guardanapo, com o papel sobre a coxa.

Diante do iminente desastre, não fomos ao mercado. Fomos à feira vender jogadores a preço de banana e comprar uma penca de cabeças de bagre. Uma performance brilhante no time dos solteiros da firma poderia garantir a você um contrato no Atlético. Por outro lado, uma visita à sala de troféus e, de repente, poderia sair de lá vendido para a China. Ou repassado de graça para capinar o lote no estádio do Palmeiras. Assim foram-se Otero, Róger Guedes, Marcos Rocha, Bremer. Vieram Edinho e Zé Welison (o processo de mediocrização do elenco, registre-se, tem um marco inicial: quando a gestão anterior troca Pratto por Fred, meu Deus, onde estávamos com a cabeça?).

Imagine a reunião de planejamento. Na primeira parte, fazem-se longos colóquios sobre a arquitetura do time, ficando acertada a necessidade de uma contratação pontual. Depois do café, vende-se o time inteiro. Marca-se nova reunião. Metas anteriores ficam esquecidas no guardanapo. Negocia-se o atleta, até ontem fundamental, decide-se a contratação pontual com base no DVD em que a grande revelação do infantojuvenil da Bolívia faz embaixadinhas com a tampa da Coca-Cola, agora basta pensar nos outros 10. Marca-se nova reunião.

O Atlético é como aquela rádio de notícias: em 20 minutos tudo pode mudar. Menos Alexandre Gallo, o que não faz jus ao nome. Esse é igual ao Michel Temer – não adianta delação, áudio, mala de dinheiro filmada. Para tirá-lo, só se ele cometer um assassinato ao vivo na televisão. É o caso de Gallo. Aliás, Gallo se chama Alexandre Tadeu Gallo, e devíamos parar imediatamente de falar “Gallo”, porque isso também já é autoflagelo. Gallo nada, é o Tadeu! Como eu ia dizendo, Tadeu é irremovível. O que fez Tadeu que o qualifica para o cargo? O que mais precisará fazer Tadeu para provar sua total incapacidade? Tadeu já deu!

Agora vem aí Levir Culpi (foto), o cara legal. Eu realmente amo o Levir. Espero que não tenha abandonado seu apreço pelo ataque. Espero que instaure de novo o esquema 0-0-10, mundialmente conhecido como Galo Doido. Chega de tentar consertar a defesa! Voltemos às vitórias por 5 a 3, 4 a 2, 7 a 5. Com a proximidade das eleições e o futuro que se desenha, vamos precisar muito do ópio do povo. E ninguém é capaz de administrar doses mais cavalares do que Levir Culpi.

Trigésimo sexto técnico do Atlético neste século (informa DataToddy), Levir deve ter dito à sua esposa: “Vou ali comprar um cigarro e já volto”. Tendo vindo, sugiro que jamais vá embora. Que vire nosso Alex Ferguson, o técnico que comandou o Manchester United de 1986 a 2013. Proponho ainda uma economia, na linha da austeridade em vigor: Levir deveria acumular os cargos de técnico e diretor de futebol, substituindo Tadeu. Suas entrevistas sensacionais viriam em dose dupla, e isso seria maravilhoso porque é sempre importante deixar claro como os japoneses são melhores que a gente. Eu te amo, Levir, que seja eterno enquanto dure!

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