Fred Melo Paiva
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DA ARQUIBANCADA

Notícias do hospício

A tática consiste na compactação de todos os jogadores em uma única linha de onze, que atua na parte defensiva do campo. O modelo, conhecido como 11-0-0

postado em 16/03/2019 12:00

<i>(Foto: Bruno Cantini/Atlético)</i>

Na última terça-feira, em jogo válido pela segunda rodada do torneio amador Desafio ao Galo, o Atlético entrou em campo com Patric, Fábio Santos, Patric, Fábio Santos e Patric; Fábio Santos, Patric e Fábio Santos; Patric; Fábio Santos e Patric. Depois de estrear com derrota em casa diante do experiente Serra Serra Serrador, do Paraguai, o time precisava da vitória. Dessa forma, buscou surpreender o adversário com um esquema experimental desenvolvido pelo escritor Levir Culpi, autor do best-seller Um Burro com Sorte, ganhador do Prêmio Jabuti por sua lentidão e ineficácia.

A tática consiste na compactação de todos os jogadores em uma única linha de onze, que atua na parte defensiva do campo. O modelo, conhecido como 11-0-0, é inspirado no futebol americano. Quando o jogador recupera a bola, parte sozinho em direção ao gol, acompanhado dos demais em desabalada carreira. Se for o caso, mete-se um bico pra frente. O esquema revolucionário seria o oposto da já manjada Laranja Mecânica, inventada pelo PSL na Holanda, onde bebês são masturbados pela ministra Damares.

Infelizmente a proposta não logrou sucesso e o Atlético foi novamente derrotado, dessa vez pelo Nacional do Amazonas, no Uruguai. Antes do jogo, um torcedor foi flagrado bolando um baseado na arquibancada, o que claramente desestabilizou o time brasileiro. “Aquilo foi um atentado contra o cidadão de bem”, disse o presidente do Atlético, o coronel Sette Flechas.

Avisado sobre o grave incidente, o chanceler Ernesto Araújo tomou suas providências, incluindo a dose noturna de seu Gardenal. Tropas foram deslocadas à fronteira e, num gesto humanitário, o presidente disponibilizou os 117 fuzis que se encontravam disponíveis em seu condomínio em Miami.

Atuando em campo inimigo, e cercado por maconheiros, o Atlético teve seu lado psicológico prejudicado, em jogo que deveria ter sido adiado em respeito inclusive ao cidadão de bem que assistia à partida com sua família em casa depois de comemorar a morte de Marielle e do neto de Lula. Perdeu por 1 a 0 mas poderia ter sido pior. “Jogamos muito bem, apenas não soubemos aproveitar as chances que criamos, a equipe está no caminho certo”, afirmou um dos Patrics à saída do campo, claramente sob efeito da nuvem tóxica que pairava sobre a arquibancada.

No vestiário, jornalistas desejaram saber a avaliação do escritor Levir Culpi a respeito da aplicação prática de suas teorias, desenvolvidas no Japão, onde ninguém joga bituca de cigarro no chão. Um dos presentes questionou o Jabuti a respeito da opção por Patric, que estava com febre, quando havia outros Patrics no banco. O repórter de uma rádio lembrou que o time caiu de produção nos dois últimos jogos, justamente quando se introduziu o novo e revolucionário esquema que espremeu a Laranja, menos o Queiroz. “E daí?”, respondeu o sábio escritor. Não há como não concordar.

Amanhã, o Atlético volta a campo, contra o América, dessa vez pela Copa Kaiser. Com o apoio de Donald Trump, principal articulador da campanha “Make América Great Again”, não deve encontrar mamata, até porque a mamata acabou. O torcedor que vai ao Mineirão deve estar atento à interdição da Praça Sete, no centro da capital, onde está previsto o pouso de uma nave espacial e o desembarque de extraterrestres. Não se sabe ainda se os ETs irão ao jogo para ver Patric e Fábio Santos.

Ps. Esta coluna lamenta as mortes dos estudantes de Suzano por armas de fogo, motivo pelo qual congressistas desejam ampliar o acesso às armas de fogo. Esta coluna celebra a prisão dos mandantes do crime de Marielle e se espanta com aqueles que, no Congresso Nacional, interromperam homenagens à vereadora morta com latidos de cachorro. É ou não é um hospício?

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