Apressado paga língua

A segunda rodada da Liga dos Campeões da Europa foi concluída ontem (com média de 3,06 gols por partida) e já tem muita gente por aí querendo dar uma de profeta do apocalipse, cravando que alguns dos cotados ao título nem sequer terão vida longa na competição. É fato que Real Madrid (foto), Paris Saint-Germain, Manchester City e Liverpool já experimentaram o sabor da derrota e o Bayern de Munique tropeçou, tendo mais dificuldades do que o esperado, mas acredito ser muito cedo para falar em ‘terra arrasada’.

Basta lembrar do que aconteceu na última edição com o Real Madrid, por exemplo. A equipe merengue teve dificuldades na primeira fase, terminou em segundo lugar, mas depois deslanchou, eliminando os gigantes que cruzaram seu caminho para faturar o terceiro título consecutivo. Sim, Cristiano Ronaldo não está mais no grupo e, sem ele, o time sofre certa abstinência ofensiva (não balançou as redes nas últimas três partidas), mas nem por isso os merengues devem ser descartados. A fase de grupos dá chance de recuperação, permite tropeços.

É preciso destacar que a temporada europeia está só começando. Nas principais ligas do continente, foram disputadas apenas sete ou oito rodadas. Some-se a isso o fato de que muitos dos principais jogadores tiveram férias um pouco maiores, em função da participação de suas seleções na Copa do Mundo da Rússia. Natural que as equipes demorem um pouco para engrenar, principalmente aquelas que promoveram mudança em seu comando técnico.

Assim como é cedo para fazer previsões pessimistas, também é preciso não se empolgar demais com resultados como a goleada de ontem do PSG. Com novo posicionamento em campo – agradeça ao técnico Thomas Tuchel – e três gols, Neymar brilhou diante do Estrela Vermelha, mas terá que mostrar valor na hora em que chegarem os mata-matas. Não duvido de seu talento (ninguém chega a 30 gols na Champions à toa), mas ele precisa ser decisivo na hora que “está valendo”...

Antes do início da disputa, arrisquei o pescoço apontando Barça e City como favoritos ao título. Terei que ampliar o leque e acrescentar Juventus e PSG. Vai faltar só combinar com as bolinhas na hora do sorteio das oitavas de final.

O Arsenal terá desfalque hoje para enfrentar o Qarabag pela Liga Europa: o meia-atacante Mkhitaryan. Mas ele não está contundido nem suspenso. Não atuará porque o Azerbaijão proíbe entrada de armênios no país. Os conflitos vêm de 1921, quando, ainda no âmbito da União Soviética, Stálin decidiu que a região de Nagorno-Karabakh, de maioria armênia, se tornaria subdivisão administrativa da recém-criada República do Azerbaijão. Em 1991, a região declarou independência e as tensões acumuladas estouraram, levando a uma violenta guerra. Um cessar-fogo até foi assinado em 1994, mas o rancor entre os povos permanece. O detalhe é que o Azerbaijão sediará a final da Liga Europa, em 29 de maio de 2019. E se o Arsenal chegar à decisão?

Enquanto o PSG alcançou o melhor início na história do Campeonato Francês, com oito vitórias consecutivas, o Monaco vive momento oposto: mesmo com grandes jogadores no grupo, está na zona do rebaixamento (18º lugar), com apenas 6 pontos. O time começou vencendo o Nantes (3 a 1), mas depois foram três empates (Lille, Toulouse e Nimes) e quatro derrotas (Bordeaux, Olympique, Angers e Saint Etienne). Pra piorar, já são duas derrotas na Liga dos Campeões. Pressão demais para o técnico português Leonardo Jardim. O ‘recomeço’ pode ser contra o Rennes (16º, com 8 pontos). Quem te viu, quem te vê...

Outra joia do futebol africano está pintando: trata-se de Musa Barrow, atacante de Gâmbia, de 19 anos e 1,83m, que pode atuar pela esquerda ou mais centralizado. Com habilidade, poder de fogo e boas conclusões, foi descoberto pelo Atalanta, que o buscou em 2016 para atuar em suas categorias de base, onde marcou 19 gols em 15 partidas. Neste ano, foi promovido ao time de cima em fevereiro (quatro gols em 11 jogos, mesmo sem ser titular). Com contrato até junho de 2023, já tem gigantes no seu encalço: Chelsea, Juventus, Internazionale, Lazio, Borussia Dortmund... Resta saber por quanto tempo o time de Bérgamo conseguirá resistir.