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BOLA MUNDI

Ganância pode matar a Champions

A ideia de uma Superliga pode parecer meio estúpida, mas pode ser facilmente explicada pela guerra de poder entre os cartolas

postado em 08/11/2018 09:30 / atualizado em 08/11/2018 09:34

AFP

Jogos emocionantes como os de ontem, estrelas do peso de Cristiano Ronaldo, Messi e Neymar em campo, estádios lotados, transmissões para milhões de pessoas no mundo todo e rendas milionárias. Esse pode ser, a grosso modo, o resumo da Liga dos Campeões da Europa. Mesmo assim, nesta semana o vazamento de e-mails, revelados pela revista alemã Der Spiegel, trouxe à tona assunto que se arrasta desde os fins dos anos 1990: a possível criação de uma Superliga envolvendo os maiores clubes do continente e alguns ‘convidados’. A ideia de uma Superliga pode parecer meio estúpida, mas pode ser facilmente explicada pela guerra de poder entre os cartolas.

Para entender, é preciso voltar um pouco no tempo. A tensão entre dirigentes e clubes aumentou a partir do momento em que Gianni Infantino assumiu a presidência da Fifa, em fevereiro de 2016, em substituição a Joseph Blatter, afastado por envolvimento em escândalo de corrupção. De olho na grana de mercados como da Arábia Saudita, Emirados Árabes, Estados Unidos e China, Infantino planeja ampliar o Mundial de Clubes (a partir de 2021), que passaria a ter 24 equipes e seria disputado apenas de quatro em quatro anos, com premiação bilionária. Só que a ideia não caiu bem entre os gigantes europeus...

Os e-mails vazados revelam que o Bayern de Munique chegou a fazer uma consulta jurídica sobre a possibilidade de sair da Champions e até mesmo da Bundesliga. Estariam ao lado dele na Superliga Real Madrid, Barcelona, Atlético de Madrid, Manchester United, Manchester City, Chelsea, Arsenal, Liverpool, PSG, Olympique Marselha, Juventus, Milan, Roma, Internazionale e Borussia Dortmund. Com medo de perder a “galinha dos ovos de ouro”, a Uefa reagiu imediatamente e prometeu brigar contra a criação do torneio.

Mas não se enganem ao pensar que Aleksander Ceferin, presidente da Uefa, é um aliado de Infantino. Muito antes pelo contrário: a criação neste ano da Liga das Nações – torneio de seleções europeias – disputado exatamente nas chamadas “Datas Fifa”, foi vista como um tapa de luvas na entidade maior do futebol por praticamente fechar o continente para o restante do planeta bola. No fim, a conclusão é uma só: esta é uma briga em que ninguém tem razão e só o futebol tem a perder. Lamentavelmente.

Hora de campeões
O fim de semana revelará mais dois campeões continentais. Amanhã, Al Ahly (Egito) e Espérance (Tunísia) decidem a Liga dos Campeões da África. Na ida, os faraós, que já levaram o título oito vezes, fizeram 3 a 1. Os tunisianos buscam a terceira taça. No sábado, Persépolis (Irã) e Kashima Antlers (Japão) disputam o troféu asiático, inédito para ambos. No primeiro duelo, 2 a 0 para os nipônicos, com gols brasucas de Leo Silva e Serginho. No Mundial de Clubes (12 a 22 de dezembro, em Dubai), o campeão asiático estreará contra o Chivas Guadalajara (México), de olho em possível confronto com o Real Madrid nas semifinais. O vencedor africano encara quem passar do duelo Al Ain (Emirados Árabes) e Wellington (Nova Zelândia).

Cautela com prodígio
Nesta semana, o paraguaio Fernando Ovelar (14 anos e 302 dias), do Cerro Porteño, ganhou destaque ao fazer um gol no clássico com o Olimpia. Mas ele não é o mais jovem a marcar em campeonato de Primeira Divisão. O armênio Armen Ghazaryan tinha 14 anos e 215 dias quando balançou as redes no duelo Shirak x Lori, em 2002. Só que acabou “não vingando” depois. Algo semelhante ocorreu com o boliviano Mauricio Baldivieso, lançado por seu pai e treinador (Julio César Baldivieso) em um jogo do Aurora, em 2009, poucos dias antes de completar 13 anos. Após rodar por muitos clubes, hoje, com 22 anos, atua no modesto San José, também da Bolívia. Pelo que mostrou até aqui, Ovelar tem tudo para não repetir essa “sina”...

Quando tá valendo...
A definição das finais da MLS (Liga dos Estados Unidos) neste final de semana pode ter caráter peculiar. Nas semifinais, estão se dando bem equipes que na primeira fase fizeram campanha inferior às dos adversários. Na Conferência Oeste, enquanto o Portland (8º, com 54 pontos) fez 2 a 1 no Seattle (4º, 59), o Real Salt Lake (12º, 49) empatou em 1 a 1 com o Kansas City (3º, 62). Do lado Leste, o Columbus (10º, 51) fez 1 a 0 no New York Red Bull (1º, 71). Só o New York City (7º, 56), com David Villa e tudo, não seguiu o script: perdeu em casa para o Atlanta (2º, 69) por 1 a 0. A zebra vai falar mais alto?

Clássico pra todo lado
As principais ligas europeias estão repletas de clássicos neste fim de semana. Na Inglaterra, Manchester City (1º, 24 pontos) x Manchester United (7º, 20), com direito a duelo entre desafetos Guardiola e Mourinho. Na Itália, o Napoli (4º, 21) tenta derrubar a invicta Juve (1º, 31). Na Alemanha, o líder, Borussia Dortmund (24), do técnico Lucien Favre (que ostenta o melhor início de um treinador na equipe), terá de frear a reação do Bayern de Munique (3º, 20). A situação mais inusitada ocorre na França, quando o líder, PSG (12 vitórias em 12 jogos), pode afundar de vez o Monaco, vice-lanterna, que tem apenas 7 pontos (uma vitória, quatro empates e sete derrotas). Henry deve completar sua sexta partida sem vencer...

Seguindo tendência
Depois que a Fifa confirmou a realização da Copa do Mundo de 2026 em três países (Estados Unidos, Canadá e México), mais uma candidatura conjunta promete fazer barulho para sediar o Mundial de 2030, quando a competição completará seu primeiro centenário. Bulgária, Grécia, Romênia e Sérvia revelaram planos de sediar o evento. Os gregos teriam sido os pais da ideia, bem recebida pelos vizinhos dos Bálcãs. Só que eles devem ter a concorrência forte de outra candidatura conjunta: Argentina e Uruguai. Os uruguaios acreditam que o fato de terem realizado a primeira Copa, em 1930, pode pesar a favor. Vamos aguardar...

Mais que uma final
A histórica decisão da Libertadores entre Boca Juniors e River Plate, que começa no sábado, está mesmo mexendo com os argentinos. Mesmo com os ingressos a peso de ouro (chegam até a R$ 18 mil nas mãos dos malditos cambistas!), há gente fazendo de tudo para marcar presença na Bombonera. Até mesmo o meia Leandro Paredes, revelado no clube Xeneize, mas atualmente defendendo o Zenit. Torcedores russos o acusam de ter forçado uma expulsão no último fim de semana no campeonato local só para poder ir assistir à final. Coincidência ou não, o jogador de 24 anos alegou problemas familiares para viajar para a Argentina hoje...

DE OLHO
Ryan Gravenberch

Nova promessa holandesa, o volante/armador Ryan Gravenberch, de 16 anos, é comparado a Pogba por sua elevada estatura, passadas largas, habilidade e fôlego de sobra. Começou no pequeno Zeeburgia, mas aos 8 anos foi para o Ajax, onde queimou etapas: aos 15, atuava no sub-19 e sub-21. Ajudou a Laranja Mecânica a conquistar a Euro sub-17 deste ano. Em julho, assinou o primeiro contrato profissional (até 2021). Tornou-se o mais jovem a atuar (16 anos e 31 dias) e a fazer gol (16 anos e 135 dias) pelo time de cima do Ajax. O recorde de precocidade pertencia a ninguém menos do que o craque Seedorf, que assim como ele também tem descendência surinamesa.