Gustavo Nolasco
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DA ARQUIBANCADA

Que venha qualquer um, menos o sofá!

2018 pode marcar o fim da "Libertadores Gourmet", onde se criou espaço para times pequenos ganharem uma edição atípica, como o Once Caldas e o Flamengo Mineiro de Lourdes

postado em 20/12/2017 08:00 / atualizado em 19/12/2017 23:24

Arquivo/EM
Hoje é dia de sorteio da Copa Libertadores 2018. Tudo bem que não é aquela Libertadores cascuda, onde entravam apenas os dois campeões nacionais de cada país e sem convidados mexicanos, como aconteceu só até 1997, ano do Cruzeiro bicampeão da América. Vivemos um tempo de “Libertadores Gourmet”, onde existe espaço para times pequenos ganharem uma edição atípica, como o Once Caldas e o Flamengo Mineiro de Lourdes. A era do inchaço de participantes que só atende ao interesse comercial e não ao bom futebol. Mas vamos lá...

Apesar disso, a Libertadores do próximo ano pode ser encarada como uma retomada, com o encontro de praticamente todos os veteranos: Peñarol, Boca Juniors, River Plate, Grêmio, Olímpia, Nacional, “La Bestia Negra” Cruzeiro, Santos, Indepiendente, entre outros copeiros. Lembrando os bons tempos da Supercopa (olha outro Bi azul aí!).

Por isso, mesmo sendo o clube brasileiro mais respeitado da América, o Cruzeirão Cabuloso precisa se armar para uma “Libertadores raiz”, aos moldes antigos. Montar um elenco acostumado aos embates encardidos com argentinos e uruguaios. Gente de sangue frio para não perder a paciência com ceras, rojões no pé da orelha ou racismo e homofobia vindo de torcidas de clubes de elite ou pequenos, como o Real Garcilaso no abominável caso Tinga.

Será um bom ano para Ariel Cabral e sua frieza argentina no meio de campo; a dureza de um Manoel na defesa e para armadores acostumados com a competição e que não se intimidam frente a uma marcação recheada de pontapés e cusparadas. Thiago Neves tem tudo para ser o maestro, por sua experiência internacional e malandragem, como foram Palhinha e Nonato no bi de 1997.

Mas verdade seja dita antes que seja tarde: ainda não temos montado o elenco cascudo. Por isso, nada mais importante do que trazer rapidamente o nosso camisa 9 e laterais velozes, bons no cruzamento e habilidosos para surpreender retrancas.

Precisamos voltar no tempo e tirar exemplos da edição de 2004. Naquela disputa, tínhamos um time extremamente habilidoso e vencedor, inclusive com o gênio Alex “O Talento”, mas sem a casca grossa da Libertadores. Resultado: nos despedimos do torneio de forma melancólica para o Deportivo Cali, em plena Toca da Raposa 3.

Então, hoje à noite, quando serão abertos os potes e conheceremos os primeiros adversários na caminhada do TRI, não importará quem aparecerá pelo caminho. Na verdade, começará a contagem regressiva para a diretoria montar um elenco com fôlego, casca grossa, faro copeiro e ao mesmo tempo, com o típico futebol-arte do nosso Palestra/Cruzeiro, capaz de chegar ao final do ano pronto para ser CAMPEÃO DO MUNDO.

Imagina como será para a turma de Lourdes, assistindo tudo isso sentada no sofá, na bela cobertura de luxo, com o sapatênis e a camisa do Flamengo escondidinha debaixo do brasão da família bordado no paletó do pijama?

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