Gustavo Nolasco
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DA ARQUIBANCADA

Muhammad 'Mano' Ali

Ganhar a Country Cup será o 'the best' para o América e para o time que nasceu de suas costelas, o Atlético de Lourdes

postado em 31/01/2018 09:41 / atualizado em 31/01/2018 09:49

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
Enquanto janeiro foi de testes e agora, importante mesmo será a estreia contra o Racing pela Libertadores Raiz (aquela sem times-gourmet, torcedores de sapatênis ou ginásio com alto-falante homofóbico), preciso confessar: acho necessário um joguinho ao estilo de um boxeador impávido como foi o Cruzeiro pentacampeão de Mano Menezes (foto).

Aquele que aguentava firme o adversário quase o encurralando nas cordas e muitas vezes, se salvando pelo soar do gongo. Noutras, respirando ofegante com o supercílio aberto e o sangue estancado pelas luvas milagrosas do Fábio. Mas que depois de vários rounds apenas na esquiva de Henrique e na guarda fechada de Leo e Murilo, revelava sua real estratégia: perto de uma derrota por pontos, eis que num descuido ou cansaço do adversário, pimba! Um direto de esquerda de Thiago Neves ou um cruzado perfeitamente encaixado por Robinho nos davam a vitória magra, num irrecuperável nocaute.

Em 2017, protagonizamos várias lutas assim. Na Copa do Brasil, Palmeiras, Grêmio e Flamengo entraram para o ringue bailando de um corner ao outro. Na soberba aposta de suas imprensas, dispensaram os protetores bucais. Surraram, nos viram beijar a lona e ergueram os braços certos de que a contagem sairia do 10, 9, 8 e chegaria ao “acabou”. Mas o Cruzeiro é gigante. Ali deitado, respirando, impávido, do jeitinho que Muhammad Mano Ali planejou. Erguia-se aos nossos 50 mil gritos de “levanta” e como o velho Rocky Balboa, ao final, com o rosto desfigurado de sangue e lágrimas, levantava o cinturão com sua luva azul celeste.

Até aqui, nesse janeiro de testes, já mostramos a nossa face de time avassalador, que parte para cima sem se preocupar com a retaguarda e sapeca 4 a 0, como fizemos com o Uberlândia. Mas sejamos realistas, não é como Mano gosta de jogar...

Esquecemos esquema tático e nos lançamos todos para o Fred marcar o gol “cláusula da chacota”. Pronto, já rimos desse inesquecível capítulo escrito pela patética diretoria de Lourdes, mas passou...

Também já jogamos mal ao ponto de testarmos nosso poder de reação, como foi contra o Tombense. Nem sempre teremos tempo ou pernas para as viradas...

Por isso, a partida de domingo talvez seja um bom momento para se testar o “estilo Mano boxeador frio de ser”. Assim como em 2017, estaremos em festa e com o desafio de colocar 50 mil no nosso estádio, o Mineirão. No canto oposto do ringue, “um time de série A”, como regurgita a aldeia, por mais que da Patagônia ao Alasca, everyone sabe que o América só é time da série A enquanto ela não começa, pois bastará a primeira rodada para ele se tornar o eventual primeiro rebaixado à Série B de 2019.

Independente disso, eles virão babando para cima do nosso time. Ganhar a Country Cup (“O Rural” para os mais puritanos da língua portuguesa) é o “the best” para o América e para o time que nasceu de suas costelas, o Atlético de Lourdes. Por isso, talvez, seja o momento de aproveitar para testarmos novamente o estilo impávido de Mano Menezes. A Libertadores Raiz nos cobrará isso.

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