Gustavo Nolasco
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DA ARQUIBANCADA

Avante, Squadra Azurra!

Para o duelo de hoje não nos basta a frieza. O mar está revolto e para cruzá-lo será preciso o improvável

postado em 04/04/2018 08:43 / atualizado em 04/04/2018 08:51

 Washington Alves/Light Press/Cruzeir

Fomos péssimos no jogo-treino de domingo passado, mas a lição positiva de ter encarado um adversário de Série B foi assumir a realidade de que nenhum pequeno oponente é bobo. Chegou em boa hora, às vésperas de mais um confronto pegado na competição que realmente vale, a Libertadores Raiz. Teremos logo mais um experiente seriebeniano com sede de vitória. Virá sorrateiro para tentar nos pregar uma peça e, se não mudarmos nossa postura, a frota da cruz-de-malta terá toda a capacidade de nos aplicar a segunda zebra da semana, mesmo na nossa praia, às margens da Lagoa da Pampulha.

Do nosso almirante-de-esquadra, Mano Menezes, esperamos uma diretriz diferente para seus marinheiros. Se formos a campo com a mesma empáfia e moleza de navegante de mar morto apresentada no primeiro tempo do jogo-treino, nem de longe honraremos a história cruzeirense de cinco décadas e 150 jogos na Libertadores.

Para o duelo de hoje não nos basta a frieza. O mar está revolto e para cruzá-lo será preciso o improvável. Ousar e impor o poderio das nossas fragatas. Traçar e acreditar em rotas alternativas, mesmo que isso signifique mudar radicalmente os marinheiros da popa a proa. Entender que não se pode relegar ao porão um Dedé quando se vê à frente ondas gigantescas.

Ter sapiência para furar um bloqueio inimigo inteligentemente programado. Para tanto, será preciso resgatar o drible. Essa manobra genial tão sumida do futebol do Cruzeiro quanto um náufrago abandonado à deriva na imensidão de um oceano. Para isso, seja a bombordo ou estibordo, lá deve estar a habilidade do marinheiro do Rio da Prata, De Arrascaeta.

Esperamos das nossas corvetas um profundo conhecimento do vento, pois nele será preciso lançar de volta os passes robinianos de causar falta de ar, olhares vidrados no voo da bola até que ela desça como uma bala de canhão no costado dos navios adversários. Desarticulando o ferrolho do esquadrão cruz-maltino. Abrindo o caminho para os nossos torpedos.

Se assim desconjuntarmos a formação da esquadra adversária, o próximo passo será dar a chance a um timoneiro incansável como um cão perdigueiro. Assombrando a saída de bola. Buscando o gol como se fosse um baú de moedas de ouro. Missão perfeita para o pirata Sassá, que sempre cumpriu bem essa ordem em todas as expedições nas quais envergou o uniforme azul e branco.

Nós de cá, como potentes correntes marítimas, devemos empurrar incansavelmente a nossa frota. Será preciso voltar o Cruzeiro ao rumo correto de sua história para que chegue à terra firme, se possível, como líder do grupo. Entrando tranquilo para o segundo jogo-treino da semana, desta vez, para esperar o início da caminhada pelo penta do Brasileirão.

Fica o pedido a nosso comandante Mano. Para mudarmos a onda de azar desta semana não podemos ser uma esquadra orientada pela racionalidade da bússola. Guiar a Squadra Azurra para a rota vencedora dos desbravadores de títulos pedirá manobras arriscadas, dignas de uma raposa dos sete mares.

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