Gustavo Nolasco
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DA ARQUIBANCADA

Nós contra tudo e todos!

O sofazón e os espaços gourmet estarão repletos de torcedores das demais torcidas de Minas

postado em 29/08/2018 08:00 / atualizado em 28/08/2018 19:42

Mineirão/divulgação
Faltam poucas horas para a tão esperada batalha final do Time do Povo contra o Flamengo, clube com a segunda maior torcida de Minas Gerais. O passo faltante para seguirmos em frente na maior edição raiz da Copa Libertadores dos últimos trinta anos. Será muito mais do que um jogo de bola. Adentraremos a casa celeste numa multidão formada por 61.011 guerreiros. Contra tudo e todos!

O sofazón e os espaços gourmet estarão repletos de torcedores das demais torcidas de Minas Gerais a esconderem - por entre os dentes - seus suspiros de amor velado (e platônico) pelo Flamengo. Um roer de unhas e gritos entrecortados alimentando uma energia negativa, triste, carregada de ódio contra a dádiva de ser cruzeirense. 

Das bancadas de comentaristas da imprensa carioca, embebida na prepotência mais alta que o Cristo Redentor, virá a análise blasé, tentando, a todo custo, demonstrar o quanto apenas um “dia de azar” do rubro-negro foi o motivo real para a derrota do Flamengo (e não “a vitória do Cruzeiro”) por 2 a 0 no primeiro embate, lá no Maracanã. Diga-se de passagem, pelos últimos shows dos cruzeirenses, estádio esse já próximo de ser apelidado de Toca da Raposa Beira Mar ou Casa de Praia do Arrascaeta. 

Quando o juiz apitar o início da partida, das cabines de TV, ouviremos narradores - sejam cariocas ou da “aldeia” - transformando microfones em terços de oração para Fábio deixar de ser uma Muralha da China Azul, Dedé não ser um Monte Everest a cada escanteio, Thiago Neves e Robinho errarem as tabelas periódicas e a perninha de Egídio se entortar nos cruzamentos. Preparemo-nos contra todas as odes a Paquetá!

O gramado será um tabuleiro. Cada movimento precisará ser pensado, pois como bem se joga o xadrez, qualquer mexida errada de peça pode abrir o campo para uma sequência mortífera do adversário. Por exemplo, um gol do Cruzeiro no primeiro tempo pode ser o xeque-mate no Flamengo. Portanto, devemos entrar com as nossas chuteiras a serviço da luta contra a passividade subjetiva gerada pela vantagem de 2 a 0. Será preciso impor ao “Segundo de Minas” o temor por errar o movimento de sua torre ou bispo.

Os nossos gritos, bandeiras, cânticos, cores e eterna certeza do quanto o Gigante da Pampulha é nosso também serão instrumentos de luta. Pulmões, palmas, tambores, sorrisos e lágrimas a serviço de abafar, inclusive, burocratas de um consórcio chamado Minas Arena, que dão a impressão de se incomodarem com as nossas festas.

Tempo técnico na poesia para uma reflexão racional: importante atentar para o fato de estarmos vivendo as eleições para governador de Minas, cargo responsável por gerir os aparelhos públicos, como a Toca da Raposa 3, estádio não de uma construtora, mas sim, do povo, do Time do Povo.

Fica a sugestão para nós torcedores e principalmente, para nossa diretoria, de sabatinarmos os candidatos a governador. Ver qual deles assumirá o compromisso de rever o escandaloso contrato firmado entre o estado e a administradora do Mineirão. São os contribuintes, com seus impostos, que pagam a conta. 

A instituição Cruzeiro deve entender e talvez declarar apoio formal ao candidato que assumir o compromisso de extirpar qualquer empresa, consórcio ou administradora que use da censura para agradar terceiros e nos impedir de chamar o nosso estádio como o mundo inteiro já o conhece: Toca da Raposa 3.

O Mineirão é do Cruzeiro porque o povo quis assim, a história fez assim e por mais que os cães ladrem, continuará sendo assim.

Latifúndio se conquista corrompendo políticos, passando por cima de licenças ambientais, utilizando do sistema financeiro e até lavando dinheiro. Já um lar, aconchego, casa, história, tudo isso, vem naturalmente, sem subterfúgios. Por isso, hoje vamos todos à TOCA DA RAPOSA 3, pois é dia de escrever mais um capítulo do estádio do povo, do Time do Povo, do Cruzeiro do Povo.

Vamos torcer pelo (nosso) maior clube do mundo para que o dia de amanhã venha azul. Tão alegre que nem a prova de matemática, nem a meta de vendas não batida no mês e nem as contas acumulando sejam capazes de nos arrancar o sorriso do rosto. Vamos classificar. Contra tudo e contra todos!

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Mineirão/divulgação

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