Gustavo Nolasco
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DA ARQUIBANCADA

Uma carta aos guerreiros azuis

Deus nos livre de um Sandro Meira Ricci! Saravá, meu pai!

postado em 10/10/2018 08:00 / atualizado em 09/10/2018 19:10

Ramon Lisboa/EM/D.A Press.
 

Nação Azul, estamos a dois passos do paraíso. Apenas 180 minutos nos separam do décimo título nacional. Duas semanas de aguardo para nos tornarmos o clube mais copeiro do Brasil.

A pedra do caminho é gigantesca. Para piorar, há décadas, sempre amparada por forças escusas, seja da política, do banditismo da cartolagem ou do apito podre. Deus nos livre de um Sandro Meira Ricci! Saravá, meu pai!

Quanto às forças, hoje, humildemente, venho pedir apenas as dos nossos jogadores. A eles, dedico esse pedido.

Guerreiros, usuários do manto sagrado, bom dia!

Chegou mais uma quarta-feira de decisão. A maioria de vocês está há poucos anos defendendo o maior clube brasileiro fora do Eixo (do mal) RJ-SP. Já nós torcedores, desde 1921, somos o sangue e a alma que empurram os elencos de jogadores escolhidos para representar-nos nas pelejas. Foi assim, respeitando e contando com as arquibancadas, que o Cruzeiro se tornou o gigante incontestado.

Apesar da nossa soberania ser irrefragável frente aos clubes da elite política e econômica mineira, sabemos o quanto nunca foi fácil para o Cruzeiro/Palestra. Aprendemos com a dor da vida que não podemos errar.

No mundo das grandes decisões, quando as poucas chances surgem, não podemos nos dar ao luxo de perdê-las. Por isso, guerreiros, ao entrarem em campo hoje contra o Corinthians, lembrem-se que vocês também, nas suas histórias de vida, precisaram ser certeiros. Venceram dores, dificuldades e muita gente ruim a lhes dizer: “desiste, garoto. Você não vai conseguir”.

Se estão no Cruzeiro, é porque conseguiram!

Então, escrete, aos nos encontrar em festa nas arquibancadas, lembre-se da sua infância, da sua primeira peneira. Daquele dia onde você era só mais um coração pequeno batendo acelerado em meio a centenas de outros garotos. Todos com poucos minutos de toque de bola no campo surrado para mostrar que eram capazes.

Lembrou? Então, aproveite o dia de concentração pré-jogo e mande uma mensagem para seus filhos. Conte a eles como você conseguiu agarrar a chance de se tornar jogador. A nós, prometa que se lembrará disso quando tiver uma chance à frente do goleiro corintiano. Ao chutar, diga a si mesmo: “vou conseguir”.

Esteja atento em nossa retaguarda. Faça dela o muro de concreto onde você, nas quebradas onde cresceu, mantinha-se firme. Defendia-se dos moleques mais velhos e dos policiais preconceituosos a lhe darem tapas na cara. Quando o Corinthians atacar, grite: “vou resistir e conseguir”.

Aproveite a oportunidade se ela vier pelos flancos do campo! Corra como fez numa noite chuvosa de sua infância. Com baldes e panos nas mãos, impedindo as gotas de chuva do telhado furado de caírem, estragando os móveis comprados com tanto sufoco por seus pais. Molhado de suor depois de um cruzamento perfeito: “consegui”.

Guerreiros, sejam rápidos, persistentes. Não desperdicem as poucas chances dessa noite. Ao olharem o tsunami de estrelas da Toca da Raposa 3, vejam em cada pontinho de camisas azuis as poucas oportunidades que um dia lhes surgiram na vida. Sejam pai ou esposo, irmão ou tio, religioso ou bamba, batalhador ou sonhador. Agarrem a chance de serem cruzeirenses campeões por essa Nação Azul!

O paraíso do hexa está logo ali. Vocês vão conseguir.

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Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

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