Gustavo Nolasco
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DA ARQUIBANCADA

Ser pai e apaixonado por futebol

'Amar um time cria um vínculo especial entre pai e filho. É como um segundo encontro de almas!'

postado em 09/04/2019 17:02 / atualizado em 09/04/2019 17:21

Antes de escrever minhas crônicas, gosto ouvir histórias. Esta semana, pedi a uma amigo: “Arthur, me conta como foi levar o seu filho pela primeira vez ao Mineirão no sábado passado?”.

Eis que me chega uma carta em reposta. Li e aos prantos de emoção, divido com toda a Nação Azul (e por que não, com todos os amantes do futebol, seja por qual clube for) essa ode ao sublime amor pelo futebol raiz e todas as lindas memórias que ele é capaz de nos dar.

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<i>(Foto: Arquivo pessoal)</i>


Caro Gustavo,

Há algum tempo eu pensava em levar o Rafael ao Mineirão. Na verdade, desde que ele nasceu. Acho que o amor a um time de futebol cria um vínculo especial entre pai e filho. Para mim é como um segundo encontro de almas! Comigo foi assim, tanto como filho quanto, agora, como pai.

Chegar ao Mineirão portando o Rafa nos meus ombros foi demais! A princípio imaginei o privilégio que seria para ele testemunhar aquele momento sob aquela perspectiva. Em seguida, me dei conta de que o privilégio era todo meu: de tê-lo aos meus ombros e de poder compartilhar essa paixão com ele, apresentando algo que lhe proporcionará muitas alegrias no futuro (afinal, estamos falando de Cruzeiro, o Maior de Minas).

Procurei observar a reação do Rafa a cada “novidade”: a esplanada lotada, o primeiro contato visual com o Raposão, a chegada ao campo, a entrada dos jogadores, a torcida, as músicas etc. Cada novidade captada seguia-se de uma pergunta exploradora ou um olhar especial.

<i>(Foto: Arquivo pessoal)</i>
Na segunda-feira, já em Brasília, compartilhei com minha terapeuta o “ocorrido”. Ela, impressionada com o brilho nos olhos e a alegria que transmiti ao relatar a experiência, me perguntou porque aquele momento foi tão especial para mim. Nesse momento, vieram o silêncio e algumas lágrimas, que não pude conter (e confesso que teimam em descer nesse momento em que lhe escrevo). Já recomposto, relatei as lembranças de minha infância quando meu saudoso pai (Leonardo, um cruzeirense apaixonado falecido no dia 04/02/2019) saía comigo de Itabira às quartas-feiras à noite em direção ao Mineirão para, num bate-e-volta, poder acompanhar o Cruzeiro em jogos da Supercopa. Esses momentos ficaram, e sempre ficarão, guardados em minha memória... assim como o que passei com o Rafa.

O resultado do jogo apenas coroou o momento. Ter um gol do Leo no jogo também não foi obra do acaso... Foi uma forma de o Leo, meu pai, atestar que estava ali, junto de nós. Após a experiência, confesso sentir um certo remorso por não poder compartilhar momentos como esse todos os finais de semana, por estar distante de BH.

Abraço,

Arthur

<i>(Foto: Arquivo pessoal)</i>

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