O São Paulo conta com Rogério Ceni como a principal estrela. O goleiro, que em toda a sua carreira só vestiu a camisa do tricolor paulista, é um grande exemplo como homem e ex-atleta, mas não tenho ainda um conceito formado sobre ele como técnico. Porém, com essa carência que temos no Brasil, não é difícil chegar alguém e fazer um bom trabalho. Me apontem cinco técnicos que realmente fazem a diferença no Brasil que ponho minha viola no saco e vou embora. Dos que estão em atividade, hoje, eu apontaria Tite, que dirige a Seleção Brasileira; Cuca, que está em ano sabático; e mais ninguém. Com todo o respeito aos demais em atividade, não consigo ver um técnico que me encha os olhos. Cristóvão, por exemplo, é educado, polido e cortês, mas, de futebol, parece entender pouco. Vive pulando de galho em galho, sendo demitido com pouco tempo de trabalho. Os dirigentes até tentam, mas ele não consegue mostrar qualidade no trabalho.
Como estamos carentes de bons jogadores, aqueles que fazem a diferença, os técnicos caem numa vala comum e não conseguem montar um esquema competente de jogo. Se um time grande joga contra uma equipe pequena, bem armada, tem dificuldades mil para fazer gols. É isso que estamos vendo no Brasil. Qualquer equipe mais bem organizada, com um sistema defensivo forte, faz os chamados grandes passarem sufoco. E é exatamente aí que vemos a falta de qualidade dos técnicos brasileiros. Eles não conseguem mudar o esquema de jogo. Ao final da partida, com resultado ruim, justificam dizendo que “não há mais bobo no futebol”. Realmente, bobo somos nós, que acreditamos nesses paraquedistas. Uma pena. Por isso, na coluna de ontem, na qual elogiei a Liga dos Campeões da Europa, eu disse que aqui no Brasil vemos tudo, menos futebol. Quem compra os direitos de transmissão nos vende um produto ruim, sem qualidade. Por isso, a audiência tem sido pífia na maioria das TVs abertas. Por força do ofício, sou obrigado a assistir aos jogos e pagar uma fortuna de Net, já que os serviços aqui no país tupiniquim são absurdos. Que desânimo.
Quando a gente vê Dudu ser convocado para a Seleção Brasileira, percebe o quanto estamos no fundo do poço. Um jogador absolutamente comum, que foi vendido pelo Cruzeiro ainda bem jovem para o leste Europeu e que não construiu nenhuma história lá. Pior é ver companheiros da imprensa mentindo e exaltando tal convocação. Jogador absolutamente normal, como tantos outros que temos país afora. Peguem os últimos campeões brasileiros e me apontem um grande craque: o Cruzeiro, bicampeão em 2013-14, tinha em Éverton Ribeiro seu melhor atleta. O Corinthians, campeão em 2015, tinha Elias, Vágner Love e quem mais? O Palmeiras, campeão ano passado, tinha Dudu. Entenderam o que estou dizendo? Aí eu pergunto: qual desses jogadores citados engraxaria a chuteira de treino de Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho ou Ronaldo? Podem me chamar de saudosista e do que quiserem. Tive a honra e o orgulho de cobrir a Seleção de Telê, em 1986, quando trabalhava na Globo, para o Globo Esporte, e as demais, daquela época para cá, pelo Estado de Minas. Por isso, sou exigente. Vi os melhores jogadores que já tivemos, depois da geração de Pelé, que é incomparável, Garrincha, Didi, Nílton Santos e outros. É aquele velho ditado: “há quem goste dos olhos, e quem goste da remela”. O futebol de hoje é pura remela. O futebol de hoje é tudo, menos emoção, como apregoam alguns. Pelo menos, o futebol brasileiro.