Há um ditado na Gávea que diz o seguinte: “Não deixem o Flamengo chegar, pois, se isso acontecer, o título é certo”. Realmente funcionava assim na época de Zico, Júnior, Adílio e cia. Hoje não é bem assim... Vejo as duas equipes muito iguais, tanto que o empate no jogo de ida traduziu exatamente o que elas representam. É fato que não existe nenhum craque atuando em território nacional. Aliás, nosso único fora de série joga no PSG e chama-se Neymar. Por esse lado do Atlântico, o que vemos é um futebol de pancadas e botinadas, pouca criatividade, muita marcação e arbitragens catastróficas. Espero que, pelo menos na final, Cruzeiro e Flamengo me desmintam e façam um jogo de tirar o fôlego. Por que não um 5 a 4, como nos velhos e bons tempos? Um placar assim poderia representar muito para a garotada que está chegando aí. Para dizer que o nosso futebol ainda tem jeito, desde que os clubes voltem a investir com seriedade nas divisões de base.
Serão mais de 60 mil vozes a apoiar o Cruzeiro e cerca de 5 mil rubro-negros no Gigante da Pampulha. Nesse palco, vi o Cruzeiro ganhar a Tríplice Coroa, o tetracampeonato brasileiro e o bi da Libertadores. Vi também a derrota doída para o Estudiantes, na Libertadores de 2009. Coisas do futebol. Desde que o espetáculo seja limpo, sem armações ou erros crassos do árbitro, está valendo. Será a hora de vermos De Arrascaeta, o jovem talentoso que pode desequilibrar, além do garoto Raniel, cheio de moral, que já mostrou não ter medo de decisão. De um lado, o técnico Mano Menezes, competente, sereno nas entrevistas, uma fera no túnel. Do outro, o colombiano Reinaldo Rueda, dono da última Libertadores. Um técnico de profundo conhecimento tático. Não há como não imaginar um grande jogo. São duas das maiores equipes do país. Dois presidentes dos mais sérios e corretos que já conheci, Gilvan de Pinho Tavares e Eduardo Bandeira de Melo, e dois dos times mais vencedores da história. Espero que esses ingredientes movam as duas equipes para um grande futebol. Somente um levantará o troféu, mas se for uma partida limpa, bem disputada, com qualidade e lances bonitos, não tenham dúvida de que vencedor e perdedor terão cumprido sua missão. O futebol, em sua essência, só tem sentido se for disputado no fair play, na lisura, na bola na rede. O resto não tem importância. E, como as duas torcidas são unidas, a paz estará garantida. Bom jogo, torcedor. O Mineirão é de vocês e o belíssimo gramado está pronto para que os artistas da bola façam um grande espetáculo.