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COLUNA DO JAECI

Clubes quebrados, de pires na mão

Há muito o futebol brasileiro tornou-se irresponsável, repatriando jogadores que foram laranja lá fora e voltaram bagaço

postado em 22/11/2017 13:42

Divulgação
O Cruzeiro está sem dinheiro, e devendo muito. O Galo está sem dinheiro, e devendo muito. O Fluminense está sem dinheiro, e devendo muito. E por aí, vai... Exceto o Palmeiras, que tem um agiota investindo no futebol, e agiota tira o couro do povo, tomando casa, carro, geladeira, fogão e outros bens, e o Flamengo, que tem arrecadação bem maior que os outros clubes brasileiros, o resto está de pires na mão, com cotas antecipadas de TV até 2020, devendo salários, impostos e tudo o mais. Há muito o futebol brasileiro tornou-se irresponsável, repatriando jogadores que foram laranja lá fora e voltaram bagaço. Sim, essa é a realidade. O futebol brasileiro se engraçou a pagar salários de Europa para jogadores repatriados e agora a conta chegou. É inadmissível, num país onde o trabalhador ganha R$ 937 de salário mínimo, um cara ganhar R$ 1,2 milhão por mês. A culpa é dos dirigentes, que não se unem. Fosse eu presidente de um clube, reuniria meus pares e faria um cartel: pagaria um teto de R$ 200 mil mensais a um grande jogador e R$ 100 mil ao melhor técnico. Aqueles que não quisessem, que fossem procurar emprego em outro lugar. Duvido que encontrariam. Mas o que acontece é justamente o oposto. Quando um dirigente se nega a pagar um salário irreal a um jogador, o presidente de outro clube já está por trás, oferecendo aquilo que o atleta quer. E, assim, os clubes vão se endividando e quebrando. A matemática é simples: se você gasta mais do que seu orçamento permite, a dívida vira uma bola de neve e o no fim do mês o buraco vai só aumentando.

Não se iludam: quando um jogador vem da Europa para cá é porque não tem mais mercado lá. Quem, em sã consciência, deixaria o Velho Mundo, onde se ganha em euros, tem as melhores mordomias, culinária, transporte, saúde, educação e cultura, para jogar aqui no país tupiniquim? Só mesmo quem é mandado embora de lá. Vejam o exemplo de Gabigol (foto). Fracassou na Inter, de Milão, não joga no Benfica, e já fala em voltar ao Brasil. E, é claro, que algum dirigente, irresponsável, irá repatriá-lo, pagando uma verdadeira fortuna. Os dirigentes fazem isso porque os clubes não são empresas. Se fossem, e eles, os donos, duvido que gastariam o que não têm com jogadores fracassados na Europa! E assim o futebol brasileiro, que não revela mais ninguém, vai passando de mão em mão, de presidente para presidente, sem uma solução. Querem um exemplo: meus seguidores aqui e nas minhas redes sociais me perguntam se o Atlético deve renovar com Robinho e manter Fred e Elias. Eu diria que sim. Desde que os três topassem uma redução significativa de salário. Por exemplo: que aceitassem ganhar 1/3 do que ganham atualmente. Vocês acreditam que eles topariam? Acho que para quem diz que ama a torcida, todo sacrifício é válido. Fica aí a sugestão, mesmo porque os três citados já são ricos e dinheiro é o que menos importa. Jogar por amor, como nos tempos de Dirceu Lopes, Joãozinho, Éder, Cerezo, Reinaldo, era bem mais legal. Quem sabe não poderemos reviver esses bons tempos do futebol, onde o amor à camisa valia mais que qualquer dinheiro?


Com razão

O Grêmio começa a decidir a Libertadores nesta quarta-feira, em sua Arena, contra o Lanús. Vou torcer pelo time gaúcho, pois tenho simpatia por ele e sou amigo de longa data de Renato Gaúcho, por quem torço muito. E se o Grêmio ganhar a Libertadores e o Flamengo a Sul-Americana – além do Cruzeiro continuar entre os seis primeiros –, teremos G-9 e não G-7. Quanto a isso, as confederações vizinhas já estão questionando, e com razão. A Libertadores deveria qualificar a competição e não quantificar. Por isso, temos jogos sofríveis, de péssimo nível, até chegarmos às fases decisivas. Minha sugestão é que a competição receba o campeão e vice de cada país e, no caso do Brasil, dê vaga para o campeão da Copa do Brasil, e só. É mais justo e mais racional. Assim, elevaremos o nível da Libertadores, que ficará muito mais valorizada. Do jeito que está, daqui a pouco vai virar um Brasileirão.

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