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COLUNA DO JAECI

Pelo título e por cotas isonômicas de TV

O mais importante foi conquistado: a volta à elite. Minha preocupação se resume ao fato de saber que o América entra naquela gangorra de subir num ano e cair no outro

postado em 23/11/2017 12:00

Ramon Lisboa/EM/D.A Press

O Coelhão está a uma vitória do título da Série B. Apesar de a arbitragem brasileira fazer o possível e o impossível para que o Internacional seja o campeão, não vai dar. O América depende única e exclusivamente de uma vitória sobre o CRB, sábado, para levantar o troféu. Tudo isso fruto de um trabalho sério do técnico Enderson Moreira e seus comandados, da diretoria e da força da torcida alviverde. Minha preocupação não é o título da Série B, pois o mais importante foi conquistado: a volta à elite do futebol brasileiro. Minha preocupação se resume ao fato de saber que o América entra naquela gangorra de subir num ano e cair no outro. E por que isso ocorre? Porque o clube mineiro receberá 20 vezes menos a cota de TV direcionada a clubes como Flamengo e Corinthians. Dez vezes menos do que as cotas de Galo e Raposa. Dessa forma, fazer futebol é praticamente impossível, e o retorno à Série B será fato. Uma pena que isso aconteça.

Vou dar um exemplo do basquete norte-americano. Lá, tanto faz ser o Golden State Warriors, o Cleveland Cavaliers ou o Orlando. A cota é dividida rigorosamente em partes iguais para dar condição ao menor time de disputar a competição com alguma chance de vencer. Além disso, os times chamados menores têm o direito de receber os melhores jogadores, aprovados no Draft. Tudo isso para que a competição tenha apelo técnico e financeiro, com ginásios cheios. E olha que, mesmo com essa preocupação, normalmente os títulos ficam nas mãos das equipes grandes, como as duas citadas acima, e neste ano parece que o Boston Celtics vai chegar novamente. É claro que no caso do futebol do Brasil, o Flamengo tem 40 milhões de torcedores, e o América não chega a 1 milhão. Porém, essa diferença deve ser tirada no pay-per-view, não na cota distribuída pela TV. A igualdade, isonomia, faria bem ao futebol e permitiria que equipes pequenas, como Coelho, Avaí, Atlético-GO, por exemplo, conseguissem se manter, formando elencos competitivos, disputando a competição quase que de igual para igual com os grandes. Seria mais justo e mais coerente.

De qualquer forma, é muito bom saber que nosso estado estará presente no próximo Brasileirão com suas três principais forças. Até sugiro a Atlético e a Cruzeiro que cedam jogadores que não irão utilizar para que o Coelhão possa montar um time ainda mais competitivo, com qualidade e chances para se manter na elite. É sabido que Raposa e Galo estão com excesso de jogadores, muitos voltarão de empréstimos, e os salários são um complicador. Quem sabe, o Coelho não toparia pagar parte do salário de jogadores que os dois grandes da capital poderiam ceder.

Deveremos ter uma grande festa no sábado no Independência, não só com os torcedores americanos, mas como atleticanos e cruzeirenses, unidos pelo título do Coelhão na Série B. Será muito legal ver esse grupo, comprometido com a camisa e com o clube, comemorando o título. Porém, está na hora de a diretoria agir e pedir igualdade nas cotas de Tv. Ou então, negociem à parte, com o Esporte Interativo, por exemplo. Há grandes clubes brasileiros que não aceitaram a proposta da Globo e migraram para o Esporte Interativo, que valoriza e paga bem. É uma opção para ganhar mais dinheiro e formar um time mais competitivo, em reais condições de se manter na elite, evitando assim aquela gangorra. Se isso não ocorrer, dificilmente o América ficará entre os grandes do futebol brasileiro. Hoje, porém, parabéns a dirigentes, técnico e jogadores. O Coelhão honrou a tradição de Minas Gerais no futebol. E os torcedores querem a taça e a volta olímpica. É um direito deles. Pra cima deles, Coelhão!

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