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COLUNA DO JAECI

Galo sonha com Libertadores e torce pelo Fla

"Não adianta ficar repatriando jogadores que deram todo o caldo na Europa e que chegam aqui como bagaços, e, o que é pior, ganhando verdadeiras fortunas"

postado em 03/12/2017 12:00

Bruno Cantini/Atlético
O Brasileirão termina hoje, sem deixar muita saudade. O Corinthians é um campeão sem brilho, sem graça, sem muita qualidade. Não estou aqui desfazendo do Timão, mas apenas constatando que, a cada temporada, o maior campeonato de clubes do país vai caindo em qualidade, receitas e visibilidade. Algo precisa ser feito com urgência. Apontem-me um craque no Corinthians ou em qualquer outro time no Brasil. Digam-me qual foi o grande jogo na competição, que nos encheu os olhos e nos deixou embasbacados. Digam-me: qual árbitro foi espetacular, a ponto de nos despertar o interesse por seu trabalho? Na verdade, não houve um grande jogo, não há um grande craque e não há um grande árbitro. É tudo ‘meia boca’, como diz a expressão. Somos os únicos pentacampeões do mundo e vamos manter essa hegemonia se a Alemanha não ganhar a Copa da Rússia – a Itália, outra tetracampeã, não conseguiu se classificar –, mas estamos com uma safra ruim, repatriando ex-jogadores em atividade, gastando o que não temos para dar satisfação ao torcedor. Clubes quebrados, de pires na mão, reféns de uma TV investigada sob suspeita de pagar propina para ter exclusividade de competições. Porém, é preciso que o delator prove o que diz.

Vendo o jogo Júnior Barranquila x Flamengo na quinta-feira, tirei uma grande conclusão: o rubro-negro gastou uma fortuna para contratar Éverton Ribeiro, Diego Alves, Geuvânio e outros. Mas quem resolveu a classificação à final da Sul-americana foram os garotos da base: o goleiro César, que até pênalti pegou, e o atacante Felipe Vizeu, autor dos dois gols. Viram como investir na base dá resultado? Éverton Ribeiro nem de longe mostra aquele jogador do Cruzeiro, de 2013/14. Geuvânio era apenas uma promessa no Santos, quando foi vendido para a China por uma fortuna e contratado pelo Flamengo de forma irresponsável. Diego Alves é um goleiro já na descendente. O Flamengo despejou um caminhão de dinheiro fora e quem resolveu na hora H foi a prata da casa. É exatamente isso o que devem fazer Atlético e Cruzeiro na próxima temporada.

Fico feliz quando ouço o futuro presidente do Galo, Sérgio Sette Câmara, dizer que vai olhar com muito carinho para as divisões de base e espera a valorização dos garotos pelo técnico Oswaldo de Oliveira. É isso mesmo, meu caro Sérgio. O Galo, e você se lembra bem da gestão de Elias Kalil, o eterno presidente, montou o maior esquadrão de todos os tempos quando o saudoso Barbatana fez subir um time inteiro, com os gênios Reinaldo, Cerezo e tantos outros. Invista na base, ponha gente que conhece do riscado para auxiliar André Figueiredo, que é um cara muito correto, e você verá que o Galo dará retorno com a conquista de taças no profissional. Não adianta ficar repatriando jogadores que deram todo o caldo na Europa e que chegam aqui como bagaços, e, o que é pior, ganhando verdadeiras fortunas. O Atlético não precisa disso. Veja o time campeão da Libertadores com o maior presidente da história, Alexandre Kalil. Ele buscou um astro, Ronaldinho Gaúcho, e o restante era um time de operários. Essa é a receita. Basta um craque e o restante carrega o piano, como sempre foi. Porém, ter jogadores criados na base do clube é fundamental. Invista o máximo nessa categoria e você colherá os frutos durante sua gestão. E, nunca é demais lembrar, aconselhe-se sempre com quem sabe ganhar, e essa competência atende pelo nome de Alexandre Kalil, o maior presidente e o mais vencedor da história do clube.

O Cruzeiro deve fazer a mesma coisa. Não adianta ficar gastando fortunas com jogadores caros e que não dão retorno. A cada ano voltam para a Toca dezenas de atletas que custaram muito e que foram emprestados aqui e ali. É preciso se desfazer deles. O problema é que muitos têm contratos longos e isso é um complicador. O Cruzeiro sempre teve uma base boa, revelando grandes jogadores. Chega um momento na história em que os dirigentes têm que enxergar que determinado modelo está ultrapassado. Esse, de repatriar engodos, não dá mais. Claro que o torcedor precisa ter paciência, mas isso é uma questão cultural. Eu, com a experiência de quem trabalha com o futebol há mais de três décadas, tenho toda a paciência do mundo quando o assunto é o meu Flamengo. Não quero taças a curto prazo. Prefiro esperar e ver meu time ganhá-las, sucessivamente, lá na frente. O Flamengo tinha uma frase histórica, que dizia: “Craque, o Flamengo faz em casa”. Há muito jogaram essa frase no lixo, mas parece que o presidente Bandeira de Melo está trazendo-a de volta.

E, curiosamente, tenho recebido várias mensagens de amigos, como meu querido Humberto Alves Pereira, do Jornal da Cidade, que disse “que é Flamengo desde pequenininho”. Claro que uma alusão a uma possível conquista da Sul-americana pelo rubro-negro, para que o Galo tenha mais chances de entrar na Libertadores – se o Fla ganhar, abrirá um G-9 na Libertadores do ano que vem. É isso que é legal no futebol. A rivalidade existe, mas cada um puxa a sardinha para sua brasa. Meu caro Humberto, aceito sua torcida e dos demais amigos atleticanos. É claro que quero ver o Galo na Libertadores, pois teríamos, pela segunda vez, Raposa e Galo na competição sul-americana. Bom fim de campeonato, torcedor!

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