Mas a Copa é aqui. Vladimir Putin foi reeleito para seu quarto mandato (até 2024) e, pela aprovação de quase 80%, a gente percebe o quanto é querido. Claro que não é uma democracia plena, mas se o povo está feliz é o que vale.
O hotel onde a delegação brasileira está hospedada mais parece uma Disneylândia, todo colorido, com torres que lembram o castelo da Cinderela. A segurança é rigorosa. Detectores de metais fiscalizam os que entram e saem, é proibido fotos e entrevistas por lá. Os jogadores têm privacidade total e não são incomodados. Se é o que eles gostam, OK. O coordenador técnico Edu Gaspar confirmou a programação da Seleção até o Mundial. De 21 a 27 de maio, exames e treinos na Granja Comary. De 28 de maio a 2 de junho, semana de treinos em Londres. Em 3 de junho, Brasil x Croácia, em lugar a ser definido na Inglaterra. De 4 a 8 de junho, mais um período de treinos em Londres. Dia 8, viagem para Viena, onde no dia 10 o Brasil enfrentará a Áustria. A viagem para Sochi, será logo após o amistoso, e o Brasil treinará na sua sede até o dia 15, quando embarca para Rostov para enfrentar a Suíça, dia 17, na estreia no Mundial. Tudo muito certinho e bonitinho. Só falta mesmo os atletas jogarem o fino da bola.
Outro dia, li uma coluna de Paulo César Caju, que, para quem não sabe, foi um gênio da bola, primeiro brasileiro a atuar na França (Olympique de Marseille) e, na minha visão, o maior jogador que vi depois de Pelé. Ele era genial. Ele escreveu que “Tite não passa de um palestrante, e que Neymar é um garoto mimado”. Caju foi além, e disse que quem ganha jogo são os atletas e não o técnico, que se ele não atrapalhar já estará de bom tamanho. Ainda escreveu que os jornalistas ficam embasbacados quando Tite fala em linhas de 4 e 5, e que isso é para inglês ver, pura balela. De certa forma, concordo com PC Caju. Tite tem um ótimo português e levantou nossa Seleção nas Eliminatórias, mostrando futebol bem melhor que seu antecessor, Dunga. Porém, Caju diz que quem poderia garantir que Dunga também não classificaria o Brasil? Resumindo, ele acha que tem muita linguagem, muita expressão bonitinha e pouco futebol. Contra times da América do Sul deu certo. Vamos ver contra os europeus. Já disse que a participação de um técnico numa equipe é de 10% a 15%, nada mais que isso. Contudo, inventaram a tal da coletiva após os jogos, e o que o técnico fala vira pauta para a semana toda. Esqueceram que os protagonistas são os jogadores, ou deveriam ser.
Gosto do Brasil de Tite. Ele resgatou o orgulho do povo brasileiro de torcer pelo time canarinho depois dos 7 a 1. O problema é que não acredito muito que chegue à final. Temo até pela classificação em primeiro lugar do grupo, pois a estreia contra a Suíça será pedreira. A Seleção depende muito de Neymar, mas me digam em que jogo ele arrebentou? Diferentemente disso, quem jogou muito contra a Argentina (nos 3 a 0, no Mineirão), foi Philippe Coutinho. Não sei se Neymar é mimado ou não. Sei que ele não tem um comportamento exemplar dentro de campo e tem aparecido mais nas colunas sociais do que nos gramados. Isso é ruim demais. Também não sei como ele voltará após a cirurgia, já que chegará em cima da Copa.
O Brasil é um dos favoritos, sempre foi e será, mas é preciso perceber que Brasil, Alemanha, Argentina e Itália, que foi eliminada, sempre são favoritos. Contudo, há equipes muito fortes, como França, Bélgica, Portugal e Espanha. Não cravo nada, mas algo me diz que essa será a Copa de Messi, o “extraterrestre”. Por enquanto, vou sonhar acordado aqui em Moscou, pois com o fuso de seis horas a mais que o Brasil fica difícil dormir. E como o período aqui é curto, pois vamos para Berlim no sábado, vai ficar difícil entrar no fuso horário. Segundo especialistas, para cada uma hora de diferença precisamos de um dia para nos adaptar. Faz parte do trabalho e gosto muito. Amanhã volto, com mais notícias de Moscou e da Seleção. Não vou me prender ao noticiário do time. Há outros pontos mais importantes a se destacar aqui na capital da Copa.