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COLUNA DO JAECI

Que venha a Alemanha!

Terça será um amistoso, jogo de 'cachorro grande', de duas equipes favoritas ao título

postado em 24/03/2018 12:00

Lucas Figueiredo/CBF
Moscou – No fim da coletiva do técnico Tite (foto) na quinta-feira, véspera do jogo contra a Rússia, assim que a entrevista acabou, num papo informal com ele em gravação para o meu Instagram @jaecicarvalhooficial, perguntei se o Brasil jogaria bem e ele respondeu: “Vamos jogar pra caramba”. Não deu outra. O Brasil fez uma exibição convincente, na qual conseguiu uma goleada por 3 a 0 sobre os donos da casa, embarcando para Berlim com o moral em alta para encarar a Alemanha. Não tem nada a ver com aquele jogo dos 7 a 1. Dar o troco nos alemães, só se ganharmos deles numa semifinal de Copa do Mundo, na casa deles, por 7 a 1 ou mais. Terça será um amistoso, jogo de “cachorro grande”, de duas equipes favoritas ao título.

Foi visível que o Brasil desmontou o sistema defensivo russo a partir do segundo tempo, quando Tite pediu a Philippe Coutinho para ele jogar individualmente, buscando usar sua criatividade e dribles. E foi dessa forma que o Brasil construiu a goleada. Gostei muito da movimentação e troca de posição entre Willian e Douglas Costa. Acredito que o segundo carimbou seu passaporte, já que o de Willian estava confirmado.

Tite fez outras experiências, pondo gente nova em campo. Porém, como a Rússia já estava desmontada, não há como avaliar muito. Como ele disse na coletiva, tem observado os jogadores ao longo dos anos em que dirige a equipe, nos clubes ou mesmo quando os chama e os observa na concentração. Acredito que Tite já tenha os 23 jogadores que irão ao Mundial definidos, mas a lista só vamos conhecer em maio. Foi também ver o Brasil jogar sem Neymar. Como era de se esperar, Coutinho chamou para si a responsabilidade e se deu bem. Nos mostrou que podemos confiar nele no Mundial. Preocupa-me a lateral direita, cujo dono da posição, Daniel Alves, não tem mais velocidade para ajudar na frente, nem tampouco para acompanhar os adversários. De forma infantil, quase entregou o ouro ao perder a bola na entrada da área, sendo facilmente dominado pelo jogador russo.

Gostei muito da serenidade e segurança de Alisson quando foi exigido. Vejo o Brasil mais maduro nas mãos de Tite. Temos uma equipe confiável. Se vai chegar à final da Copa ou não é outra história. Não há como não torcer por Tite. O cara é tão bacana, tão humano, tão educado que a gente espera que ele consiga chegar à final, ganhar a taça e coroar sua já vitoriosa carreira. Podemos discordar em vários aspectos, mas Tite é humano, sabe responder com elegância mesmo quando confrontado. Outro cara espetacular é seu auxiliar Cléber Pereira. O cara conhece muito de esquema tático e de bola. Conhece os jogadores dos adversários como se fossem brasileiros, e isso é um ganho para a Seleção.

Depois da vitória, indaguei a Tite se vamos jogar “pra caramba” contra a Alemanha também. Ele disse que o Brasil está maduro, que vai fazer uma boa apresentação. Disse também que os 7 a 1 são passado, mas que não há como não relacionar, emocionalmente, com o jogo de terça-feira, e dessa forma vai trabalhar a cabeça dos jogadores, principalmente dos que estiveram naquele fatídico jogo do Mineirão.

Saio de Moscou debaixo de neve e frio, mas digo que valeu a pena cada dia nesta cidade, onde quase ninguém fala inglês as pessoas são fechadas (resquício da época do comunismo) e onde os policiais são truculentos. Reflexos da época da KGB, que apenas mudou de nome. Para chegarmos ao estádio tivemos dificuldades – e olha que eu estava de carona com o pessoal da Globo. Nunca vi tanto policial quanto ontem na revista aos nossos equipamentos e a nós. Alguém tem que dizer a eles, se é que é possível, que na Copa do Mundo precisam ser mais solícitos e educados com os turistas e torcedores. Já que o país resolveu sediar o evento, que abra as portas ao mundo de forma definitiva.

É um país lindo, Moscou uma cidade encantadora. Porém, no futebol, os donos da casa não vão longe. Usando a expressão de um amigo, acredito que “eles irão ao circo, mas não verão o palhaço”. A Rússia que vi ontem não chega às quartas de final. Vou me despedindo por aqui. Amanhã volto, direto de Berlim, ligado também nos jogos decisivos do Mineiro, para conhecermos os dois finalistas. Até breve, Moscou. Em junho, se Deus quiser, estarei de volta. E a Tite, obrigado por nos devolver o gosto de ver a Seleção Brasileira jogar. Ainda falta muita coisa, mas estamos no caminho certo.

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