Fiz toda essa introdução para ver se os jogadores azuis entram motivados hoje, no Mineirão, visando à primeira vitória na Libertadores. Sim, até aqui o Cruzeiro teve dois empates e uma derrota, com campanha pífia, bem aquém do esperado. O torcedor vai lotar o Mineirão, apoiar, gritar e pedir raça em caso de mau futebol. Porém, o que o time vai precisar é de futebol e não apenas de raça. Essas duas palavras, aliadas, darão ao Cruzeiro uma grande vitória, com futebol de qualidade. É o mínimo que se espera de um time caro, cuja folha salarial deve beirar os R$ 10 milhões. É inadmissível num grupo com Universidad de Chile, Vasco e Racing o Cruzeiro não se classificar. Se Mano observou um pouco a disposição tática dos jogadores nos dois jogos citados acima, com certeza poderá empregar alguma coisa por aqui. Claro que não tem jogadores com aquela qualidade, mas tem algumas boas peças neste grupo azul.
O Cruzeiro não é diferente de Corinthians, Flamengo, Palmeiras e Santos. O futebol deles todos é de qualidade duvidosa. Eu tiraria o Grêmio dessa mesmice, pois Renato Gaúcho tem se mostrado um técnico diferente, privilegiando o ataque, o gol, a qualidade. E ele tem jogadores de nível técnico melhor para isso. O Cruzeiro gerou uma expectativa muito grande em seu torcedor e em todos nós. Porém, na prática, é um time bem comum, de pouca qualidade, que em determinados momentos do jogo não tem organização. Todo mundo quer resolver sozinho e o chamado chuveirinho, bolas alçadas na área, tem sido uma constante. Contra o Fluminense, para usar uma hipérbole, foram “800” cruzamentos sem nenhum objetivo. Como diriam os saudosos mestres Telê Santana e Carlos Alberto Silva, “os caras não cruzaram, se livraram da bola”. Cruzamento é quando você levanta a cabeça, olha e serve ao seu companheiro mais bem colocado. Não foi isso o que vimos.
Sou saudosista porque tive a honra, assim como todos da minha geração ou de gerações passadas, de ver os melhores jogadores do mundo atuando aqui. Não vou nem falar de Pelé. Vou falar de Zico, Reinaldo, Dirceu Lopes, Nelinho, Éder, Cerezo, Falcão e por aí afora. Essa juventude, que estará no Mineirão esta noite, não sabe o que é futebol de verdade, a não ser que tenha assistido aos jogos da Liga dos Campeões da Europa. É uma pena, pois fomos excelência em treinadores, em craques, em árbitros. Ainda somos pentacampeões mundiais, os únicos do planeta. Mas a Alemanha poderá nos igualar na Rússia. Que os bons ventos da Champions League soprem no Mineirão na noite de hoje e que possamos ver um Cruzeiro diferente, com qualidade, percebendo que não há bola perdida, alçando bolas na área na certeza de que os jogadores certos serão encontrados. Não há outro resultado que interesse ao torcedor azul a não ser uma grande vitória!