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COLUNA DO JAECI

Que os ventos da Liga dos Campeões soprem no Mineirão

Que possamos ver um Cruzeiro diferente, com qualidade, percebendo que não há bola perdida

postado em 26/04/2018 12:00 / atualizado em 26/04/2018 09:05

Cristiane Mattos/Light Press

Será que o técnico Mano Menezes e seus auxiliares assistiram a Liverpool x Roma e Bayern de Munique x Real Madrid? Será que os jogadores se deram ao luxo de “perder” 90 minutos para aprender a jogar futebol de verdade? Sinceramente, espero que sim. É muito difícil comentar o futebol por essas bandas quando a gente vê uma aula dos técnicos europeus e a qualidade dos jogadores. Muitos dirão que os melhores atletas do mundo estão lá e que o dinheiro rola à vontade. É verdade. Mas no passado, quando tínhamos grandes técnicos e grandes jogadores, e não tínhamos, como não temos, dinheiro, sempre fomos melhores que os europeus, considerados ‘cinturas duras’. Só não ganhávamos no preparo físico. Na qualidade, porém, éramos imbatíveis. Os tempos mudaram. Os técnicos europeus, antes apenas táticos, aprenderam a montar times técnicos também. Enquanto isso, os treinadores brasileiros foram desaprendendo, ou melhor, continuaram sem estudar futebol e foram engolidos. É uma vergonha a falta de técnicos de qualidade no Brasil. Temos Tite, na Seleção; Luxemburgo e Cuca, que não querem trabalhar agora; Abel; e, da nova geração, Renato Gaúcho. Considero Mano também um bom técnico, mas seu estilo retrancado não me agrada muito. Mas ele sabe montar uma equipe.

Fiz toda essa introdução para ver se os jogadores azuis entram motivados hoje, no Mineirão, visando à primeira vitória na Libertadores. Sim, até aqui o Cruzeiro teve dois empates e uma derrota, com campanha pífia, bem aquém do esperado. O torcedor vai lotar o Mineirão, apoiar, gritar e pedir raça em caso de mau futebol. Porém, o que o time vai precisar é de futebol e não apenas de raça. Essas duas palavras, aliadas, darão ao Cruzeiro uma grande vitória, com futebol de qualidade. É o mínimo que se espera de um time caro, cuja folha salarial deve beirar os R$ 10 milhões. É inadmissível num grupo com Universidad de Chile, Vasco e Racing o Cruzeiro não se classificar. Se Mano observou um pouco a disposição tática dos jogadores nos dois jogos citados acima, com certeza poderá empregar alguma coisa por aqui. Claro que não tem jogadores com aquela qualidade, mas tem algumas boas peças neste grupo azul.

O Cruzeiro não é diferente de Corinthians, Flamengo, Palmeiras e Santos. O futebol deles todos é de qualidade duvidosa. Eu tiraria o Grêmio dessa mesmice, pois Renato Gaúcho tem se mostrado um técnico diferente, privilegiando o ataque, o gol, a qualidade. E ele tem jogadores de nível técnico melhor para isso. O Cruzeiro gerou uma expectativa muito grande em seu torcedor e em todos nós. Porém, na prática, é um time bem comum, de pouca qualidade, que em determinados momentos do jogo não tem organização. Todo mundo quer resolver sozinho e o chamado chuveirinho, bolas alçadas na área, tem sido uma constante. Contra o Fluminense, para usar uma hipérbole, foram “800” cruzamentos sem nenhum objetivo. Como diriam os saudosos mestres Telê Santana e Carlos Alberto Silva, “os caras não cruzaram, se livraram da bola”. Cruzamento é quando você levanta a cabeça, olha e serve ao seu companheiro mais bem colocado. Não foi isso o que vimos.

Sou saudosista porque tive a honra, assim como todos da minha geração ou de gerações passadas, de ver os melhores jogadores do mundo atuando aqui. Não vou nem falar de Pelé. Vou falar de Zico, Reinaldo, Dirceu Lopes, Nelinho, Éder, Cerezo, Falcão e por aí afora. Essa juventude, que estará no Mineirão esta noite, não sabe o que é futebol de verdade, a não ser que tenha assistido aos jogos da Liga dos Campeões da Europa. É uma pena, pois fomos excelência em treinadores, em craques, em árbitros. Ainda somos pentacampeões mundiais, os únicos do planeta. Mas a Alemanha poderá nos igualar na Rússia. Que os bons ventos da Champions League soprem no Mineirão na noite de hoje e que possamos ver um Cruzeiro diferente, com qualidade, percebendo que não há bola perdida, alçando bolas na área na certeza de que os jogadores certos serão encontrados. Não há outro resultado que interesse ao torcedor azul a não ser uma grande vitória!

Tags: cruzeiroec