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COLUNA DO JAECI

Para os odiosos, é mais fácil agredir do que ajudar

Sei que o torcedor é passional, mas não custa analisar o momento do clube e entender o trabalho que está sendo feito

postado em 19/05/2018 12:00 / atualizado em 19/05/2018 12:45

EM/DA Press
Bastou o Atlético ser eliminado da Copa do Brasil para as aves de mau agouro descerem o pau no presidente Sérgio Sette Câmara. Claro, é mais fácil detonar do que ajudar. Essa “aves” não querem saber se ele pegou o clube em situação financeira delicada, se está tentando arrumar a casa, pagando antigos credores, se está com um time em formação dentro de sua realidade, que é a falta de dinheiro. Para quem não sabe, ele não teve direito ao dinheiro da TV, pois as receitas já haviam sido antecipadas, e está se virando para pagar a folha. Mandou embora alguns medalhões que não deram retorno e reduziu drasticamente suas despesas. Está no caminho certo, pois, sem dinheiro e gastando mais do que arrecada ninguém vai a lugar nenhum. Era sabido que o Atlético chegou até longe demais. Pelas dificuldades nos jogos da Copa do Brasil, era visível essa morte anunciada. Aí, o torcedor diz que o time perdeu o título mineiro, foi eliminado da Sul-Americana e da Copa do Brasil. É verdade. Porém, tirando a última competição, as outras duas são piadas. Não valem absolutamente nada. E, no Brasileiro, o Galo figura entre os três primeiros, com a mesma pontuação de Flamengo e Corinthians. Se é uma colocação ilusória, só o tempo vai dizer, mas que a equipe tem se comportado bem, não há dúvida.

Hoje, no Independência, tem a chance de faturar mais três pontos diante do maior rival, o Cruzeiro. Jogo duro, em que, na minha visão, o time azul é o favorito. Tem uma equipe mais forte, mais grupo e um técnico há um ano e 11 meses no cargo. Se vai vencer ou não, é outra história. Os torcedores atleticanos de verdade estarão apoiando o time. Os pessimistas e dadaístas (contra tudo e contra todos), vão torcer por mais um fracasso do Galo para fazerem baderna na sede social do clube ou invadir CT para agredir jogadores. É sempre assim quando algo vai mal. Até parece que isso resolve alguma coisa. Sei que o torcedor é passional, mas não custa analisar o momento do clube e entender o trabalho que está sendo feito. A nova diretoria tem apenas cinco meses no cargo e ninguém recupera um clube sem dinheiro e com alguns jogadores medíocres do dia para a noite. É preciso dar tempo. O presidente prometeu um Brasileiro nos três anos de gestão. É necessário acreditar e dar a ele esse tempo. Sei que os torcedores não querem saber de pagamento de dívidas, mas é preciso entender que isso dará suporte para anos de vitórias e de casa arrumada. Somente assim as conquistas serão possíveis. Olhem o exemplo do Vasco, no Rio de Janeiro. Gastou o que não tinha, anos a fio, e agora vive uma crise sem precedentes. O Galo não vai virar um Vasco da Gama. Com uma das torcidas mais apaixonadas que já vi, a Massa vai dar suporte aos dirigentes para fazerem o trabalho certo. Estou falando dos verdadeiros atleticanos, não dos bandidos travestidos de torcedores.

Já o Cruzeiro vive um grande momento, com excelentes jogos, muita qualidade e peças de reposição à altura. A vitória contra o Atlético-PR, quarta-feira, na Arena da Baixada, em sua estreia na Copa do Brasil, o manteve como uma das equipes mais fortes do país, em busca de todas as taças que está disputando. Mano Menezes olha para o banco e tem jogadores de qualidade, que definem uma partida, como fez Raniel com aquele golaço no 2 a 1. Se a equipe ainda não se firmou no Brasileiro, é porque privilegia, e com sabedoria, a Copa Libertadores da América. O objetivo maior na temporada é o tri da competição e a possibilidade de disputar o Mundial Interclubes. Dizem os entendidos que em clássico não há favorito. Jamais me baseei por essa máxima. Existe sim e, no clássico de hoje, o Cruzeiro vive melhor momento, embora atrás do Galo na tabela.

Só espero que o Independência esteja lotado de torcedores de verdade. De gente que vai ao campo para ver o bom futebol, a bela jogada, o gol excepcional. O futebol só tem sentido se for assim. Num momento em que o país passa por sua maior crise financeira e moral, o futebol deveria ser uma exceção e produzir momentos de lazer. Porém, com marginais infiltrados nas torcidas, o que vemos são guerras de facções. As redes sociais, que um amigo meu define como “latrina de uso das pessoas revoltadas, frustradas e odiosas pelo seu próprio fracasso”, nos enchem de coisas ruins, de informações discriminatórias, com mensagens de ódio mesmo. É preciso que o cidadão que usa as redes sociais tenha nome, CPF e identidade, para que possa ser punido quando destilar seu ódio e sua frustração em cima de quem está trabalhando com honestidade e isenção. Que tenhamos um clássico da paz e que as pessoas entendam que é apenas um jogo de futebol, e não uma guerra.

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