Voltando ao jogo de terça, é claro que os argentinos virão bem fechados, explorando os contra-ataques para manter a vantagem. Em casa, porém, diante de mais de 60 mil torcedores – essa é a expectativa –, o Cruzeiro tem de fazer sua parte. Com o novo regulamento da Libertadores, o primeiro lugar do grupo serve para uma equipe decidir em casa. O sorteio é que vai definir os adversários de cada time. Confesso que até hoje não sei se é melhor jogar a primeira em casa e a segunda fora ou o contrário. Se você faz o primeiro jogo em casa e perde, se complica na volta. Entretanto, se joga bem e vence, empurra para o adversário a responsabilidade. É importante, sim, ficar em primeiro lugar, até mesmo para que a equipe jogue bem, ganhe mais confiança e passe essa mesma confiança ao torcedor. O Cruzeiro é apontado por todos nós como candidato aos títulos que disputa. Se vai ganhar ou não é outra história. Porém, está credenciado a isso. O torcedor está empolgado, pois sabe muito bem que sua equipe é copeira, acostumada aos jogos mata-mata. E daqui pra frente será assim, jogos de ida e volta. A exemplo da Copa do Mundo, a Libertadores começa como campeonato e termina como Copa. Espero uma grande atuação do Cruzeiro diante do Racing. A derrota de sábado nada tem a ver com o jogo de amanhã. O Cruzeiro entrou com 10 reservas, exceto Fábio. A derrota não deixou o torcedor chateado nem infeliz. Ele sabe que o jogo que vale neste momento é contra o Racing, pois no Brasileirão o time terá tempo para se recuperar. Ninguém duvida que o Cruzeiro vai brigar pelo Brasileirão também, mas a prioridade maior da temporada é a Libertadores. Recebi os amigos Vinício Kalid, cruzeirense roxo e grande advogado, Germando Sacoy e Roger Rolfhs em minha casa, onde assistimos ao clássico de sábado. Vinício já está se programando para ir a Dubai, assistir, segundo ele, a Real Madrid x Cruzeiro. Gosto de gente otimista. Tomara que a previsão dele se confirme, pois isso ocorrendo, vai significar que o time azul vai ganhar a Libertadores. Se isso acontecer, o ano já estará pago, pois esse é, sem dúvida nenhuma, o maior objetivo da Raposa na temporada.
Será o Corinthians?
Com 13 pontos ganhos, na cabeça da tabela, o Atlético já está sendo apontado como o “Corinthians” dessa temporada, justamente por ter um técnico desconhecido e um time que não causava grandes expectativas. Eliminado da Copa do Brasil, Sul-Americana e tendo perdido o título mineiro, o Galo deixou sua gente desconfiada, mas faz um belíssimo campeonato de pontos corridos, sonhando com o bi. Conversei com alguns dirigentes antes do clássico. Eles me disseram que o objetivo é chegar entre os três primeiros até a parada para a Copa do Mundo e retomar a competição, depois de 15 de julho, mais forte, mais respeitado e em condições de realmente brigar pelo caneco. Não sei se o Galo deste ano é o “Corinthians” da temporada passada. Sei apenas que é uma equipe entrosada, com alguns problemas, mas muita vontade de acertar. Não há um grande craque, mas o melhor jogador atualmente é Róger Guedes, tão contestado pela torcida, bancado pelo presidente. Tenho visto algumas críticas a Ricardo Oliveira. Porém, observem que a bola pouco chega nele. O problema maior do Galo está no meio-campo, onde Cazares não acrescenta muito, embora tenha qualidades técnicas, e Otero é apenas um grande chutador. Se até essa parada o Galo conseguir arrumar um 10 de verdade – figura em extinção no nosso futebol –, as coisas podem melhorar e crescer. Blanco e Adílson estão muito afinados, e a defesa, com grande potencial. É assim que se constrói um campeão, sempre lembrando que a expectativa de todos nós era a de que o Galo não conseguiria chegar para disputar títulos nesta temporada, pois está ajeitando a casa, pondo as finanças em dia. Porém, o futebol é o carro-chefe – e não poderia ser diferente.