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COLUNA DO JAECI

França bicampeã em final emocionante. Parabéns aos guerreiros croatas

Uma Copa da lisura, da dignidade, dos acertos e, fundamentalmente, da chamada "bola parada". Ela decidiu quase todos os jogos

postado em 16/07/2018 09:24 / atualizado em 16/07/2018 09:28

AFP

A França é bicampeã do mundo – de fato e de direito. Derrotou a Croácia por 4 a 2 ontem, no belíssimo Luzhniki Stadium e colocou o técnico Didier Deschamps no seleto grupo de Zagallo e Beckenbauer, campeões do mundo como técnico e jogadores. Que final maravilhosa e emocionante! A Croácia, país arrasado pela guerra da antiga Iugoslávia, não tripudiou, não simulou e caiu de pé, não rolando no gramado. Mostrou competência, qualidade, dedicação. Mas os franceses eram mais fortes, mais encorpados, mais time. E prevaleceu a genialidade de Griezmann, a força de Pogba e a velocidade de Mbbapé. Os gols foram saindo naturalmente. O VAR (árbitro de vídeo) foi decisivo. Uma Copa da lisura, da dignidade, dos acertos e, fundamentalmente, da chamada “bola parada”. Ela decidiu quase todos os jogos. Parabéns a franceses e croatas. Foram dignos, fizeram um grande jogo e o grande vencedor foi o futebol, como deve ser sempre.

Foi um primeiro tempo digno de uma grande final de Copa do Mundo. Os croatas começaram bem, empurrando os franceses para trás, mostrando que queriam a taça. Modric era o grande cérebro, mas, Perisic era o cara. Um jogador bem completo. A tal da “bola parada” foi decisiva neste Mundial e no primeiro tempo da final. Uma cobrança de falta feita por Griezmann encontrou a cabeça de Mandzukic, e ele acabou desviando contra o próprio gol. França 1 a 0, sem merecer. Mas a Croácia tinha garra, vontade. Imaginem um povo que viveu anos de guerras, sofrido, que luta por cada pedaço de terra. Assim eram os croatas. E em outra cobrança de falta, desta vez ensaiada, Modric levantou, o lateral-direito cabeceou para a área, Vida ajeitou, Perisic dominou, limpou e bateu com precisão: 1 a 1, fazendo justiça ao que era a partida. O que dizer do VAR, essa inovação que acaba com qualquer injustiça no futebol? Ele é perfeito. E foi isso o que ocorreu. O VAR pegou uma mão de Perisic na área: pênalti. O árbitro argentino Néstor Pitana não viu, mas foi obrigado a consultar o VAR e acabou marcando a penalidade. Griezmann bateu com muita qualidade. Confesso que eu vivi uma dualidade. Ao mesmo tempo em que torcia para a França, país que amo, não deixava de querer ver gol da Croácia, por tudo o que aquele povo viveu. Não havia dúvida, porém, de que os franceses tinham um time mais forte, mais coeso. Porém, a garra, a determinação dos croatas, me encantavam e, tenho a certeza, de que a você também.

Vamos ao segundo tempo e com ele muitas emoções. Um lançamento para Mbbapé gerou um cruzamento para a área. Griezmann dominou e ajeitou para Pogba. Ele chutou de direita, e a zaga aliviou. Mas a bola voltou para ele, que chutou de esquerda e fez 3 a 1. E o quarto gol não demorou. Mbbapé recebeu, ajeitou e chutou de fora da área: 4 a 1. A Copa do Mundo parecia definida. Mas a Croácia não desistia nunca. Uma bola recuada para Llroris deixou o goleiro francês tranquilo. Porém, Mandzukic foi pra cima dele. Lloris tentou driblar o atacante croata e ele tocou, diminuindo para 4 a 2. Não se brinca em partida normal, imaginem em final da Copa do Mundo! Foi uma final maravilhosa, e quando o árbitro apitou o fim da partida, Didier Deschamps, técnico francês, entrou para o seleto grupo de Zagallo e Beckenbauer, campeões do mundo como técnico e jogadores. Griezmann foi eleito o homem do jogo, mas se fosse Pogba ou Mbbapé, não seria nenhuma novidade. Que time maravilhoso esse francês. E aos croatas, nossos parabéns. Honraram a camisa do país, fizeram uma Copa maravilhosa e perderam para a melhor equipe do Mundial. Esse país de apenas 4 milhões de pessoas merece ser reverenciado. Sua presidente deu exemplo de caráter e dignidade, pagando sua passagem, juntando-se à sua gente.
 
Obrigado, Rússia, por nos proporcionar uma das melhores Copas da história. Obrigado, França e Croácia, por nos mostrarem que o que vale no futebol é o fair play, a verdade, os gols, sem simulações, sem cai-cai, sem ludibriar ninguém. Tivemos uma das melhores Copas do Mundo na Rússia, um país que viveu o comunismo, a Cortina de Ferro, mas que se “ocidentalizou” com a presença de vários povos, raças, credos, que formaram uma família chamada Copa do Mundo. Parabéns, França. Bicampeã mundial. Ao meu amigo Michel Esteban, o cabeleireiro francês mais mineiro que conheço, Allez les Bleus! A França entra para o grupo de Argentina e Uruguai, bicampeões. Venceu a melhor equipe, a mais determinada, a de mais qualidade. Parabéns aos franceses. E aos russos, vai aqui o meu muito obrigado. Uma Copa maravilhosa, segura, com transporte público de alta qualidade, com o povo nos recebendo de braços abertos, sorrindo para todos nós. Obrigado, Rússia. Obrigado, Moscou. Amo vocês. Valeu Copa do Mundo. Você nos fez sorrir, chorar, vibrar. O futebol só tem razão de ser se for assim. Valeu, França. Allez les Bleus.