Foi um primeiro tempo digno de uma grande final de Copa do Mundo. Os croatas começaram bem, empurrando os franceses para trás, mostrando que queriam a taça. Modric era o grande cérebro, mas, Perisic era o cara. Um jogador bem completo. A tal da “bola parada” foi decisiva neste Mundial e no primeiro tempo da final. Uma cobrança de falta feita por Griezmann encontrou a cabeça de Mandzukic, e ele acabou desviando contra o próprio gol. França 1 a 0, sem merecer. Mas a Croácia tinha garra, vontade. Imaginem um povo que viveu anos de guerras, sofrido, que luta por cada pedaço de terra. Assim eram os croatas. E em outra cobrança de falta, desta vez ensaiada, Modric levantou, o lateral-direito cabeceou para a área, Vida ajeitou, Perisic dominou, limpou e bateu com precisão: 1 a 1, fazendo justiça ao que era a partida. O que dizer do VAR, essa inovação que acaba com qualquer injustiça no futebol? Ele é perfeito. E foi isso o que ocorreu. O VAR pegou uma mão de Perisic na área: pênalti. O árbitro argentino Néstor Pitana não viu, mas foi obrigado a consultar o VAR e acabou marcando a penalidade. Griezmann bateu com muita qualidade. Confesso que eu vivi uma dualidade. Ao mesmo tempo em que torcia para a França, país que amo, não deixava de querer ver gol da Croácia, por tudo o que aquele povo viveu. Não havia dúvida, porém, de que os franceses tinham um time mais forte, mais coeso. Porém, a garra, a determinação dos croatas, me encantavam e, tenho a certeza, de que a você também.
Vamos ao segundo tempo e com ele muitas emoções. Um lançamento para Mbbapé gerou um cruzamento para a área. Griezmann dominou e ajeitou para Pogba. Ele chutou de direita, e a zaga aliviou. Mas a bola voltou para ele, que chutou de esquerda e fez 3 a 1. E o quarto gol não demorou. Mbbapé recebeu, ajeitou e chutou de fora da área: 4 a 1. A Copa do Mundo parecia definida. Mas a Croácia não desistia nunca. Uma bola recuada para Llroris deixou o goleiro francês tranquilo. Porém, Mandzukic foi pra cima dele. Lloris tentou driblar o atacante croata e ele tocou, diminuindo para 4 a 2. Não se brinca em partida normal, imaginem em final da Copa do Mundo! Foi uma final maravilhosa, e quando o árbitro apitou o fim da partida, Didier Deschamps, técnico francês, entrou para o seleto grupo de Zagallo e Beckenbauer, campeões do mundo como técnico e jogadores. Griezmann foi eleito o homem do jogo, mas se fosse Pogba ou Mbbapé, não seria nenhuma novidade. Que time maravilhoso esse francês. E aos croatas, nossos parabéns. Honraram a camisa do país, fizeram uma Copa maravilhosa e perderam para a melhor equipe do Mundial. Esse país de apenas 4 milhões de pessoas merece ser reverenciado. Sua presidente deu exemplo de caráter e dignidade, pagando sua passagem, juntando-se à sua gente.
Obrigado, Rússia, por nos proporcionar uma das melhores Copas da história. Obrigado, França e Croácia, por nos mostrarem que o que vale no futebol é o fair play, a verdade, os gols, sem simulações, sem cai-cai, sem ludibriar ninguém. Tivemos uma das melhores Copas do Mundo na Rússia, um país que viveu o comunismo, a Cortina de Ferro, mas que se “ocidentalizou” com a presença de vários povos, raças, credos, que formaram uma família chamada Copa do Mundo. Parabéns, França. Bicampeã mundial. Ao meu amigo Michel Esteban, o cabeleireiro francês mais mineiro que conheço, Allez les Bleus! A França entra para o grupo de Argentina e Uruguai, bicampeões. Venceu a melhor equipe, a mais determinada, a de mais qualidade. Parabéns aos franceses. E aos russos, vai aqui o meu muito obrigado. Uma Copa maravilhosa, segura, com transporte público de alta qualidade, com o povo nos recebendo de braços abertos, sorrindo para todos nós. Obrigado, Rússia. Obrigado, Moscou. Amo vocês. Valeu Copa do Mundo. Você nos fez sorrir, chorar, vibrar. O futebol só tem razão de ser se for assim. Valeu, França. Allez les Bleus.