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COLUNA DO JAECI

Boca e Cruzeiro no lendário La Bombonera

Que os deuses do futebol estejam de plantão em La Bombonera e que tenhamos um daqueles jogos sensacionais (...) Os torcedores merecem e o futebol vai agradecer.

postado em 19/09/2018 12:04

Tiago Mattar/Superesportes
La Bombonera (foto), estádio lendário, que sempre me faz lembrar do meu mestre no jornalismo, Daniel Gomes. Ele conhece o futebol argentino como nenhum outro, e não foram poucas as vezes que eu, Arnaldo Viana e o saudoso Benjamim Abaliac nos sentamos com Daniel para ouvir as histórias do Boca Juniors, um dos times mais conhecidos do planeta. Saudades dos bons e grandes tempos do jornalismo, que, infelizmente, não voltam mais. Estive naquele caldeirão uma única vez. Confesso que não gosto muito da Argentina, o país. Foi num Boca 2 x 1 Cruzeiro, pela Libertadores. O gol de Fabrício deu esperança de classificação, pois bastava o Cruzeiro vencer por um gol de diferença no jogo de volta que avançaria às quartas de final da competição. No Mineirão, porém, Boca 2 a 0 e o time azul eliminado. Quando falamos em Boca, logo vem à cabeça a imagem de Dom Diego Maradona, com seu charuto cubano num dos camarotes do estádio, rodando sua camisa do clube. Ele é um eterno apaixonado pelo Boca.

Não há como não lembrar dos grandes clássicos entre Cruzeiro e Boca nas décadas de 1970 e 1990. Eles decidiram a Libertadores de 1977 e o Boca levou o título nas penalidades. Que saudades de Nelinho, Jairzinho, Palhinha, Piazza, Raul. Aquele Cruzeiro era um esquadrão. Porém, como tudo na América do Sul piorou, o que temos para hoje são duas equipes esforçadas e muito bem treinadas. Esse Boca já não mete medo em ninguém, mas, La Bombonera, sim. É um estádio mítico, mágico. Fico imaginando Nelinho cobrando uma falta da intermediária, enganando o goleiro do Boca com aquela curva e potência que só o “Manoel” sabia fazer. Jairzinho e Palhinha (Vanderlei Eustáquio), infernizando a defesa dos gringos. E olha que há acusações de que naquela época os argentinos tomavam “bolinha” e jogavam dopados. Como as TVs não transmitiam quase jogo nenhum, os hermanos ganhavam na bola e na porrada. Para a gente sair vitorioso, só mesmo quando fazia três gols para valer um. As arbitragens eram tendenciosas, sempre para o lado deles.

Hoje, temos transmissão da competição inteira e os árbitros têm medo de errar e ser punidos. O exame antidoping também é rigoroso e não há mais esse risco. Para ganhar, tem que ser na bola e no talento, ou na raça, pois é sabido que tanto no Brasil, quanto na Argentina, os talentos são raros. Eu diria até que os hermanos têm mais jogadores de qualidade do que a gente mundo afora. O Cruzeiro é temido na Argentina. La Bestia Negra tem histórias e mais histórias por lá. E hoje tem uma equipe coesa, bem dirigida, que deixa a desejar no ataque, é verdade, mas que tem dois monstros sagrados lá atrás, que garantem tudo. Estou falando de Fábio, o melhor goleiro do Brasil há 12 anos, e Dedé, um zagueiraço, em nível de Real Madrid. Esses dois, com Leo e Henrique, que também têm jogado o fino da bola, garantem um Cruzeiro sólido no setor defensivo. Sem De Arrascaeta, vai depender da criatividade de Thiago Neves, que ainda não fez um grande jogo com a camisa azul. Quem sabe La Bombonera o inspira. Neves fez três gols em uma final de Libertadores, pelo Flu, no Maracanã, em 2008. Mas perdeu a taça nas penalidades para a LDU. Coisas de Libertadores, onde o “porco magro”, volta e meia, suja a água. Mas, hoje, é briga de cachorro grande, de duas das melhores equipes do mundo, e o caldeirão vai ferver. O Cruzeiro não precisa se afobar em fazer o resultado. Um empate estará de muito bom tamanho.

É muito legal ver os torcedores azuis confiantes, pegando voos para Buenos Aires. Sinal de que acreditam no trabalho de Mano e na tradição do Cruzeiro na competição. O time azul largou o Brasileiro de lado para cuidar das duas copas, Libertadores e do Brasil, e vai muito bem, obrigado, nas duas. Tem chances reais de levantar o caneco, mas os pés devem estar bem plantados e sedimentados no chão. Não é o Boca dos velhos tempos, mas é o Boca, entenderam? O jogo vale passagem para a semifinal e teremos a partida de volta, no Mineirão, com a “Toca 3” lotadinha. É jogar com inteligência esta noite, pois o Cruzeiro tem jogado melhor fora de casa do que dentro. Que os deuses do futebol estejam de plantão em La Bombonera e que tenhamos um daqueles jogos sensacionais. Torço sempre por um 5 a 4, 6 a 4, para o Cruzeiro, é claro. Somente assim vou lembrar dos grandes clássicos vividos ali, que Daniel Gomes tanto nos contou. Os torcedores merecem e o futebol vai agradecer.

Liga dos Campeões

O maior torneio de clubes do mundo começou na última terça-feira, em sua fase de grupos. Eu aposto na Juventus, por ter Cristiano Ronaldo, Real Madrid e Barcelona. Acho que daí sairá o campeão. Correm por fora o Bayern de Munique, Liverpool, City e PSG. No time francês, porém, não aposto um centavo. Não acredito que tenha grupo e time para levantar a “Orelhuda”. Tive a honra de cobrir 11 finais. Nesta temporada, será na capital espanhola, no novo estádio do Atlético de Madrid. Que tenhamos, como sempre, grandes jogos.

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