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COLUNA DO JAECI

Não houve sintonia entre Alexandre Gallo, time e torcida

Nem o melhor técnico do mundo conseguiria sucesso num clube onde não há material humano de qualidade. Refiro-me não só ao Galo, mas a outras 15 equipes do Brasileirão, que vivem a mesma situação

postado em 01/11/2018 12:00 / atualizado em 01/11/2018 10:21

Leandro Couri/EM/D.A Press


O presidente Sérgio Sette Câmara demitiu o diretor de futebol, Alexandre Gallo (foto), segundo ele, porque não havia mais condições de continuar com o dirigente, pelos insucessos da equipe, e não por ter sofrido ameaças. Há duas semanas, ele havia me dito que não faria isso, porque naquela oportunidade,  faltando nove rodadas para o fim do Brasileirão, não seria coerente. “Não tenho medo de ninguém e não há pessoa no mundo que me faça tomar uma decisão sob qualquer tipo de ameaça”, disse. Porém, é sabido que a pressão de facções foi muito forte sobre o então diretor Alexandre Gallo. Na minha visão, isso é uma ameaça clara. Que país é esse? É sabido que 65 mil pessoas são assassinadas por arma de fogo ou arma branca por ano, um índice assustador, maior do que qualquer guerra no mundo. Uma estatística vergonhosa. É bom que fique claro que essas facções não representam os milhões de torcedores atleticanos. Quando a gente vê esses chamados “torcedores”, que na verdade são gangues, facções, ameaçando dirigentes, jogadores e técnicos, indo aos CTs, às sedes administrativas, percebe que o Brasil não tem jeito mesmo. Isso é caso de polícia. O futebol deveria ser paixão, emoção e um aperto de mão do vencedor ou derrotado após os jogos. Porém, o que vemos são cenas de barbáries, jovens sendo assassinados covardemente, uma vergonha.

A demissão de Alexandre Gallo não vai resolver os problemas do Atlético. Nem tampouco a ascensão de Marques. Gallo errou nas contratações porque não tinha muito o que fazer. Sem dinheiro, contratou aos montes – quantidade e não qualidade. Não foi culpa dele. Sérgio Sette pegou um clube quebrado, sem dinheiro, com cotas de TV antecipadas até o ano que vem. Dessa forma é difícil fazer futebol. Dou como exemplo o meu time, o Flamengo. Com dinheiro sobrando, contratou jogadores considerados excelentes, que não deram o menor retorno: Diego, Éverton Ribeiro, Diego Alves, Geuvânio, Henrique Dourado. Só com esses gastou mais de R$ 200 milhões. Foi eliminado da Copa do Brasil, Libertadores, e no Brasileiro corre o risco de não ganhar a taça. Vejam que nem com muito dinheiro o futebol foi vencedor! Não há mais jogadores de qualidade. Venho alertando para esse tema há anos. Ou se investe nas divisões de base, formando grandes atletas, ou a gente vai chegar ao fundo do poço.
Me apontem um craque no futebol brasileiro. Temos raros bons jogadores. O nível técnico é sofrível. Não vejo o Atlético pior ou melhor do que 15 clubes do Brasileirão. Ele fica atrás do Grêmio, Cruzeiro, Palmeiras e Flamengo, que sobressaem um pouco mais. O resto é tudo do mesmo. Não é um bando que vai a uma sede ou a um CT ameaçar, agredir e cobrar com xingamentos que vai resolver o problema do clube. O futebol brasileiro anda sem solução, a não ser que os clubes voltem a investir nas divisões de base, pondo gente que entende de bola para trabalhar. O que vemos, no geral, principalmente no eixo Rio-São Paulo, são pessoas despreparadas, fazendo conchavos com empresários, ganhando dinheiro em cima dos clubes. E alguns dirigentes corruptos recebendo comissões em vendas de jogadores, o que para alguns não é ilegal, mas, na verdade, é imoral. O clube não é lesado em um centavo, mas a comissão do empresário é posta em contas no exterior. Uma vergonha!
Espero que o Atlético reencontre seu caminho, que foi escrito pelo maior e mais vencedor presidente da história, Alexandre Kalil, e possa voltar a levantar taças. Sei que a equipe de Sérgio Sette é correta, honesta e busca o melhor para o clube. Porém, sem dinheiro e sem jogadores de qualidade fica muito difícil. Milagreiro ele não é. Nem o melhor técnico do mundo conseguiria sucesso num clube onde não há material humano de qualidade. Refiro-me não só ao Galo, mas a outras 15 equipes do Brasileirão, que vivem a mesma situação. E aos valentões, ameaçadores, vai aqui um recado: o Brasil vai mudar. As leis serão mais duras e competentes. Os bandidos travestidos de torcedores vão pegar cana dura. Já há vários condenados cumprindo pena. Porém, sob nova direção, essas penas serão agravadas, e as tais visitas íntimas e outras regalias vão acabar. É melhor que essas facções pensem 10 vezes antes de invadir CTs ou sedes, ameaçando dirigentes, técnicos e jogadores. Repito: o futebol só tem razão de ser pela emoção e paixão, limitadas pelo bom senso e pela razão. Se não for assim, não vale a pena.

Libertadores

O River Plate despachou o Grêmio dentro da Arena, em Porto Alegre, e está na final da Libertadores. Uma pena que Renato Gaúcho, melhor técnico do Brasil, não tenha chegado a mais uma final. O Grêmio é o time brasileiro que joga bonito e que procura o gol o tempo todo. É sabido que os argentinos jogam melhor fora de casa do que dentro e, em se tratando de Libertadores, são carne de pescoço. Vida que segue. O Grêmio tem uma excelente equipe e vai continuar sua trajetória de vitórias na próxima temporada.

Paulinho

Tite insiste em provocar a nação brasileira ao convocar o fracassado Paulinho. O volante nos entregou nos 7 a 1 na Copa de 2014 e agora, na Copa da Rússia. E se continuar na Seleção vai nos entregar também na Copa América, ano que vem, no Brasil. E se chegar até lá, em 2022.

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