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COLUNA DO JAECI

Insistência com os fracassados

postado em 05/11/2018 10:00 / atualizado em 05/11/2018 08:53

AFP / CARL DE SOUZA

Não assisto aos programas esportivos. A maioria não acrescenta nada e é uma “babação de ovo” muito grande de alguns entrevistadores. Sexta-feira, porém, ao zapear a TV, vi que o técnico da Seleção Brasileira, Tite, dava uma entrevista ao Redação SportTV e tive que assistir, pois cubro a Seleção há 32 anos. Logo de cara o peguei dizendo que “Paulinho e Fernandinho jogam muito” e que serão convocados sim – Paulinho está confirmado para os jogos na Inglaterra, neste mês, e Fernandinho vai esperar um pouco mais. Porém, Tite disse que vai conversar com ele, pois não acha justo que seja punido por um erro “casual” contra a Bélgica. Meus leitores e leitoras, isso é um absurdo! Fernandinho e Paulinho nos entregaram em 2014, nos 7 a 1 contra a Alemanha, em semifinal de Copa do Mundo. De novo, nos entregaram na Copa da Rússia. O que Tite quer? Que eles nos entreguem em 2022, no Catar, também? Não entendo a insistência com esses dois, com Marcelo, com Thiago Silva. Já passou da hora de buscar novos atletas. É sabido que Arthur, do Barcelona, será titular do meio-campo, por sua qualidade. Aliás, deveria ter ido à Copa da Rússia, mas Tite insistiu com os fracassados.

Paulinho tem a seu favor o fato de ter sido campeão no Corinthians, comandado por Tite. Ele e Renato Augusto, daí a insistência do treinador com os dois, que atuam na China e nada acrescentam ao time canarinho. Que saudades dos grandes e saudosos amigos Carlos Alberto Silva e Telê Santana. Eles podiam até perder, mas escalavam o que de melhor havia. Sem panelinha ou proteção a A ou B. Telê, por exemplo, por ser muito disciplinador, cortou Renato Gaúcho e Éder, em 1986, e perdeu Leandro, que se sentiu culpado pelo corte de Renato após noitada em BH, em que chegaram tarde à Toca da Raposa I. Com esses três monstros do futebol, ele seria campeão do mundo. Porém, usou coerência e os manteve fora. O Brasil foi eliminado pela França, mas Telê não foi crucificado, pois fez o que achou melhor, pelo lado disciplinar. Tite insiste com jogadores que não deram nenhuma contribuição para a Seleção. E, não tenham dúvida: sua próxima aquisição será Daniel Alves, cortado da Copa da Rússia por contusão. É outro que nada ganhou no time nacional.

Já escrevi que cheguei a ter admiração por Tite, entendendo-o sincero e convicto de suas ações. Num jogo em Natal, pelas eliminatórias, contra a Bolívia, perguntei a ele se havia jogador de clube e de Seleção, pois entendo que Paulinho e Thiago Silva são bons jogadores de clubes. Ele disse que não, e que recuperaria os dois. Paulinho jogou muito contra adversários sul-americanos, mas, no Mundial, foi um fiasco. O problema de Tite é não enxergar e admitir seus erros. Não pode haver corporativismo, principalmente, em se tratando de Seleção Brasileira. Se Paulinho e Renato Augusto foram importantes no Corinthians tudo bem, mas na Seleção não justificam suas convocações.

Com a experiência de sete Copas do Mundo, seis Olimpíadas, oito Copas Américas, seis Copas das Confederações e 265 coberturas internacionais, a maioria com a Seleção Brasileira, tenho a prerrogativa de criticar o que vejo de errado. Com Parreira e Felipão, em 1994 e 2002, respectivamente, fomos campeões do mundo, e chegamos à final em 1998 com Zagallo. Três finais consecutivas e duas taças. De lá pra cá, nada. Só eliminação nas quartas de final, e, em 2014, na semifinal, naquele fatídico 8 de julho, no Mineirão. É preciso que Tite entenda que Seleção Brasileira é diferente de clube. Agora, ele tem a experiência de uma Copa fracassada e deve tirar lições para evoluir e não para regredir. É um retrocesso enorme as manutenções de Paulinho, Fernandinho, Thiago Silva, Marcelo e Daniel Alves. É uma geração vencedora em clubes, mas fracassada em Seleção Brasileira. A história mostra isso.

É muito melhor elogiar do que criticar. Com todos os técnicos da Seleção, de 1986 pra cá, tive respeito, amizade e carinho. Muitos não ganharam, mas têm minha admiração. São profundos conhecedores de bola. Telê Santana, Carlos Alberto Silva, Zagallo, Parreira, Vanderlei Luxemburgo, Felipão, Leão, Candinho e mais alguns que eu possa ter esquecido. Sei que Tite não gosta de mim, porque sempre falei que ele derrubou o Atlético, em 2005, fato e realidade. Porém, tentei entender seus conceitos na Seleção, mas, sinceramente, ele é muito confuso. Vou continuar criticando suas convocações equivocadas e inadequadas. Sempre, no campo do esporte, pois jamais critico pessoas e sim o ocupante do cargo. Tite está técnico da Seleção e será testado na Copa América do ano que vem, no Brasil. Ao contrário de muitos, não acho que ganhar ou perder pode ser decisivo para o futuro dele. Se perdermos, com grande futebol, deve ficar. Porém, se ganharmos, com futebol pobre, deve sair.

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