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COLUNA DO JAECI

Vitória brasileira com futebol de segunda

Se o Brasil pensa em ganhar a Copa do Catar, tem de mudar da água para o vinho. O futebol apresentado com Tite é abaixo de qualquer crítica

postado em 17/11/2018 10:30 / atualizado em 17/11/2018 10:33

AFP / Adrian DENNIS
 Londres – Com futebol ruim, sem inspiração, sem qualidade, o Brasil venceu o Uruguai por 1 a 0, ontem, no Emirates Stadium. O gol de Neymar em cobrança de penalidade contestada pelos uruguaios tirou o zero do placar, mas não escondeu o péssimo futebol do time de Tite, cujo meio-campo não tem um criador. Ele insiste em manter Neymar pela esquerda, inibindo o futebol que ele ainda tem. Os uruguaios cumpriram seu papel, de jogar por uma bola, mas desta vez Cavani e Suárez passaram em branco. Firmino não viu a cor da bola, e Richarlison entrou muito bem. Se o Brasil pensa em ganhar a Copa do Catar, tem de mudar da água para o vinho. O futebol apresentado com Tite é abaixo de qualquer crítica.

Gostei da atuação de Neymar no primeiro tempo. Buscou o jogo, driblou, cobrou faltas, achou os atacantes bem colocados. O problema é que com um meio-campo com Arthur, Wallace e Renato Augusto a gente vai esperar o quê? Como Tite, equivocadamente, escala Neymar na esquerda, a criatividade fica comprometida, pois Wallace e Arthur são excelentes marcadores e destruidores. Construtores, jamais. E Renato Augusto é aquele jogador medíocre, previsível. De seus pés não vai sair nada de bom. Por isso mesmo, Firmino ou qualquer centroavante que fosse escalado não teria como fazer gols sem a bola chegar. Meus leitores e leitoras, Tite escondeu o time para um amistoso contra o Uruguai, e quando a escalação saiu aqui no estádio, confesso que fiquei perplexo. É realmente um treinador que fala muito e produz pouco. O time brasileiro não encanta, não levanta a torcida, não incentiva ninguém. Neymar faz suas jogadas de forma isolada. Numa delas, virou o jogo para Douglas Costa, e a bola saiu pela linha lateral. Neymar deu uma bronca em Costa, dizendo que ele estava mal colocado. O jogador da Juventus, então, ficou caladinho, para não contrariar o capitão. Tite está apostando sua vida em montar um time para ganhar a Copa América, com o sonho de chegar ao Mundial do Catar. Sabe que Renato Gaúcho está na sua sombra, à espera de sua queda, para assumir. Renato é um técnico com a cara do futebol brasileiro de verdade, que joga, que toca, que dribla, que faz gols. Tite é o oposto. Seu time é amarrado, não consegue criar boas jogadas, é totalmente previsível.

O Uruguai usou o que tinha de melhor: a dupla Suárez-Cavani. Dois extraordinários jogadores, que ajudam na marcação e chegam à área adversária com muita velocidade. E Suárez teve apenas uma chance, fazendo Alisson praticar grande defesa. Cavani teve outra. Esperou a bola cair, mas, em vez de encher o pé, apenas tocou para outra boa defesa de Alisson. Em amistosos, Alisson pega tudo. Nos jogos que valem, o que vai no gol entra. E assim o tempo passou e o primeiro tempo terminou sem gols. Muito frio e uma garoazinha chata. É Londres.

Veio o segundo tempo e logo nos primeiros minutos Tite tirou Renato Augusto e pôs Alan. A chuvinha e o frio aumentaram e o ritmo do jogo era o mesmo. Nada de relevante. Neymar levantou a torcida em chute que o goleiro Campaña rebateu. O atacante Richarlison, grande sensação do futebol inglês, foi chamado. Entrou na vaga do sumido Douglas Costa. Aliás, outro jogador previsível. Domina a bola, leva para a perna esquerda e cruza errado. Um jogador que deveria ter sido punido por Tite por ter cuspido em um adversário no Campeonato Italiano. Mas não. Tite o premiou chamando-o. Com Richarlison e Firmino era uma nova composição na esperança de gols. Porém, sem a bola chegar, nada feito, e ela continuava não chegando. Com 18 minutos, as primeiras vaias foram ouvidas. Cavani empolgou a torcida ao lançar Suárez diante de Alisson, mas Miranda chegou antes. Logo depois, Danilo foi derrubado na área. Pênalti que os uruguaios contestaram. Neymar bateu com categoria: Brasil 1 a 0. Tite fala tanto na tal “bola parada”, que sua equipe só consegue fazer gol desta forma. O futebol apresentado é muito pobre. Cavani deu duas pegadas em Neymar, mostrando que realmente não é muito chegado ao jogador brasileiro, embora companheiros no PSG. Chuva, frio e péssimo futebol. Foi assim que a história do clássico Brasil e Uruguai foi contada em Londres. Terça-feira tem mais. Que venham os africanos de Camarões. Eu lamento ver o Brasil tão abaixo do que desejamos. Se não mudar a filosofia de trabalho, Tite não nos levará a lugar nenhum. Isso que estamos vendo é tudo, menos o verdadeiro futebol brasileiro.

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