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COLUNA DO JAECI

Eterno presidente está afastado do Atlético

Nos últimos 10 anos, Kalil nunca esteve tão distante do clube como agora

postado em 16/12/2018 12:00

Edesio Ferreira/EM/D.A Press
O maior e mais vencedor presidente da história do Atlético, Alexandre Kalil, está fazendo falta ao futebol. Sei que ele está se dedicando a cuidar do povo de BH, que o elegeu prefeito, e faz um governo espetacular, para os pobres, sem escândalos ou falcatruas. É preto no branco. Houve um empresário que foi procurá-lo, após a eleição. Kalil o expulsou da sala, quase com um pontapé no traseiro. Seu compromisso é com os pobres, não com empresários. Kalil lidou com milhões de euros no Galo. Administrou com mão de ferro. Para comprar um sabonete no clube, precisavam da assinatura dele. Por isso, a administração foi um sucesso. Ganhou uma Libertadores, uma Copa do Brasil e uma Recopa, títulos sonhados pela Massa alvinegra, que não comemorava nada havia tempo. Kalil tem um jeito simples de fazer gestão. Olha no olho, abre o jogo e fala o que sente e o quer. Se a pessoa do outro lado quiser, é assim. Se não, que vá bater em outra freguesia.

Vou contar aqui dois casos, um deles presenciei em Munique. Fui ao hotel onde ele estava hospedado em 2012, véspera da final da Champions entre Bayern de Munique e Chelsea. Kalil conseguiu ingressos para minha mulher, Francisco Tomás e a mulher dele, Ederci. Eu estava credenciado pela Uefa, como sempre faço. Sentei-me com ele e o vi negociando com um dos mais fortes empresários, com abertura na Europa. Kalil jogava pesado. Queria determinado jogador – não me recordo o nome – e só pensava no lado do clube. O agente, vendo que se tratava de um dirigente sério e diferente, aceitou aquilo que Kalil propôs, e o negócio foi fechado. Preto no branco, sem mistério nenhum. Assim ele foi montando o time que seria campeoníssimo.

Outra negociação fantástica foi a do maior ídolo recente da história do Galo, Ronaldinho Gaúcho. Não estava presente, mas Rodolfo Gropen, presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, e Assis, irmão de Ronaldinho Gaúcho, me contaram. Kalil e Gropen pegaram um avião e desembarcaram em Porto Alegre. Foram à casa de Ronaldinho Gaúcho, que o Flamengo havia mandado embora. A conversa foi reta e curta. Kalil falou: “Garoto, você é rico, ganhou tudo em sua vida, inclusive Copa do Mundo. Mas precisa resgatar sua carreira. Se quiser ir para o Atlético, entra no avião conosco e vamos embora. Lá, você vai ser feliz. Se não quiser, vai encerrar sua carreira por baixo. A escolha é sua.” Ronaldinho chorou.

Com Assis o papo foi ainda mais duro. “Olha aqui Assis, tenho isso para pagar por mês, isso por conquistas e o Ronaldinho terá que trabalhar como os outros atletas do clube. Não tem privilégios.” Assis foi anotando tudo num guardanapo. Ao fim da conversa, eles pegaram uma mala de mão, entraram no avião com Kalil e Gropen e o resto da história vocês já conhecem. Galo campeão da Libertadores, maior título da história do clube. Ronaldinho ainda ajudou o clube na conquista da Recopa e depois partiu para outras jornadas. Só se refere a Kalil como seu pai, o cara que lhe deu a chance de ressurgir para o futebol.

Por isso tudo, sou fã incondicional de Kalil. Sei que BH precisa dele na prefeitura, onde faz belíssima gestão, e em breve o Estado também o requisitará para que seja governador, nas próximas eleições. Kalil é um cara diferente. Quem o conhece, o ama. Alguns que não o conhecem o odeiam. Um excelente pai – sigo a risca os conselhos que me dá na criação dos meus filhos, pois ele formou um médico, Felipe Kalil, e dois advogados, João Luiz e Lucas, e, agora, vai curtir a netinha, Catarina, que nasceu recentemente, filha do primogênito, Felipe. Uma princesinha. O avô e a avó, Gláucia, estão babando.

Só tenho uma reclamação a fazer: por que Kalil não nasceu flamenguista, para presidir o meu Flamengo? Tenho certeza de que ele daria títulos e mais títulos ao meu time do coração. Kalil faz muita falta ao futebol, mas sei que ele continua vivo na memória dos torcedores alvinegros, que o seguem como a um Messias. Um dirigente com D maiúsculo, que mudou a história do Atlético. Por isso, faço questão de dizer: o maior e mais vencedor presidente da história do clube. Isso é fato!

Recebo milhares de e-mails perguntando quando Kalil voltará a dirigir o Galo. Acho que não volta, pois seu destino, como eu disse, é a reeleição na prefeitura, e, num futuro próximo, o governo de Minas. Kalil deixou um legado muito bacana. O Atlético é hoje uma instituição respeitada, vencedora e com homens de bem no comando. Gente comprometida com o clube. Eterno presidente, não sou atleticano, você sabe, porém, não há como não torcer para um clube que teve nos seus seis anos de mandato os anos mais gloriosos de sua história. “Valeu, Papai Kalil, diria Ronaldinho Gaúcho”. “Valeu, eterno presidente,” dirá a Massa. Uma pena, porque nos últimos 10 anos ele nunca esteve tão distante do Atlético como agora.

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