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TIRO LIVRE

Juventude x experiência

Quem estará no ataque celeste no domingo, diante do Tupi, pela segunda partida da semifinal do Campeonato Mineiro?

postado em 23/03/2018 10:00 / atualizado em 23/03/2018 08:53

Juarez Rodrigues e Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS

Não é raro a vida nos colocar diante de dicotomias, ideias que se opõem e nos levam, consciente ou inconscientemente, a escolher entre uma ou outra. Eu, por exemplo, gosto de dias ensolarados e de calor, enquanto há quem prefira chuva, vento e frio. Existem os que adoram doce e os que amam salgado. Quem se delicie com um dia de praia e quem ache muito melhor um fim de tarde na fazenda. No futebol, volta e meia os treinadores se veem diante de encruzilhadas, tendo de optar por determinado jogador em detrimento de outro – em muitos desses casos, há razões para apoiar qualquer uma das escolhas. No Cruzeiro, Mano Menezes agora está diante de um desses dilemas técnicos/táticos/físicos e até filosóficos.

Depois de 27 dias, o comandante celeste poderá voltar a contar com Fred, xodó da torcida, artilheiro nato e um dos mais experientes do grupo, no alto de seus 34 anos. O atacante está recuperado da lesão na panturrilha direita que o tirou de combate logo nos primeiros minutos da partida de estreia na Copa Libertadores, contra o Racing, na Argentina. Mas calhou que, justamente agora, Raniel começa a ganhar espaço na equipe, com todo o vigor de seus 21 anos, mas não tendo apenas a juventude como trunfo – a seu favor também tem muita técnica e faro de gol apurado.

Se por um lado Fred é nome consolidado no cenário nacional e internacional, por outro, Raniel dá sinais de que tem potencial para chegar lá. Se irá tão longe quanto Fred na carreira ainda é cedo para dizer, mas já é possível ver nele qualidades que o credenciam a tal expectativa. E são justamente essas virtudes que ajudam a colocar um ponto de interrogação na questão: quem estará no ataque celeste no domingo, diante do Tupi, pela segunda partida da semifinal do Campeonato Mineiro?.

Neste momento, Fred e Raniel são uma dicotomia tal qual sol e chuva. De um lado está o jogador que nenhum (ou quase nenhum) treinador se arriscaria a deixar no banco. Um atacante que preocupa qualquer defesa, que faz bem o papel de pivô, que sabe se posicionar como poucos na área e parece ter um ímã para atrair a bola. Mas que ainda não engrenou na temporada. Em seu retorno à Toca da Raposa, neste ano, Fred já fez oito jogos, todos como titular, e marcou apenas um gol: o primeiro do Cruzeiro nos 2 a 1 sobre o Tombense, no Ipatingão, pela quarta rodada do Estadual. Somente em três partidas ele não atuou os 90 minutos – deu lugar a Raniel em duas (contra Tombense e Villa Nova) e saiu machucado contra o Racing.

Raniel também tem oito partidas com a camisa celeste em 2018, cinco como titular (uma quando Mano optou por time reserva, diante do Boa, e quatro depois que Fred se machucou), e três gols marcados: um contra o Atlético e os dois do triunfo sobre o Patrocinense, por 2 a 0, nas quartas de final do Mineiro, no Mineirão. Em todos os oito jogos, foi substituído, mesmo tendo balançado as redes e tendo contribuído com assistências para os companheiros. Não é por acaso que o promissor atacante vem ganhando quedas de braços particulares com jogadores bem mais experientes que ele: o grupo celeste também conta com Rafael Sobis, Sassá e Rafael Marques, além de David, que ainda não estreou.

No domingo, com as duas cartas na manga, Mano terá de optar por uma delas. Ou as duas, caso queira surpreender. Se pelo menos publicamente o treinador evita falar em dúvida acerca do titular da posição e até dá sinais de que apostará na volta do veterano, parece que na cabeça do torcedor os últimos acontecimentos geraram incertezas. Enquete que está no ar desde terça-feira, no portal Superesportes, indica preferência dos internautas pelo jovem Raniel, que tem 55% dos votos. Fred aparece com 33%. E 8% dos que votaram acreditam que os dois podem atuar juntos – o que não é lá muito provável, convenhamos.

No início do ano passado, quando esteve diante de dilema parecido no gol celeste, Mano não titubeou ao devolver a vaga de titular a Fábio, que retornava de grave lesão no joelho direito, apesar de Rafael ter dado conta, e muito bem, do recado durante a ausência do camisa 1. Naquele momento, Mano não abriu mão da presença do  recordista de partidas pelo clube. A Rafael couberam os elogios, o agradecimento pelos serviços prestados e a volta à reserva.

Embora Raniel não tenha ficado tanto tempo no time quanto Rafael naquela ocasião, a situação não deixa de guardar algumas semelhanças. Se fizer valer o histórico, Mano de novo vai optar pela experiência, reabrindo as portas para Fred. Com a palavra, o comandante celeste.

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