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TIRO LIVRE

Uma combinação cabalística

Em 134 dias na Cidade do Galo, Tomás Andrade foi notícia pontualmente três vezes. Curiosamente, todas elas envolveram o América e Róger Guedes

postado em 08/06/2018 10:12

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

O argentino Tomás Andrade chegou ao Atlético em 24 de janeiro. Revelado pelo Lanús, comprado pelo River Plate aos 16 anos e comparado a D’Alessandro (que até o indicou ao Internacional), veio credenciado pelas atuações de destaque na Seleção Argentina de base. Em 134 dias na Cidade do Galo, foi notícia pontualmente três vezes. Curiosamente, todas elas envolveram o América e Róger Guedes, numa combinação quase cabalística.

Na estreia, em 18 de fevereiro, em clássico contra o Coelho, Tomás Andrade ficou apenas 10 minutos em campo, mas deixou boa impressão ao dar passe para dois dos três gols alvinegros – um deles marcado por Róger Guedes. Em 9 de abril, discutiu com Róger Guedes durante treino na Cidade do Galo. O clima esquentou tanto que eles tiveram de ser separados pelos companheiros. E ontem, contra o América, no Independência, fez seu primeiro gol com a camisa alvinegra (que foi também seu primeiro gol como profissional), depois de passe de... Róger Guedes!

É evidente que há uma certa energia circulando entre os três. Opostas. Complementares. Tipo yin e yan. Preto e Branco. Por princípio, uma sinergia alvinegra, que o alviverde não tem conseguido dissipar. Em quatro partidas nesta temporada, são quatro triunfos atleticanos. Uma supremacia em campo confirmada pela diferença no poder de fogo das equipes nesses clássicos: o Galo fez nove gols; o Coelho, apenas um – justamente o de ontem.

Por esse histórico, o resultado não causa nenhuma surpresa. Talvez o momento dos times fizesse supor um maior equilíbrio, já que o América vinha de atuações mais consistentes. Porém, ontem à noite, não ameaçou o Atlético com muita contundência. Para o objetivo do Coelho, de se manter na elite, a derrota no clássico não é um ponto fora da curva.

Já para o alvinegro, a vitória era essencial, com reflexos que vão muito além do gramado depois desse 3 a 1. Era o único remédio para aplacar a crise que ensaiava aparecer pelos lados de Lourdes, e que foi aplacada numa reunião a portas fechadas com líderes de torcidas organizadas. A conjunção astral Tomás Andrade-Róger Guedes-América era tudo o que o Galo precisava a esta altura do Campeonato Brasileiro.

Uma década de parceria


Nos últimos 10 anos, o esporte viveu grandes momentos nas Olimpíadas de Pequim’2008, de Londres’2012 e do Rio’2016. Assistiu a confrontos épicos nas Copas do Mundo da África do Sul’2010 e do Brasil2014. O América subiu da Série C de 2009 para a B de 2010 e depois da B de 2017 para a A de 2018 como campeão. O Atlético levou para sua galeria os inéditos títulos da Copa Libertadores’2013 e da Copa do Brasil’2014. O Cruzeiro comemorou o bicampeonato brasileiro (2013/2014) e acrescentou a quinta taça da Copa do Brasil (2017) em sua galeria. Mineirão e Independência ganharam cara nova – além de arquibancada, gramados, vestiários... O mundo se rendeu a fenômenos como Messi, Neymar, Cristiano Ronaldo, Usain Bolt, Marta, Michael Phelps, LeBron James... Os tenistas belo-horizontinos Bruno Soares e Marcelo Melo chegaram ao topo do ranking mundial. O vôlei nacional viu a supremacia celeste nas quadras. Isso tudo e mais um pouco você, caro leitor, acompanhou também aqui, na coluna Tiro Livre, que neste mês de junho completa uma década.

Cá pra nós, nos tempos atuais, de relacionamentos fugazes, não é tão comum assim parcerias sólidas e longevas. Quantos atletas vestem por 10 anos a camisa do mesmo time? Poucos. Talvez possamos contar nos dedos. Por isso, a primeira palavra é de agradecimento a quem tornou esta jornada possível, principalmente os leitores, que sempre tiveram participação ativa nela, com seus elogios e puxões de orelha. Está registrado lá, na primeira edição de Tiro Livre, publicada em 9 de junho de 2008: as portas sempre estariam abertas para a interação, e muitos se fizeram presentes ao longo dessa caminhada.

Como o futebol brasileiro, Tiro Livre fará uma pausa durante a Copa do Mundo, voltando às páginas do Estado de Minas e ao portal Superesportes tão logo seja conhecido o campeão em gramados russos. Até lá!

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