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TIRO LIVRE

Realismo x pessimismo

O Atlético é o Atlético que está aí. E que se pegar uma vaga na Copa Libertadores terá feito bom papel

postado em 31/08/2018 10:00 / atualizado em 31/08/2018 13:25

Bruno Cantini / Atletico

No futebol como na vida, jogar limpo, geralmente, é a melhor das escolhas. Tentar desvirtuar a realidade, fugir dos problemas ou mesmo negar a existência deles não costuma ser decisão das mais acertadas. Dificilmente resulta em alguma solução. Toda essa tese é para mostrar quão mais fácil poderia ser a vida do Atlético se a equipe, com seus objetivos e possibilidades, virtudes e defeitos, fosse vista por um viés mais, digamos assim, realista. Sem subestimar ou superestimar o técnico Thiago Larhi e seus comandados.

A campanha do Galo no Campeonato Brasileiro, e por consequência a sexta colocação, vai ao encontro da trajetória do time nesta temporada. Não está nem abaixo nem acima do que se pode esperar de um grupo que vem sendo muito mexido desde o primeiro mês do ano; de uma equipe que teve sua espinha dorsal desfeita pela saída de jogadores, por negociação ou contusão, na parada durante a Copa do Mundo; e que conta com um treinador em início de caminhada, ainda se formatando, com todos os erros e acertos que fazem parte de qualquer construção profissional.

A defesa vem se afirmando, desde a entrada de Maidana, mas ainda tem um caminho a percorrer até a estabilidade do sistema defensivo como um todo; o meio-campo carece de qualidade de marcação e criatividade na armação e o ataque parece ser dependente demais de Ricardo Oliveira, que não tem substituto à altura no grupo.

A irregularidade no campeonato é fruto de todo esse conjunto de fatores, e, portanto, natural. A tendência é que seja assim também no returno do Brasileiro – e aqui não vai uma análise pessimista, como muitos podem interpretar. É nada mais, nada menos que uma avaliação realista. Sem exercício barato de futurologia ou pretensão de adivinhar o que vem por aí. É tão somente uma projeção futebolística.

O alvinegro não é essa Brastemp toda que muitos pintam quando engata duas vitórias seguidas, nem a terra arrasada que fazem quando vem uma derrota como aquela para o Vitória, no Barradão. O Atlético é o Atlético que está aí. E que se pegar uma vaga na Copa Libertadores terá feito bom papel, em função de todas essas circunstâncias.

Falar em título, como fez a diretoria em vários momentos da competição e até como fazem alguns jogadores, é colocar sobre esse grupo uma pressão desproporcional e até desnecessária. É passar para a torcida um cenário distante da realidade. Induzi-la a imaginar um objetivo que, friamente falando, não deveria nem ser estabelecido para este ano. Se a temporada é de contenção de despesas, de foco na construção do estádio, que seja esse o discurso dos dirigentes. E que seja esperado o melhor que a equipe possa produzir.

Matematicamente, a distância de 11 pontos do Galo para o São Paulo, líder do Brasileiro, não é impossível de ser tirada nas próximas 17 rodadas. O que não quer dizer, no entanto, que seja provável, factível. Até voltar a se encontrar como equipe (o que Thiago Larghi havia conseguido nas rodadas que antecederam à pausa para o Mundial), o Atlético vai viver de altos e baixos. É o preço a pagar.

Vencer o Corinthians amanhã, no Itaquerão, é possível, até porque o time paulista vai entrar em campo baqueado pela eliminação dramática na Copa Libertadores, quando venceu o Colo-Colo, em casa, mas ficou a um golzinho da vaga. Mas não será garantia de nada. Vai ser apenas mais um passo.

É claro que num esporte permeado de paixão como o futebol, análises práticas não costumam empolgar muito. Mas ser realista não significa ser pessimista. Significa ver o copo meio cheio/ meio vazio como ele é: com o líquido pela metade. Simplista até demais. E o futebol talvez seja mais simples do que muitos imaginam ou pregam.

A partir da próxima semana, Tiro Livre fará uma pausa de férias e retorna em outubro. Até lá então!

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