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LUíS COSTA PINTO

O risco do Brasil na Bolívia

postado em 05/04/2013 11:19

Este amistoso do Brasil contra a Bolívia, amanhã, em Santa Cruz de La Sierra, é um lance de alto risco para a biografia de Luiz Felipe Scolari.

Felipão nem venceu, nem convenceu, nos três primeiros jogos à frente da Seleção. Apesar de ter mantido a equipe reunida por uma semana, entre a partida contra a Itália e o embate ante a Rússia, o time jogou melhor contra os italianos do que contra os russos.

Para um grupo que necessita evoluir, urgentemente, até a Copa das Confederações, competição que urge vencer, ter uma queda inequívoca de desempenho, entre dois jogos tão próximos, é um desalento.

Agora, só atletas que atuam no Brasil vão desembarcar na rara e inusual cidade boliviana, localizada em uma planície. Santa Cruz de La Sierra está a 416 metros de altitude, ou seja, é menos elevada do que Brasília. Logo, más atuações não contarão com o beneplácito da desculpa da falta de fôlego, em razão da altitude andina.

Os laterais convocados são fracos, sobretudo Douglas, do Náutico, chamado a vestir a camisa amarela do Brasil, pela primeira vez, em razão de um lobby pesado do novo técnico das divisões de base da CBF, Alexandre Gallo, que era técnico do alvirrubro pernambucano até há três meses. A falta de opções de Felipão e o recurso ao inexperiente Douglas (tomara que eu queime a língua e ele justifique inequivocamente a convocação) revelam a carência de craques em uma posição em que já tivemos a exibir Zagalo, Nilton Santos, Carlos Alberto Torres, Leandro, Júnior, Roberto Carlos, Cafu e, até mesmo, o excepcional Maicon de 2010.

Creio que os volantes titulares serão Ralf e Paulinho, claro, e que Ronaldinho Gaúcho e Neymar terão Leandro Damião como referência no ataque. Damião faz mais o estilo do técnico brasileiro do que Alexandre Pato. Mas e se o time não engrenar?
Se o Brasil não engrenar amanhã, diante da vice-lanterna das Eliminatórias sul-americanas, meus caros amigos, o caldo vai entornar no minestrone de Scolari.

Em 1993, a Bolívia foi o sparring ideal e oportuno para Carlos Alberto Parreira iniciar a trajetória de virada até o tetracampeonato mundial nos Estados Unidos. Depois de uma inédita derrota em La Paz, pelas Eliminatórias, recebemos os bolivianos para o jogo de volta da competição, no Recife, e o Brasil aplicou um sonoro 5 x 0 que lavou a alma de todos.

Os ecos da goleada do Recife, em 1993, precisam ser ouvidos, amanhã, em Santa Cruz de La Sierra. Felipão é o melhor nome brasileiro à disposição do comando técnico da Seleção. As duas Copas — das Confederações, que não vale nada, e do Mundo, que vale o resgate de 200 milhões de almas — estão aí. Que nosso time, mesmo estando repleto de tapa-buracos, engrene de vez.