None

DA ARQUIBANCADA

Os brutos também amam

"Mulheres nem se fala, mas o que teve de marmanjos barbados se abraçando e chorando não estava previsto no Manual do Machão"

postado em 26/11/2017 12:00

Leandro Couri/EM/D.A Press
Sábado, 25/11/2017. Com direito a recorde de público no Independência, ao derrotar o esquema Rede Globo/CBF e o CRB por 1 a 0, o América honrou sua história e emocionou seus apaixonados e fiéis torcedores com a conquista do título de campeão da Série B de 2017. Sem a ajuda de árbitros e bandeirinhas para marcar pênaltis inexistentes a seu favor e anular gols legítimos de adversários, o Coelhão é campeão de verdade, na bola e na categoria. Coeeeeeeelho!

Com seu futebol tático e coletivo, o América surpreendeu a todos que não acreditavam nessa façanha, incluída aí a grande imprensa de Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul e, infelizmente, alguns jornalistas e radialistas de Minas Gerais. Campanha brilhante. Com 73 pontos ganhos, é o time com o maior número de vitórias (20); o que menos perdeu (apenas cinco derrotas em 38 jogos!); o que teve a defesa menos vazada (25); e o quarto melhor ataque, com 46 gols. Título merecidíssimo. Coeeeeeeelho!

O 0 a 0 no primeiro tempo deixou o torcedor americano no suspense. A cerveja no intervalo desceu aos pulos, sobressaltada. Felizmente, aos 20min do segundo tempo, Rafael Lima fez o gol que seria o do título. Nesse momento, a torcida passou de nervosa a sorridente. Ainda assim, 1 a 0 era pouco: vai que o juizão dá um pênalti a favor do CRB e o jogo fica empatado? Mas o sufoco passou e acabou tudo bem. Ufa! E mais de 22 mil americanos festejaram aos gritos de “É campeão”!, “Bicampeão”!

Sim, o momento é de pular de alegria, de curtir o título de campeão, de festejar e comemorar muuuuuuuito. Porém, segunda-feira, 27 de novembro, é dia de os dirigentes recém-eleitos começarem a planejar o ano de 2018 e a agir com firmeza e sabedoria na contratação de bons jogadores para qualificar ainda mais esse grupo vitorioso. E para que a tristeza de 2016 não se repita, têm a obrigação de montar uma equipe capaz de ser, estar, permanecer, ficar na Série A por muitos e muitos anos. De preferência, para sempre. Coeeeeeeelho!

Grana nas mãos os dirigentes vão ter: 1) Cota de TV em torno de R$ 40 milhões; 2) Recebimento de R$ 4,8 milhões da segunda parcela pela venda de Richarlison para o Watford; 3) Verbas de empresas patrocinadoras; 4) Venda de camisas e outros apetrechos esportivos com as cores do clube e a marca AFC; 5) Aumento do número de sócios-torcedores; 6) Aumento de público e renda nos jogos da Série A, no Independência; 7) Valores advindos da exploração do shopping Boulevard e de outros empreendimentos; 8) Verbas de participação no Campeonato Mineiro e na Copa do Brasil. Creio que podemos falar de um orçamento em torno de R$ 60 milhões. Ou mais. Não é pouco. Bem administrado, o América tem tudo para fazer boa campanha e jogar a Primeirona em 2018, 2019, 2020, 2021 e mais. Coeeeeeeelho!

O América tem história, tem estádio, tem torcida e tem estrutura para continuar na chamada elite do futebol brasileiro. Para isso, basta que seus dirigentes usem a inteligência e que seu treinador monte uma equipe técnica, forte e com espírito vencedor. Percebendo que está tudo certo dentro e fora de campo, o torcedor vai apoiar. Coeeeeeeelho!

De volta ao jogo. Enfim, Luiz Flávio de Oliveira soprou o apito final. O América é campeão! Bicampeão! Mulheres nem se fala, mas o que teve de marmanjos barbados se abraçando e chorando não estava previsto no Manual do Machão. É verdade, rapaz: os brutos também amam. Coeeeeeelho!!! De minha parte, só digo o seguinte: se morrer amanhã, morrerei feliz.