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DA ARQUIBANCADA

América na boca do inferno

"É natural procurar explicações para a desgraça que agora se anuncia a cada rodada"

postado em 26/10/2018 10:34 / atualizado em 26/10/2018 10:53

Mourão Panda / América

Pode ser que você não tenha notado, mas existem muitos infernos no nosso dia a dia. Por exemplo: uma pessoa sentir fome e não ter dinheiro para comprar um PF; sem recursos para pagar uma escola privada, os pais não conseguirem vaga para seu filho estudar em escola pública; um vira-lata de rua, com muita sede, não conseguir ninguém para lhe oferecer uma vasilha com água; o América estar na Série A e, por pura incompetência, cair para a Série B.

A Série B é uma espécie de inferno. Por quê? Porque só traz coisas ruins para qualquer clube de futebol no Brasil, com prejuízos gigantescos e sofridos em tudo. O clube diminui seu status futebolístico; entristece o seu torcedor; perde moral com a imprensa nacional e internacional, com a CBF, com os árbitros, com os adversários locais e nacionais e com os patrocinadores; e perde muito dinheiro com a diminuição do valor de sua cota de TV. Um inferno!

Ainda que os resultados da rodada tenham ajudado o América a não cair de vez no buraco, caminhar à beira do abismo dá medo e preocupa o torcedor. Ele cofia a barba e troca ideias com os craques do seu time de futebol de botão: “Que coisa! Acho que me enganei e perdi o rumo sem precisar me embebedar: pensava que paixão tinha tudo a ver com prazer, mas estou vendo que, ao torcer pelo América, paixão rima é com sofrer”. Sem vencer há sete jogos, com duas derrotas e cinco empates, de empate em empate o time vai se afastando aos poucos de seu modesto objetivo de permanecer na Primeira Divisão. E, infelizmente, se aproximando da desdentada e fedorenta boca do inferno.

É natural procurar explicações para a desgraça que agora se anuncia a cada rodada. O difícil é encontrá-las sem que se perca o equilíbrio na análise, no julgamento dos envolvidos e na atribuição das responsabilidades pela “conquista” do infortúnio. Quando Enderson Moreira saiu, o presidente Marcus Salum errou ao entregar o cargo de treinador ao Ricardo Drubscky? O resultado da decisão foi negativo, com dois jogos e duas derrotas. O presidente Marcus Salum acertou ao resgatar Adilson Batista do limbo e entregar a ele o cargo de treinador do América em substituição a Drubscky? O resultado da decisão ainda está sendo pesado na balança: Adilson estreou, na 15ª rodada, com vitória por 2 a 1 sobre o Internacional. No total, em 16 jogos, foram quatro vitórias, oito empates e quatro derrotas, com 20 pontos conquistados em 48 disputados. Aproveitamento de 41,66%.

Detalhe interessante: com Adilson Batista, em jogos contra os chamados “clubes grandes” brasileiros, o América só foi derrotado pelo Botafogo. O Coelhão venceu Internacional, Santos e Vasco e empatou com Palmeiras, Fluminense, Flamengo, São Paulo, Corinthians, Atlético-MG e Grêmio. O que atrapalhou foram as derrotas para Bahia, Vitória e Atlético-PR e o empate em casa com o Ceará. Vamos voltar a vencer para ficar na Série A, Adilson Batista?

P.S. – Sou contra tortura e torturadores. Contra violência no futebol, nas ruas e na eleição.

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