“O sonho acabou.
O Brasil, do técnico Telê Santana, precisava apenas do empate para ir à final, mas os três gols de Paolo Rossi frustraram uma das gerações mais talentosas das Copas. “Tínhamos que ter a humildade de chegar e falar: ‘olha, vamos jogar pelo empate que nós vamos passar’. E isso não aconteceu pela qualidade dos jogadores, da maneira que jogava, sempre procurando vitórias e isso não aconteceu nesse jogo”, analisa o zagueiro Luizinho, à época no Atlético, titular nas cinco partidas do Brasil na Espanha.
Depois de maravilhar o mundo com a campanha impecável no México, em 1970, o Brasil amargou um jejum de 24 anos até voltar a levantar a taça, nos Estados Unidos. Nesse período, algumas das gerações mais brilhantes dos clubes brasileiros passaram em branco. Luiz Pereira e Leivinha, da segunda academia de futebol do Palmeiras; Luizinho, Cerezo, Reinaldo e Éder, do Atlético; Leandro, Júnior e Zico, campeões mundiais com o Flamengo, são alguns dos muitos exemplos.
Na Alemanha’1974, Zagallo manteve no time titular três jogadores da campanha vitoriosa de quatro anos antes: Piazza (Cruzeiro), Rivellino (Corinthians) e Jairzinho (Botafogo). A eles se juntaram jovens promissores, como os laterais Marinho Chagas (Botafogo) e Nelinho (Cruzeiro), que foi chamado pela primeira vez para a Seleção três meses antes do Mundial.
“Em julho de 1972, eu era reserva do Remo. E, em dois anos, eu fui de reserva do Remo a jogador do Cruzeiro e convocado para uma Copa do Mundo.
O lance inesquecível do lateral cruzeirense, entretanto, ocorreria quatro anos mais tarde, no Monumental de Nuñez, em Buenos Aires. Aos 19min do segundo tempo da decisão do terceiro lugar, contra a Itália, ele recebeu a bola na direita, ajeitou e chutou com tanta força que a bola fez uma curva improvável e entrou no canto direito de Dino Zoff.
“Em 1978, eu achei que poderíamos ter jogado, pelo menos, a final da Copa do Mundo. O grande pecado foi contra a Argentina. O banco desse dia era eu, Edinho, Zico e Rivellino, nós quatro. A comissão técnica entendia que empate era bom resultado, eu não entendia assim. Eles temiam a gente. Na rodada final, eles entraram em campo sabendo do resultado que precisavam e venceram o Peru por 6 a 0. Saímos invicto, mas não ganhamos nada”, lembra Nelinho.
Confusões na Toca I
A derrota na Espanha até hoje é lembrada como uma das mais dolorosas da história da Seleção Brasileira. Telê Santana conseguiu reunir o talento de Waldir Peres, Leandro, Oscar, Luizinho, Júnior Falcão, Zico, Sócrates, Serginho, Éder, além de reservas de luxo como Edinho, Paulo Isidoro e Dirceu.
Entre a Copa da Espanha e do México, o Brasil teve três treinadores: Carlos Alberto Parreira, Edu (irmão de Zico) e Evaristo de Macedo. Telê voltou ao comando em 1985 e, às vésperas do Mundial, precisou lidar com uma grande polêmica.
No México, mesmo com remanescentes da Copa da Espanha, como Júnior, Falcão, Sócrates e Zico, o Brasil parou nas quartas de final, nos pênaltis, na primeira de três eliminações para a França em 20 anos. O jejum do Brasil continuou no Mundial seguinte, na Itália, quando a Seleção de Sebastião Lazaroni caiu para a Argentina nas oitavas de final.